52  |  CONCRETO & Construções
        
        
          foi descoberta, no segundo a causa
        
        
          está relacionada, provavelmente, com a
        
        
          remoção não planejada de dois pilares,
        
        
          conforme Figura 2(d). A Figura 2(e) traz
        
        
          um exemplo de ponto de corrosão en-
        
        
          contrado no edifício - a maioria era pro-
        
        
          cedente de inspeções do ano anterior,
        
        
          que não foram recuperadas. A Figura
        
        
          2(f) apresenta abertura de grandes di-
        
        
          mensões na viga, provavelmente não
        
        
          considerada no projeto original, onde
        
        
          foi observado o corte de 3 estribos.
        
        
          2.1.3 E
        
        
          nsaios
        
        
          adicionais
        
        
          Conforme apresentado, durante
        
        
          a anamnese não foram encontradas
        
        
          informações sobre a resistência à
        
        
          compressão do concreto aplicado.
        
        
          Sendo assim, procedeu-se com en-
        
        
          saios complementares de extração de
        
        
          testemunho, em conformidade com a
        
        
          ABNT NBR 7680-1 [4]. Esta norma
        
        
          traz os requisitos relacionados com
        
        
          a amostragem a ser empregada, os
        
        
          cuidados a serem adotados durante o
        
        
          procedimento de extração, para que
        
        
          não ocorra danos à armadura do pilar
        
        
          e na preparação da amostra para o
        
        
          ensaio de resistência à compressão.
        
        
          Visando confirmar os resultados
        
        
          fornecidos pela inspeção anterior,
        
        
          realizou-se 12 extrações de testemu-
        
        
          nhos, somadas às 29 extrações an-
        
        
          teriores (sendo que 10 dentre essas
        
        
          danificaram irreversivelmente a ar-
        
        
          madura principal do pilar, fragilizando
        
        
          consideravelmente a estrutura). De
        
        
          posse dos resultados obtidos neste
        
        
          ensaio (f
        
        
          c,ext
        
        
          ), utilizando coeficientes
        
        
          de correção (que envolvem a relação
        
        
          entre a altura e o diâmetro do teste-
        
        
          munho, o efeito deletério de broque-
        
        
          amento, entre outros), obteve-se a
        
        
          resistência à compressão caracterís-
        
        
          tica do concreto equivalente à obtida
        
        
          em corpos de prova moldados aos
        
        
          28 dias de idade (f
        
        
          ck,est,eq
        
        
          ).
        
        
          Com o valor obtido, realiza-se uma
        
        
          nova correção devido a permissão da
        
        
          ABNT NBR6118[6] de reduzir o coefi-
        
        
          ciente de ponderação da resistência
        
        
          do concreto em 10%, por dispor de
        
        
          um resultado que abarca maior co-
        
        
          nhecimento da resistência, sendo o
        
        
          (f
        
        
          ck,est,eq
        
        
          ) multiplicado por 1,1. Desta
        
        
          forma, obteve-se, em 9 extrações, re-
        
        
          sistência característica à compressão
        
        
          de 15MPa e nas demais valores iguais
        
        
          ou superiores a 20MPa.
        
        
          Com vistas à análise da vida útil da
        
        
          estrutura, verificaram-se as frentes de
        
        
          carbonatação do concreto. A norma
        
        
          brasileira, ABNT NBR 6118, na seção
        
        
          7, elenca alguns critérios de projeto que
        
        
          visam à durabilidade e prescreve que a
        
        
          
            “durabilidade das estruturas é altamen-
          
        
        
          
            te dependente das características do
          
        
        
          
            concreto e da espessura e qualidade do
          
        
        
          
            concreto do cobrimento da armadura”
          
        
        
          [6]. A norma estabelece espessuras mí-
        
        
          nimas de cobrimento, de acordo com a
        
        
          classe de agressividade do ambiente no
        
        
          qual se encontra o elemento estrutural
        
        
          (tabela 7.2 da ABNT NBR 6118, 2014),
        
        
          visando dificultar o ingresso dos agentes
        
        
          agressivos no interior do concreto.
        
        
          Para o caso do edifício em estu-
        
        
          do, por estar situado em São Pau-
        
        
          lo, o mecanismo preponderante de
        
        
          deterioração relativo à armadura é
        
        
          a despassivação por carbonatação,
        
        
          onde o agente agressivo é o gás car-
        
        
          bônico, CO
        
        
          2
        
        
          , que se difunde na es-
        
        
          trutura de concreto. Esse mecanismo
        
        
          de penetração de CO
        
        
          2
        
        
          torna o meio
        
        
          passivo do concreto em meio ácido
        
        
          e, quando essa frente de carbonata-
        
        
          ção alcança a armadura, inicia-se o
        
        
          seu processo de corrosão.
        
        
          Para analisar a profundidade de
        
        
          carbonatação da estrutura, utilizou-se
        
        
          um indicador ácido-base (solução de
        
        
          1% fenolftaleína), onde foi encontrado
        
        
          o valor máximo de 0,6cm. Relacionan-
        
        
          do esse valor com o cobrimento de
        
        
          2cm inspecionado, podemos concluir
        
        
          que, no decorrer dos 56 anos da es-
        
        
          trutura, não houve significativo com-
        
        
          prometimento da proteção passiva da
        
        
          armadura, sendo necessários apenas
        
        
          pequenos reparos pontuais. É impor-
        
        
          tante ressaltar que os pilares externos
        
        
          (da fachada) estavam revestidos de
        
        
          granito e não apresentavam espessura
        
        
          de cobrimento carbonatada.
        
        
          
            2.2 Modificações solicitadas
          
        
        
          
            pelo proprietário
          
        
        
          Para finalizar a proposta de inter-
        
        
          venções estruturais, verificaram-se
        
        
          u
        
        
          
            Figura 3
          
        
        
          Medição da profundidade de carbonatação em pilar de fachada