Revista Concreto & Construções - edição 86 - page 36

36 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
irá receber grupos de profissionais, em-
presas e pesquisadores envolvidos com
trabalhos de experimentação e inovação
tecnológica. Suas estruturas e espaços
estão sendo projetados para permitir
flexibilidade, mudanças e substituições
de sistemas, soluções e materiais. Fa-
chadas, coberturas, revestimentos,
iluminação, entre outros componentes
e elementos construtivos, estarão em
constante mutação e serão testados e
monitorados sistematicamente, confe-
rindo ao edifício a condição de ser em si
mesmo o objeto da pesquisa.
“O edifício, suas fachadas, insta-
lações hidráulicas, iluminação, vidros,
sistemas de geração de energia, con-
dicionamento ambiental etc. poderão
ser reconfigurados a qualquer momento
para testar novas soluções. Por isso, ele
será monitorado de forma contínua e de-
talhada”, explica o professor integrante
da Comissão Coordenadora do Projeto
CICS, Vanderley John.
A edificação está atualmente em fase
de sua aprovação junto aos órgãos da
USP e de desenvolvimento de seu pro-
jeto executivo. Orçada em 9,5 milhões
de reais, a previsão é que a obra seja ini-
ciada no segundo semestre deste ano e
finalizada em 2019.
A expectativa é que seja financiada
quase totalmente por meio de adesões
de empresas e cidadãos. A Superinten-
dência jurídica da USP criou recente-
mente um modelo para a viabilização de
parcerias com empresas, que podem ser
feitas por meio de doações de materiais
e equipamentos, doações de serviços e
doações de recursos.
No ano passado, o CICS realizou
cinco workshops temáticos, dos quais
participaram 52 empresas, com o obje-
tivo de apresentar as oportunidades de
participação na rede e de levantar infor-
mações para subsidiar o projeto de sua
sede. Foram exploradas soluções para
temas como água e esgoto, construtibili-
dade, domótica, energia e envelope para
edifício, entre outras.
Entre as empresas que já aderiram ao
projeto estão: a Intercement, a Leonardi,
a Tecnum Construtora, a Tarjab Constru-
tora, a Infibra, a Tigre Ferramentas para
Pintura, a Infometer, a Trox, a Somfy, a
ICZ – Instituto de Metais não Ferrosos, a
PAM Saint Gobain, a Matec Engenharia,
a Bettoni, a Dow Brasil, a Caleffi Hydro-
nic Solutions e a Parks Comunicações
Digitais. Em breve serão anunciadas as
empresas que estão ainda em processo
de formalização das parcerias.
Os critérios para a seleção de empre-
sas participantes no projeto do edifício do
CICS incluem: impacto ambiental, con-
forto para o usuário, inovação e escalabi-
lidade. Devido à natureza do edifício, está
sendo assumido um risco tecnológico
maior do que o da construção conven-
cional. John exemplifica que as facha-
das devem ser de estruturas leves, com
materiais inovadores de baixo impacto e
vidros autolimpantes de alta eficiência. A
edificação deverá operar com, pelo me-
nos, três fontes alternativas de energia
– solar fotovoltaica, solar (água quente)
e geotérmica. “Esperamos também con-
tar com hidrogênio, pois estamos traba-
lhando com o
Research Centre for Gas
Innovation
, com o objetivo de viabilizar a
captação de recursos para integrar uma
célula a combustível”, adiciona John.
Os concretos a serem usados na
estrutura do edifício foram desenvolvi-
dos pelo Laboratório de Microestrutura
e Ecoeficiência de Materiais da Poli-USP,
em conjunto com a Intercement. Se-
gundo John, a tecnologia desenvolvida
vai permitir uma significativa redução da
pegada ambiental do concreto, obtida
pela acentuada redução do consumo de
ligantes, resultado de técnicas de empa-
cotamento granular, baixo consumo de
água e substituição de cimento por fíleres
selecionados. “Estamos discutindo con-
sumos possivelmente abaixo de 150kg/
m
3
de ligantes para concretos de 50Mpa.
É uma tecnologia com potencial para
reduzir em, pelo menos, 30% as emis-
sões de CO
2
dos materiais cimentícios a
serem usados no edifício”, informa John.
Este balanço na redução da pegada am-
biental vem tanto por parte da produção
dos materiais empregados na constru-
ção quanto por parte do uso da edifica-
ção. Foi realizada uma Avaliação do Ciclo
de Vida simplificado para os três projetos
executivos analisados, considerando o
uso do concreto convencional e o uso do
concreto com baixo consumo de ligan-
te. De acordo com John, o concreto de-
senvolvido pelo grupo de pesquisa car-
bonata rapidamente, absorvendo o CO
2
da atmosfera, contribuindo, assim, para
reduzir a pegada ambiental do edifício.
Com o edifício em uso, testando so-
luções construtivas inovadoras, num am-
biente bastante controlado, a expectativa
dos coordenadores do CICS é que as
tecnologias comprovadamente validadas
tenham facilitado seu acesso ao merca-
do. “Temos a expectativa que um teste
no CICS poderá ser utilizado no proces-
so de validação da tecnologia junto ao
SINAT, que, no futuro, poderá ampliar
seu escopo para além dos edifícios de
programas habitacionais”, avalia John.
Além disso, o edifício-sede do CICS vai
ser usado para abrigar laboratórios diver-
sos segundo a natureza das pesquisas a
serem realizadas, como o Laboratório de
Microestrutura e Ecoeficiência de Mate-
riais (LME) e o Laboratório de Sistemas
Prediais (LSP), gerando conhecimento,
pesquisas e prestação de serviços, bem
como capacitando recursos humanos e
servindo de local de visitação para alunos
das universidades e escolas.
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