Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 44

44 | CONCRETO & Construções | Ed. 93 | Jan – Mar • 2019
tempo (“
as is
”), com precisão milimé-
trica de todos os detalhes geomé-
tricos do objeto de estudo em uma
nuvem de pontos colorida (Figura 9).
Para se obter uma nuvem de pon-
tos que represente com precisão to-
dos os detalhes de uma obra de arte,
é necessário realizar alguns escanea-
mentos em diferentes posições, evi-
tando assim possíveis pontos cegos.
Após a coleta de dados no campo,
os diferentes escaneamentos serão
processados e convergidos em uma
nuvem de pontos (Figura 10).
Em inspeções para manutenção é
possível usar a nuvem de pontos para
verificar, entre outras possibilidades, as
deformações geométricas, fissuras e a
aparência externa do concreto.
Com modelo BIM pode-se extrair
quantitativos de volume de concreto,
área de formas, lista de armaduras,
resumo de aço, desenhos técnicos de
planta e corte da obra de arte, além
de desenhos de forma e armadura
de cada elemento de concreto arma-
do (Figura 11). O modelo 3D também
pode ser associado a informações de
planejamento e cronograma de obra,
permitindo assim ter uma visualização
ao longo do tempo do desenvolvi-
mento do empreendimento.
Unindo a tecnologia de escanea-
mento a laser com a metodologia
BIM, pode-se comparar o mundo
real digitalizado, em uma nuvem de
pontos, com o modelo virtual do pro-
jeto. Com isso, é possível gerar um
comparativo real entre o construído e
o projetado nas tolerâncias exigidas,
podendo assim auditar cada etapa
da construção ou reforma.
4. ONDE ESTE VOLUME DE
INFORMAÇÕES NOS LEVARÁ?
Novos projetos com elevado ní-
vel de detalhes, associado à coleta
de dados de obras existentes, mais
o monitoramento de estruturas em
tempo real, transportará as cidades
para o mundo digital com um grande
volume de dados. Praticamente tudo
pode ser simulado, trazendo mais se-
gurança para as decisões a serem to-
madas e uma evolução exponencial.
Outro paradigma a ser quebrado
é o círculo vicioso da baixa qualifica-
ção da mão de obra. Todos reconhe-
cem o fator histórico da migração do
campo para as cidades e a utilização
desta mão de obra na construção civil.
Todavia, a perpetuação deste quadro
tem efeitos negativos tanto para o seg-
mento quanto para a mão de obra: o
segmento sofre com os desperdícios e
a baixa qualidade, enquanto os traba-
lhadores, com baixos salários, não in-
vestem em seu aperfeiçoamento, nem
de seus descendentes, perpetuando a
baixa qualificação por gerações.
Um exemplo de quebra de para-
digma deu-se no estado de São Pau-
lo, quando da proibição da queima
da cana de açúcar e a impossibilida-
de do corte manual. Durante os anos
que antecederam a entrada em vigor
dessa lei, o estado investiu na requa-
lificação desses trabalhadores para
que pudessem mudar de segmento
de trabalho.
As empresas do segmento da
construção também devem fazer sua
parte e qualificar a mão de obra, hoje
já acostumada à tecnologia, ten-
do em vista que grande parte dos
trabalhadores usam smartphones
com habilidade.
[1]
#
[2]
e
[3]
u
R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S
u
Figura 11
Ponte finalizada (
a
) e modelo
BIM de obras de arte (
b
e
c
), com
nível de detalhamento completo
de armaduras e insertos
metálicos necessários para
a construção do projeto, usando
software
Tekla Structures
a
b
c
1...,34,35,36,37,38,39,40,41,42,43 45,46,47,48,49,50,51,52,53,54,...88
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