CONCRETO & Construções | Ed. 89 | Jan – Mar • 2018 | 17
NA DÉCADA DE 1990 SURGE A PRIMEIRA
NORMA INTERNACIONAL SOBRE O TEMA
[CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO],
O
EUROCODE
“
apenas empregar métodos prescritivos,
sem muita base científica. O segundo
é que o interesse internacional não
era somente sobre o aço. Concreto
e madeira também eram alvos de
estudos no exterior. A partir de então
me interessei em pesquisar o assunto
para vários materiais.
Pela Cosipa, proferia palestras e
elaborava alguns textos sobre aço e
aço em incêndio. Achei que deveria me
especializar mais e comecei a cursar
o Mestrado na Poli. Aproximei-me
novamente da Escola em que havia
me graduado. Depois de algum tempo,
com enorme felicidade, entrei para o
quadro docente da USP, em 1994. Já,
professor da Poli, fiz meu doutorado na
área de estruturas de aço em incêndio.
A partir de 2004, dediquei-me mais
ao concreto em incêndio, no intuito
de elaborar o projeto básico da norma
brasileira ABNT NBR 15200 e divulgar
o tema, por meio de livros, publicações
científicas, cursos e palestras.
Em 1999, iniciei a primeira disciplina
de pós-graduação no Brasil sobre
estruturas em situação de incêndio.
Em 2010, iniciei uma disciplina optativa
para a graduação, também pioneira no
Brasil. Nesta, quase todo o conteúdo é
voltado para o concreto.
IBRACON
– Q
uando surgiram as primeiras
preocupações com o comportamento
do concreto sob ação do
fogo
? O
que
motivou
essas primeiras
investigações
?
Q
uais
foram seus resultados
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– Em 1899,
Freitag publicou
o resultado de
uma série de
ensaios sobre aço
e concreto a altas
temperaturas.
Ele observou
a redução de
resistência
do concreto,
porém, como o
concreto naquela
época não era
empregado
em estruturas
importantes, o
assunto não foi
considerado.
Em 1948, Morch
escreve interessante artigo alertando
para a necessidade de verificação
de estruturas de concreto armado
em incêndio, associando-a apenas à
armadura no seu interior. Na década
de 1960, começaram experiências
e estudos, ainda que simples, sobre
concreto em incêndio, realizados por
pesquisadores suecos. Finalmente,
na década de 1990, surge a primeira
norma internacional sobre o tema, o
Eurocode
. A minha preocupação
vem desde esse período, pois não
havia normas brasileiras sobre o
tema. Na década de 1990, surgiram
os projetos de normas europeias.
Com base nelas, dediquei-me,
prioritariamente, à norma sobre o aço
e, em seguida, sobre o concreto. Há
anos havia exigências de resistência
ao fogo das estruturas de concreto,
no entanto, não havia normas ou
livros brasileiros para auxiliar o
projetista a cumprir a legislação.
IBRACON
– C
omo
e
quando
essas
preocupações
e
resultados
de
estudos
evoluíram
para
recomendações
de
segurança
contra
incêndio
e
para
normas
técnicas
sobre
o
tema
?
V
aldir
P
ignatta
e
S
ilva
– Como disse,
em 1988 iniciei meus estudos sobre
o tema. Em 2004 surgiu a norma
brasileira ABNT NBR 15200:2004. Foi
um grande avanço. Entretanto, com o
uso dessa norma, notou-se que havia
necessidade de incrementá-la com
outros procedimentos. Eu e minha
equipe passamos a nos dedicar ao
concreto em incêndio quase em tempo
Ensaio de resistência ao fogo em parede de concreto
realizado no IPT
LABORATÓRIO DE SEGURANÇA AO FOGO E A EXPLOSÕES / IPT