Revista Concreto & Construções - edição 91 - page 24

24 | CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018
lei). Ao mesmo tempo, se percebeu
uma grande heterogeneidade na
qualidade e consistência dos laudos
emitidos. Em muitos casos, os laudos
eram feitos sem base técnica e, em
alguns casos, dada sua precariedade,
acabavam simplesmente cumprindo o
requisito legal, deixando de contribuir
para a gestão de riscos de falhas. Um
exemplo claro foi a queda de uma
outra marquise no centro, que havia
sido objeto de laudo de inspeção
somente um ano antes, sem que
fosse apontado nenhum problema
ou demanda de conservação, apesar
do processo corrosivo avançado.
Isso levantou sérias dúvidas sobre
a eficiência do sistema. Buscando
coletar mais dados sobre esse
aspecto, minha equipe de pesquisa,
com apoio da própria prefeitura,
analisou mais de 1500 laudos. Desses,
cerca de 600 apresentavam uma
estrutura considerada minimamente
satisfatória e, mesmo nesse
subconjunto, havia sensíveis variações
no tipo e qualidade dos dados e
análises reportados. Esse quadro
indica que, de fato, será um desafio
assegurar que o esforço de inspeção
seja efetivo na redução de riscos e
justifique o tempo e os recursos gastos
em sua realização. Para tanto será
fundamental assegurar uma qualidade
média mais elevada dos laudos, o que
não será assegurado somente com a
fiscalização. Sabemos que a maioria
das prefeituras apresenta dificuldades
de efetuar uma fiscalização efetiva da
entrega dos laudos e que nenhuma
delas provavelmente teria condições
logísticas e técnicas de avaliar
a qualidade de todos os laudos
recebidos. Por isso, a existência
de uma norma de inspeção é tão
importante. A norma estabelece um
padrão e ajuda a evitar que laudos
ruins e incompletos sejam emitidos. Ela
ajuda o cliente a entender que tipo de
resultado deve e pode ser esperado.
Ela orienta os profissionais menos
experientes sobre o que deve ser
contemplado numa inspeção, fazendo
com que os mesmos entendam
melhor suas responsabilidades. A
norma não pode garantir a qualidade
do resultado, mas ajuda a reduzir a
indústria de laudos, ao definir escopo,
demandar resolubilidade e indicar
como efetuar a coleta de dados. Claro
que, em paralelo, vai ser fundamental
um esforço de capacitação de
inspetores e de esclarecimento dos
clientes sobre o que é uma inspeção
predial adequada. Acho que o sistema
vai se ajustar quando os condomínios
começarem a contratar empresas
e profissionais especializados para
efetuar a gestão da conservação
das suas edificações, o que acredito
será um movimento necessário e
natural num futuro próximo. Dadas
as responsabilidades atuais ligadas
à manutenção e inspeção, os
síndicos e responsáveis vão cada vez
mais necessitar de assessoria para
cumprir todas as responsabilidades
e manter um plano de manutenção
e inspeção adequado e compatível
com as exigências normativas. Essa
“engenharia do cliente” durante a
fase de uso, que possivelmente será
ofertada por imobiliárias ou por firmas
especializadas, vai acabar sendo o
maior fiscal da qualidade dos laudos
de inspeção. Tenho esperança que,
com essa nova realidade, aos poucos
se valorizem os bons profissionais e se
estabeleçam demandas de qualidade
e faixas de remuneração adequadas
para que o sistema de inspeção predial
possa funcionar adequadamente.
IBRACON
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universidades
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e
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técnicas
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– Acredito
que as universidades e as associações
profissionais têm uma grande
contribuição a prestar, tanto na geração
e disseminação de conhecimento
para subsidiar as inspeções prediais,
quanto na formação e capacitação
contínua dos profissionais. O
Programa Edificação + Segura é uma
importante iniciativa nesse sentido,
pois se propõe a gerar material para
capacitação e suporte a inspetores
e usuários, ajudando a reduzir riscos
associados a falhas. Inicialmente o
programa focou no desenvolvimento
de um curso específico para formação
de engenheiros especializados em
A NORMA [DE INSPEÇÃO PREDIAL]
ESTABELECE UM PADRÃO E AJUDA
A EVITAR QUE LAUDOS RUINS E
INCOMPLETOS SEJAM EMITIDOS
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