CONCRETO & Construções | Ed. 91 | Jul – Set • 2018 | 9
PERGUNTAS TÉCNICAS
A
lguns
dos
critérios
de
desempenho
da
norma
NBR 15575
são
de
natureza
qua
-
litativa
ou
são
todos
de
caráter
quantita
-
tivo
? P
or
exemplo
,
os
critérios
“
umidade
ascendente
”, “
sensação
de
conforto
no
contato
com
o
piso
”, “
resistência
à
umida
-
de
”, “
facilidade
de
limpeza
”, “
facilidade
de
reparos
”
e
“
combustibilidade
”
não
podem
ser
avaliados
quantitativamente
,
apenas
qualitativamente
pelos
usuários
?
EDITOR
A norma 15575 estabeleceu, sem-
pre que possível, critérios quantita-
tivos de desempenho, visando nes-
ses casos a eliminar interpretações
subjetivas. Em alguns casos foram
estabelecidos critérios qualitativos, a
maioria com algum tipo de balizamen-
to, mas outros propensos a diferentes
interpretações.
Por exemplo, quando se refere a
“estanqueidade de sistema de pisos
em contato com a umidade ascende”
(item 10.2.1 – Parte 3), a norma chama
atenção para a influência do tipo de
solo / altura do lençol freático no local
da obra, referindo-se ainda às normas
brasileiras sobre impermeabilização
(NBR 9574 e NBR 9575) e estabele-
cendo como métodos de avaliação
a análise de projetos ou até mesmo
inspeções no local. Dessa forma, ao
analista cabe julgar se serão ou não
eficientes os recursos adotados no
projeto (presença de camada drenan-
te, adoção de sistema de impermeabi-
lização sob o contrapiso, sobrelevação
da construção em relação ao nível do
terreno e do lençol freático etc.), sen-
do que, em última instância, a própria
observação in loco demonstrará se foi
ou não positivo o resultado alcançado
com o projeto e/ou com a execução.
No caso de resistência à umidade
(item 14.2.1 – Parte 3), a norma não
parametriza um resultado numérico,
mas estabelece método de avaliação
bem objetivo para os pisos sujeitos à
presença de água, ou seja, “quando
expostos a uma lâmina d’água de 10
mm na cota mais alta, por um período
de 72 h, esses pisos não podem apre-
sentar, após 24 h da retirada da água,
danos como bolhas, fissuras, empola-
mentos, eflorescências, etc.”.
Alguns critérios qualitativos de fato
dão margem a um certo subjetivis-
mo, como a “sensação de conforto no
contato com o piso”, que irá depender
da difusividade térmica do material do
piso (fator quantitativo), mas também
de valores subjetivos de conforto ou
desconforto (variando de pessoa para
pessoa em função da idade, sexo, es-
tado de saúde etc). Relativamente à
“Segurança no contato direto” (item
9.3 – Parte 3 da norma), quando es-
tabelece que “a superfície do sistema
de piso não pode liberar fragmentos
perfurantes ou contundentes”, o que
é contundente para um pode não ser
contundente para outro.
Relativamente à “combustibilidade”
existem ensaios normalizados apli-
cáveis tanto aos materiais para pisos
como para quaisquer outros elemen-
tos da construção, enquadrando-se
aí, por exemplo, a norma NBR 9442
– “Materiais de construção – Deter-
minação do índice de propagação
superficial de chama pelo método do
painel radiante” e a norma ISO 1182
– “
Reaction to fire tests for products –
Non-combustibility test
”.
Na primeira revisão da norma ABNT
NBR 15575, cujo processo de instala-
ção pela ABNT da Comissão de Estu-
dos já foi solicitada pela CBIC – Câmara
Brasileira da Indústria da Construção,
pode-se tentar parametrizar melhor
alguns critérios de desempenho, em-
bora sempre haverá critérios puramen-
te qualitativos e interpretações com
certo subjetivismo.
ERCIO THOMAZ – COMITÊ EDITORIAL
P
ara
não
desenvolvermos
temas
similares
,
mas
sim
complementares
,
gostaria
de
sa
-
ber
qual
é
o
escopo
do
C
omitê
T
écnico
702 – P
rocedimentos
para
ensaios
,
inspe
-
ção
e
avaliação
da
durabilidade
de
estru
-
turas
de
concreto
?
ME. ENGª ADRIANA FALCOCHIO RIVERA
C
oordenadora
do
CT-701 C
omitê
IBRACON
de
I
nspeção
de
E
struturas
de
C
oncreto
Minha modesta experiência na ISO, na
RILEM, na fib, no ACI, na ABNT, no
CYTED e na ALCONPAT, que são en-
tidades voluntárias similares ao IBRA-
CON, e também minha experiência
profissional numa grande construtora
de obras públicas, no IPT e na USP
me ensinaram que nunca funciona
você tentar delimitar campo de ações
a bons profissionais.
Eles não respeitam barreiras nem fron-
teiras e vence aquele que for mais inte-
ligente, mais diplomático, mais político,
mais competente, mais carismático,
mais persistente e obtiver o reconheci-
mento dos pares.
Lembro-me que, uma vez, o Lula,
muito perspicaz e sarcástico, num de-
bate público na TV com um competi-
dor forte, que se intitulava muito mais
preparado e mais competente do que
o Lula para o exercício da Presidên-
cia da República, argumentou: “Real-
mente você é mais competente que
eu porque vive competindo e nunca
ganha a eleição”.
Em outra oportunidade o engenheiro
politécnico Olavo Setúbal, presidente
do ITAÚ, numa cerimônia importan-
tíssima de boas-vindas ao recém-in-
gressados estudantes nas engenha-
rias da POLI/USP, contou que numa
conversa franca e direta com o Bill
Gates, ouviu o seguinte: “Caro Olavo,
seu grupo é fantástico e vocês desen-
volveram um software tão bom quan-
to o meu! Mas a diferença é que eu
sou mais rápido e vou chegar antes
e o seu não vai pegar!”. Setúbal, um
grande vencedor, contou esse fato
com humildade e sabedoria de um
grande líder que sabia reconhecer o
valor de um bom competidor. Con-
cluiu com o seguinte conselho aos
u
converse com o ibracon
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