28 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
3.3 CASO 3: Amostra
para moldagem
É muito comum a coleta de amos-
tra para moldagem logo no início da
descarga, principalmente para concre-
tos fluidos (aqueles com abatimento
superior a 190mm). O concreto entre-
gue em uma dada obra não atendia ao
f
ck
. O valor do f
c28
em média era de 22,0
MPa e o f
ck
= 30 MPa.
Análise e solução:
Foi solicita-
do ao Laboratório que a amostra-
gem fosse realizada de acordo com
o estabelecido na ABNT NBR 5738, a
qual determina que devem ser segui-
das as exigências da ABNT NBR NM
33:1998. Esta norma cita que a coleta
de amostras deve ser realizada du-
rante a operação de descarga, após
a retirada dos primeiros 15% e antes
de completar a descarga de 85% do
volume total da betonada. Após a cor-
reta amostragem do concreto, o f
c28
superou 38 MPa.
3.4 CASO 4: Agregado graúdo
contendo sulfato
O agregado graúdo (brita) emprega-
do na confecção do concreto continha
sulfatos, mas este fato não foi detec-
tado quando da análise dos materiais.
Após a execução do concreto foram
observadas manchas brancas, simi-
lares ao processo de lixiviação da cal
hidratada do concreto, mas não havia
fluxo de água.
Análise e solução:
Foram extraídos
testemunhos da estrutura e realizado o
ensaio de Difração de Raio X. Detectou-
-se a presença de Thenardita (Na
2
SO
4
),
como composto mais presente (Qua-
dro 1 – Compostos Mineralógicos). A
obra ficou em observação, em função
do risco de um ataque por sulfato.
3.5 CASO 5: Agregado
graúdo reativo
O agregado graúdo (brita) emprega-
do na confecção do concreto de alguns
blocos de uma obra de arte especial
era reativo. Essas britas foram usadas
porque o ensaio de expansão devido à
possível reação dos álcalis do cimen-
to com o agregado não foi realizado
(ABNT NBR 15577:2008).
Análise e solução:
Foram realiza-
dos ensaios, conforme estabelece a
ABNT NBR 15577, e se confirmou que
os agregados eram reativos. Então,
como os blocos eram pequenos, foi
decidido por sua demolição.
3.6 CASO 6: Uso de Neoprene
Tem sido comum o uso de Neo-
prene na ruptura de cp, ao invés dos
processos normalizados de retificação
e capeamento das bases. Também
têm sido observadas rupturas com
Fratura no topo do cp, tipo F (figura
A.6) e tipo G (figura A.7) do Anexo A
(Tipos de Ruptura de cp) da ABNT NBR
5739:2007. Em vários casos, o f
ck
não
tem sido obtido, não pela qualidade do
concreto, mas sim pelo erro de ensaio.
O uso de Neoprene para pre-
paração das bases de cp não está
normalizado no Brasil. A ABNT
NBR 5738:2015 cita em seu subi-
tem 9.3.2.4 que outros processos
de preparo podem ser adotados,
desde que estes sejam submetidos
à avaliação prévia por comparação
estatística, com resultados obtidos
de cp retificados por processo tra-
dicional, e os resultados obtidos
apresentem-se compatíveis.
A ASTM C 1231/C 1231 M-00 de-
fine na tabela 1 as exigências que as
“bolachas” ou discos de Neoprene
deverão atender. Por exemplo, para
Resistência à Compressão Axial com-
preendida entre 28MPa e 50 MPa, o
número máximo de reuso do disco de
Neoprene é de 100 vezes (desde que
ele não esteja fissurado, desgastado,
etc), e a sua Dureza Shore A seja igual
a 70 (com tolerância de + - 5). A es-
pessura do disco deverá estar com-
preendida entre11mm e 15mm.
Análise e solução:
Foram verifi-
cadas as espessuras, dureza Shore
A, e número de reuso dos discos de
Neoprene. A espessura variava mui-
to de um lote, para o outro, ou até
mesmo dentro de um mesmo lote.
O número de reuso sempre supera-
va 100 vezes, além da presença de
u
Quadro 1 – Compostos mineralógicos
Minerais
Quimismo aproximado
Frequência relativa
65523
65525
Quartzo
Sio
2
*
***
Feldispato
(K,Na)[AlSi
3
O
8
] – CaAl
2
Si
2
O
8
nd
tr
Calcita
CaCO
3
tr
*
Thenardita
Na
2
SO
4
****
***
Gipsita
CaSO
4
.2H
2
O
tr
tr
Simbologia:
nd = não detectado; tr = traços; * = presente; ** = pouco frequente; *** = frequente ; **** muito frequente.
Nota:
a avaliação semiquantitativa (expressa em número de asteriscos) das fases está fundamentada na latura dos picos de
difração, cuja intensidade é função do teor, da simetria e do grau de cristalinidade do constituinte.