CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 27
Através dos ensaios de Controle Tec-
nológico pode-se comparar e escolher
materiais de melhor qualidade, os quais
reduzirão os custos globais da obra.
No caso de obras prediais o Con-
trole Tecnológico deverá ser contratado
pela empresa responsável pela Cons-
trução. Já nas demais obras, tais como
METRÔ, ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
DE ÁGUA E ESGOTO, PISCINÕES, RO-
DOVIAS, FERROVIAS, PORTOS, etc, o
contratante deverá ser o PROPRIETÁ-
RIO da mesma. A empresa construto-
ra poderá realizar o seu Controle Tec-
nológico, mas isto não elimina e nem
minimiza o Controle do Proprietário da
obra. Os laboratórios de ensaio, obri-
gatoriamente, deverão ser acreditados
pelo INMETRO. Isto é o mínimo a ser
exigido, pois o que tem sido observado
em obra é que há laboratório de ensaio,
mas sem que se siga rigorosamente os
métodos de ensaio definidos em norma.
Por exemplo, se uma norma define uma
faixa de temperatura de cura do corpo
de prova é obrigatório que se cumpra,
a fim de que os resultados de ensaio te-
nham validade.
Enfim, o Controle Tecnológico, aliado
a um bom Projeto e uma boa Execução
podem gerar vários benefícios à socieda-
de, com uma redução de custo para o
construtor e a entrega de uma obra durá-
vel, com o mínimo de manutenção.
3. CASOS REAIS
A fim de ilustrar a importância do
Controle Tecnológico serão apresenta-
dos alguns casos reais de obra no Brasil.
3.1.
CASO 1: Cura e preparo
das bases do cp
O concreto não atendia ao f
ck
. Logo,
a Construtora aumentou o consumo de
cimento e mesmo assim nem sempre
a resistência de Projeto era atendida.
Análise e solução:
Foi observado
que a Temperatura da Água de Cura
do cp não atendia ao especificado na
ABNT NBR 5738:2015 (Temperatu-
ra compreendida entre 21 e 25
o
C), e
o preparo da superfície das bases do
concreto não deixava a mesma parale-
la a outra superfície. Segundo a ABNT
NBR 5738:2015 antes de ensaiar os cp
é imprescindível preparar suas faces, de
modo que se tornem superfícies planas
e perpendiculares ao eixo longitudinal do
cp. Esta preparação pode ser feita por
retificação ou capeamento. Logo, quan-
do da ruptura do cp havia concentração
de carga em determinada área (foto 1 e
2), o que reduzia o valor da resistência
do concreto na idade considerada (f
cj
).
Após a correção desses dois proble-
mas, a resistência, f
cj
, aumentou e mui-
to, às vezes resultando no dobro do f
ck
,
e foi possível reduzir os consumos de
cimento, em função do traço, de 40 kg
/ m
3
e 100 kg / m
3
. Cumpre ressaltar
que a ABNT NBR 5738:2015 permite,
para a temperatura do ar da câmara
úmida ou da água do tanque de cura,
mais três intervalos, além do já citado
anteriormente, os quais são 21+ - 2
o
C,
25+ - 2
o
C, e 27+ - 2
o
C, o que o au-
tor deste artigo não concorda, devido
aos valores de Maturidade serem di-
ferentes, para um mesmo concreto e
mesma idade, e por consequência dife-
rentes resistências à compressão axial
serão obtidas.
3.2 CASO 2: Retificação do cp
A f
c28
de um mesmo concreto entre-
gue em uma dada obra não atendia ao
f
ck
, pelos ensaios de um Laboratório de
Ensaio, mas, pelos ensaios de outro La-
boratório, atendia. Logo, foi solicitada à
empresa de serviços de concretagem,
até que a causa fosse descoberta, que
fosse revisto o traço, o que implicou em
aumento do consumo de cimento.
Análise e solução:
Foram molda-
das diversas séries de corpos de prova,
pelo mesmo moldador, os quais foram
curados à Temperatura especificada na
ABNT NBR 5738 (Temperatura de cura
compreendida entre 21 e 25
o
C), prepa-
rados e rompidos em diversas idades
em uma única prensa. A única diferen-
ça entre as séries de cps foram as re-
tificadoras (fotos 3 e 4). A ABNT NBR
5738 cita que a preparação pode ser
feita por retificação ou por capeamen-
to. Os resultados obtidos de resistên-
cia foram analisados estatisticamente,
e empregou-se o teste estatístico t, e
se obteve uma diferença de 24% entre
os valores de f
cj
, em função do disco
utilizado. Em função disso, os discos
abrasivos foram trocados e não houve
mais problemas.
u
Figura 4
Retificadora que gerou melhor
planicidade