CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 21
poderiam analisar as soluções de
suas edificações.
IBRACON
– C
omo
inspecionar
estruturas
de
concreto
incendiadas
?
Q
uando
e
que medidas
podem
ser
tomadas
para
sua
reabilitação
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– Tomar
ciência da severidade do incêndio e
do estado dos elementos estruturais.
Verificar a redução de resistência dos
materiais (concreto e aço) de elementos
atingidos pelo fogo, por comparação
com elementos reconhecidamente não
atingidos. Se necessário, deverão ser
feitos ensaios. Deve-se lembrar que
o concreto, geralmente, não recupera
a resistência após o resfriamento,
enquanto o aço pode recuperar (se
não atingir uma temperatura de cerca
de 740ºC) ou não (se ultrapassar tal
temperatura). Se necessário, deve ser
feita análise metalográfica do aço para
determinar se o aço passou ou não da
temperatura citada (função da alteração
da posição relativa dos átomos). Como
veem são algumas decisões a serem
tomadas em função da severidade do
incêndio, por isso recomenda-se que
se consulte um especialistas nessa área
e depois um engenheiro estruturista
para verificar a estrutura. A reabilitação
é similar ao que se faz para estruturas
danificadas à temperatura ambiente.
IBRACON
– C
omo
esse
assunto
da
segurança
contra
incêndio
em
edificações
vem
sendo
tratado
nos
cursos
nacionais
de
graduação
em
engenharia
e
arquitetura
? C
omo
tem
sido
a
formação
dos
engenheiros
e
arquitetos
neste
tema
no
país
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– Até o
momento, eu diria que muito pequena
ou nenhuma. Eu ministro uma disciplina
sobre estruturas em situação de
incêndio, com ênfase no concreto,
para os alunos da Escola Politécnica,
mas é optativa. Ou seja, a maioria de
nossos alunos forma-se sem o devido
conhecimento. No Brasil, estão surgindo
alguns cursos de especialização que
procuram reduzir a falta de informações
na graduação. Espero que, em 2019,
a Escola Politécnica lance um curso
de atualização em proteção passiva na
segurança contra incêndio.
IBRACON
– Q
ue
papel
podem
desempenhar
as
entidades
técnicas
,
como
o
IBRACON,
para
disseminação
do
conhecimento
sobre
segurança
contra
incêndio
em
edificações
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– O
IBRACON poderia fomentar o
desenvolvimento da área, quer
na divulgação a projetistas,
quer no incentivo à pesquisa.
Cursos, palestras, reuniões entre
pesquisadores seriam bem-vindas.
IBRACON
– E
ntre
projetos
de
novas
construções
,
de
reabilitação
e
de
retrofit
,
quais
foram
os mais
relevantes
e
desafiadores
que
participou
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– Não tenho
atuado em reabilitações, mas nas
novas construções, em vista de falhas
na compartimentação em projeto, é
desafiador encontrar, entre métodos
simplificados, algo que se possa
empregar para resolver os problemas. A
utilização de métodos mais avançados,
embora desejável, leva mais tempo
e, normalmente, não se consegue
aplicá-lo. Então, o que faço é guardar
o problema para futuros mestrados ou
doutorados. Cito dois deles: dimensionar
capitéis de laje lisa em incêndio e efeito
da dilatação de pisos nos pilares.
IBRACON
– Q
uais
seus
hobbies
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– De fato,
não os tenho. Talvez possa citar
assistir a filmes. De resto, dedico-me
às atividades acadêmicas,
atualmente, quase restritas à
segurança contra incêndio.
PROBLEMAS PARA FUTUROS MESTRANDOS
E DOUTORANDOS: DIMENSIONAR CAPITÉIS
DE LAJE LISA EM INCÊNDIO E EFEITO
DA DILATAÇÃO DE PISOS NOS PILARES
“
Equipe do itt Performance/Unisinos
realizando inspeção na estrutura de
concreto armado de uma edificação
após a ocorrência de um incêndio
ACERVO DO itt PERFORMANCE / UNISINOS