Revista Concreto & Construções - edição 92 - page 39

CONCRETO & Construções | Ed. 93 | Jan – Mar • 2019 | 39
u
industrialização da construção
Jornada para a Construção 4.0
1. INTRODUÇÃO
O
setor da construção no
Brasil passou por uma
séria crise nos últimos
anos. Para acelerar o crescimento
do setor é necessário quebrar pa-
radigmas, profissionalizar a força de
trabalho e modernizar o segmento.
A implementação do BIM (Mo-
delagem da Informação da Cons-
trução) é um passo acertado nesta
direção, mas não é o único, tam-
pouco é suficiente para garantir a
arrancada da indústria da constru-
ção no Brasil. É preciso estabelecer
um processo de melhoria contínua,
agregando outros elementos, pré e
pós BIM, para que a modernização
traga benefícios reais para todos os
elementos da cadeia produtiva.
O título “Jornada para a Constru-
ção 4.0” representa esse processo
de melhoria contínua, no qual ao lon-
go do caminho são implementados,
gradativamente, processos criados
especificamente para o segmento da
construção e trazidos exemplos de
outros segmentos (Figura 1).
Comparando com a indústria
automotiva: antes do estudo de
tempos e movimentos de Taylor, os
carros eram produzidos de maneira
artesanal, em pequenos volumes, em
processos demorados e com muito
desperdício. A partir da implemen-
tação das teorias de Taylor, surgiu o
icônico Ford T, preto, com a vanta-
gem de ser produzido em larga es-
cala, provocando assim a diminuição
do custo, mas com a desvantagem
da falta de opções (modelo padroni-
zado de carro). A evolução dos pro-
cessos passou pelo aumento de op-
ções, que, no início dos anos 2000,
no Brasil, trouxe a produção de veí-
culos semicustomizados, adquiridos
por meio do site da montadora. Esse
processo de produção era integrado
aos fornecedores, que enviavam as
partes do veículo a ser produzido em
poucos dias por um sistema logístico
de “
milk run
” (denominamos
Milk Run
como um sistema de coletas pro-
gramadas de materiais, que utiliza
um único equipamento de transpor-
te, normalmente de algum Operador
Logístico, para realizar as coletas em
um ou mais fornecedores e entregar
os materiais no destino final, sem-
pre em horários pré-estabelecidos).
Atualmente, esse processo de cus-
tomização chegou aos veículos pro-
duzidos por meio de impressão 3D
previstos para 2019, como o
LSEV
(O veículo
LSEV
foi desenvolvido
pela startup chinesa
Polymaker
em
parceria com a italiana
XEV
: Tirando
o chassi, as baterias, os vidros e os
bancos, tudo no carro é impresso em
3D pela
Polymaker)
.
No segmento da construção, a
pré-fabricação foi usada para re-
construir a Europa pós-guerra e
atender ao aumento da taxa de nata-
lidade (
Baby Boom
) nos EUA, em his-
tória muito semelhante à da indústria
automobilística, com vantagens de
rapidez, redução de custos e des-
perdícios, e a desvantagem de limitar
opções, de maneira bastante similar
ao estudo de tempos e movimentos
de Taylor.
A caminhada para a Construção
4.0 implica no aumento gradativo
da pré-fabricação, com a substitui-
ção da fabricação “
in loco
”, trazen-
do os benefícios da produção em
FÁTIMA GONÇALVES – D
iretora
S
tructures
T
rimble
u
Figura 1
As diferentes revoluções industriais ao longo do tempo
1...,29,30,31,32,33,34,35,36,37,38 40,41,42,43,44,45,46,47,48,49,...88
Powered by FlippingBook