Revista Concreto & Construções - edição 91 - page 18

18 | CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018
TOTEN
acontece com os carros, a manutenção
(hoje em dia claramente definida em
nível internacional como a parcela das
atividades de conservação que são
especificadas pelo projetista, para que
se assegure que a vida útil de projeto
seja atingida e superada) é vital para
assegurar que tenhamos um bom
desempenho e menos problemas com
nossas edificações. Lembro, aliás, que
muitas edificações unifamiliares não
estão cobertas pelas normas atuais
que regram a manutenção, mas que
as mesmas também se deterioram e
demandam atenção. Especialmente
porque nosso estoque de edificações
começa a atingir idades mais elevadas,
quando problemas patológicos são
mais comuns.
Já no tocante à inspeção, temos um
quadro mais delicado. Desde 1988,
quando a primeira Lei de Inspeção de
Elementos de Fachada foi promulgada
em Porto Alegre, após a tragédia da
queda de marquise de uma loja da
Arapuã, no centro da cidade, com 9
mortos e 10 feridos, leis se espalharam
pelo país, inicialmente voltadas para
fachadas e, depois da queda do Edifício
Liberdade, no Rio de Janeiro, com
foco em inspeção predial. A maioria
é municipal, mas já existem alguns
estados, como Pernambuco, com leis
estaduais (em parte estimuladas pela
descoberta de várias fundações com
deterioração por processos de reação
álcali-agregado (RAA), nesse caso). Mas
falta uma norma que estabelecesse o
escopo e estrutura padrão para uma
Inspeção Predial. Muitas leis, criadas
por não especialistas e após falhas
traumáticas, acabaram incorporando
critérios ou demandas inviáveis e
inadequadas. Há leis que falam em
atestar solidez e segurança. Isso é
impossível numa inspeção predial
rotineira, que é fundamentalmente
visual e que não vai analisar muitos
elementos ocultos, que seriam técnica
ou economicamente inviáveis de
acessar. Deve-se compreender que a
Inspeção é fundamental para reduzir
riscos, detectar problemas mais cedo
e monitorar o processo de variação
do desempenho no tempo, mas ela
não vai pode garantir que não haja
nenhum problema oculto. Ela vai
garantir, quando bem executada, que
não há nenhum sinal ou sintoma que
indique a existência de problemas
patológicos ou anomalias estruturais
ou de desempenho significativas. Por
isso, existe uma grande expectativa
no meio sobre a emissão da Norma
de Inspeção Predial, na qual estive
envolvido nos últimos anos. Acho que
conseguimos gerar uma proposta de
norma interessante, que harmoniza
e gera um consenso entre visões
distintas, podendo ajudar a estruturar
os processos de inspeção em todo
o país.
Decidimos na comissão não
estabelecer um valor de periodicidade
na norma, entendendo que, como
ainda não existe consenso acadêmico
sobre intervalos e idades mínimas
de inspeção, seria mais adequado
Espessura do emboço superior a 30mm, de modo que a argamassa funciona
como um conjunto monolítico independente da base
FALTA UMA NORMA QUE
ESTABELECESSE O ESCOPO E
ESTRUTURA PADRÃO PARA UMA
INSPEÇÃO PREDIAL
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