Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 59

CONCRETO & Construções | 59
Verifica-se, no entanto, que mesmo
no meio técnico formal há bastante
desconhecimento e até mesmo des-
caso com relação a muitas das pos-
sibilidades de uso que reflitam em res-
postas mais adequadas ao momento
atual.
São apresentadas a seguir as prin-
cipais ações na área da normalização
técnica (especialmente de concreto)
visando ações de sustentabilidade e
discutidos os caminhos para sua im-
plementação e as lacunas existentes.
2. DIRETRIZES ISO PARA
A GESTÃO AMBIENTAL
A ISO publicou em 1993 um Guia
que estabelece a inclusão de aspec-
tos de gestão ambiental em normas de
produtos (
ISO Guide 64
1
), documento
que foi revisado em 2003 e novamente
em 2008, tendo sido uma das bases
para o desenvolvimento das Normas
da série ISO 14000 (
Environmental
management
).
Um exemplo de sucesso nesse
campo são as normas brasileiras de
cimento Portland, que seguindo a li-
nha europeia, consideram a possibi-
lidade de incorporação de diversos
materiais, descartados de outros
segmentos industriais, como matérias
primas para a fabricação do cimento.
A redução do consumo energético de
fabricação, o aumento da vida útil das
jazidas e a mitigação das emissões
são os principais ganhos ambientais
obtidos com essa medida. Atualmen-
te, com as novas tecnologias de fa-
bricação, tem sido possível também
a queima de combustíveis alternativos
e resíduos diversos nos fornos rotati-
vos, com a manutenção da qualidade
do produto final.
Vale aqui mencionar que o Brasil faz
parte do CSI, sigla em inglês para Ini-
ciativa Mundial da Sustentabilidade do
Cimento, no âmbito do WBCSD (
World
Business Council for Sustainable
Development
), e é referência no cam-
po da adequação ambiental pelos bai-
xos consumos energéticos e por um
inventário de lançamento e monitora-
mento de gases do efeito estufa, que
também é
benchmark
mundial.
O concreto, por sua vez, é um
compósito à base de cimento Portland
com grande quantidade de agregados
(normalmente 60% a 70% em massa),
além de outros materiais utilizados em
menor escala, como água, aditivos e
eventualmente adições, como meta-
caulim, sílica ativa ou outros materiais
pozolânicos. É, portanto, um insumo
que utiliza materiais disponíveis em
praticamente todo o globo terrestre,
de baixo custo/benefício e fácil reci-
clagem, é considerado pouco agres-
sivo ao meio ambiente, especialmente
se comparado a outros materiais de
construção.
Com o advento da série ISO
14000, que contempla exigências de
avaliação do ciclo de vida e rotula-
gem ambiental dos produtos, além da
avaliação ambiental dos processos, o
concreto tornou-se ainda mais atrativo
do ponto de vista ambiental, conside-
rando sua durabilidade.
3. NORMAS BRASILEIRAS DE
CONCRETO E ESTRUTURAS
No campo da normalização técnica
de concreto, seus materiais constituin-
tes, estruturas e outras aplicações, o
Brasil conta com um acervo de mais
de 300 títulos, que tem na normaliza-
ção europeia sua principal referência,
sem deixar de considerar os avanços
observados em normas de outros paí-
ses, em especial o pragmatismo ame-
ricano no desenvolvimento de meto-
dologias de ensaios.
Seguindo a linha proposta pelo
Eurocode 2 (
EN 1992:2004 Design of
concrete structures
) e complementada
pela EN 206-1:2000 (
Concrete – Spe-
cification, performance, production
and conformity
), foram introduzidos,
no início dos anos 2000, parâmetros
de durabilidade nas Normas Brasilei-
ras ABNT NBR 6118 (Projeto de Es-
truturas de Concreto) e ABNT NBR
12655 (Concreto de cimento Portland:
preparo, controle, recebimento e acei-
tação), atualmente em novas versões,
revisadas e complementadas (2014 e
2015, respectivamente).
Conceitos de vida útil e desempe-
nho em serviço passaram a fazer parte
da agenda de discussões para o de-
senvolvimento de novas construções.
Exigências relativas ao cobrimento
das armaduras (espessura e qualidade
do concreto) em função da classe de
agressividade ambiental colocaram em
evidência a necessidade de se preve-
nir os efeitos do meio ambiente sobre
as estruturas, para que estas possam
durar mais e, consequentemente, pos-
sibilitar um melhor gerenciamento das
questões ambientais.
Paralelamente, como forma de
avançar na prevenção de desgastes
prematuros das estruturas, investiu-se
na normalização dos materiais cons-
tituintes do concreto e de estruturas
pré-fabricadas de concreto, sendo
aprovadas e publicadas no Brasil:
u
A ABNT NBR 15900:2010 – Água
de amassamento do concreto,
alinhada à ISO 12439:2010, mas
1
O
s
G
uias
ISO
são
documentos
que
estabelecem
diretrizes
gerais
e
devem
ser
considerados
no
desenvolvimento
das
N
ormas
T
écnicas
I
nternacionais
e
N
acionais
dos
países membros
da
ISO.
1...,49,50,51,52,53,54,55,56,57,58 60,61,62,63,64,65,66,67,68,69,...132
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