Revista Concreto & Construções - edição 86 - page 83

CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 83
película de passivação. As referidas
retas representam a região de esta-
bilidade da água, sendo que acima
delas é o domínio do oxigênio e abai-
xo, o do hidrogênio. As armaduras
com produtos de corrosão sobre sua
superfície, antes de serem concre-
tadas, ao entrarem em contato com
a matriz cimentícia altamente alca-
lina, podem dar origem à formação
de uma película passivante espessa
de ferrita de cálcio (óxido duplo de
cálcio e ferro), resultante da combi-
nação da ferrugem superficial da ar-
madura com o hidróxido de cálcio da
pasta de cimento (BASÍLIO, 1972).
Esta reação é representada pela
Equação 1.
[1]
2 Fe(OH) + Ca(OH) → Ca(FeO ) + 4H O
3
2
2 2
2
O diagrama também mostra a re-
gião de imunidade do ferro, onde o
potencial de eletrodo é menor que
-0,6 V em relação ao eletrodo pa-
drão de hidrogênio. Quando a arma-
dura permanece nessas condições,
ela não reagirá com o meio, qual-
quer que seja sua natureza (ácida,
neutra ou alcalina).
As duas regiões da extrema es-
querda e direita do Diagrama de
Pourbaix, principalmente a da es-
querda, representam as situações
onde pode ocorrer corrosão do fer-
ro. Para as estruturas de concreto
convencionais, a película passivado-
ra é desestabilizada pela diminuição
do pH do concreto a valores infe-
riores a 9,0, devido ao processo de
carbonatação, ou devido à presença
de cloretos livres no concreto na po-
sição da armadura.
3. METODOLOGIA
EXPERIMENTAL
A metodologia aplicada neste
trabalho teve como objetivo avaliar
o comportamento dos aços CA24
(antigo) e CA50 (atual) durante o
processo de passivação, simulando
a situação em que os dois tipos de
aços estarão imersos em concreto
não contaminado por cloretos e não
carbonatado, após a realização de
recuperação ou de reforço.
Nos experimentos foram em-
pregadas barras de aço carbono
de classificação CA 24 e CA 50 de
diâmetro nominal de 5mm e 25mm.
Para a caracterização das armadu-
ras, foram feitos ensaios de meta-
lografia e composição química, en-
saios de caracterização da dureza
Vickers e ensaios mecânicos para
caracterização da tensão de esco-
amento e de ruptura, alongamento
e dobramento, obtidos segundo os
preceitos das Normas ABNT NBR
7480:2007, ABNT NBR 6892:2013,
ABNT NBR 6153:1998, para o aço
CA50, e EB-3:1939 (precursora
da ABNT NBR 7480), para o aço
CA24. O ensaio de dureza Vickers
consiste na aplicação de uma de-
terminada carga (P) em um penetra-
dor bastante duro, o qual está em
contato com a superfície do material
a ser testado. No caso da dureza
Vickers, utiliza-se um penetrador
de diamante com a forma de uma
pirâmide quadrangular. As dimen-
sões da marca de penetração (in-
dentação) deixadas na superfície do
material são aferidas com o uso de
microscópio. A partir dessas dimen-
sões é calculada a área superficial
da indentação. O cálculo da dure-
za Vickers (VHN) é definido como a
carga aplicada (P) dividida pela área
superficial da indentação (A), con-
forme Equação 2.
[2]
VHN = 1,854.P A
u
Figura 2
Esquema da distribuição dos corpos de prova
u
Figura 3
Critérios de avaliação da probabilidade de corrosão por meio de medidas
de potencial de corrosão (Ecorr), segundo a ASTM C-876 (1991)
1...,73,74,75,76,77,78,79,80,81,82 84,85,86,87,88,89,90,91,92,93,...100
Powered by FlippingBook