Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 67

CONCRETO & Construções | 67
risco de falha (SOUZA JUNIOR,
2008). Explica o autor que os coe-
ficientes parciais de segurança pra-
ticados pelas normas brasileiras
não passaram pelo processo de
calibração em termos de confiabili-
dade, possuindo origem em normas
estrangeiras correlatas, não sendo
realizada análise sistemática das in-
certezas para a realidade brasileira.
As bases gerais dos fatores estabe-
lecidos pelas normas europeias pos-
suem uma calibração baseada na
longa tradição do uso e aplicação,
sem fundamentação minuciosa dos
valores praticados.
Os coeficientes de ponderação
dessas ações não fazem parte do
escopo deste trabalho.
3. ANÁLISE DO SISTEMA
NORMATIVO INTERNACIONAL
Para as estruturas projetadas na
Austrália e Nova Zelândia, a AS/NZS
1170.0 –
Structural design action
- Part 0 – General principles
(2002)
apresenta dois capítulos (um para
cada país) destinados ao cálculo da
probabilidade anual de uma ação
variável ser ultrapassada. Admitin-
do uma classificação de riscos fun-
damentada na consequência de um
colapso da edificação - interpreta-
do segundo a magnitude de perdas
sociais, econômicas e de vidas - a
norma determina a probabilidade da
ação variável ser excedida para uma
vida útil de projeto de 5, 25, 50 e 100
anos. No entanto, as ações variáveis
que esta norma admite são o vento,
a neve e o terremoto, não estabe-
lecendo referências para as cargas
variáveis de uso. Para estas, a AS/
NZS 1170.0:2002 remete para a AS/
NZS 1170.1 –
Structural design ac-
tion – Part 1 – Permanent imposed
and other actions
(2002), que define
as cargas variáveis características
representativas de uma vida útil de
projeto de 50 anos, com probabili-
dade de 5% de serem ultrapassa-
das, ou seja, bem menor do que a
faixa dos 25% a 35% praticadas pela
ABNT NBR 8681:2003. O valor ca-
racterístico dessas ações é apresen-
tado na NZS 4203 –
General struc-
tural design and design loadings for
buildings
(1992).
Já na Europa, a EN 1991-1-7 –
Eurocode 1 – Actions on structures –
Part 1-7: General actions – Accidental
actions (2006) define que as ações
variáveis são divididas em categorias.
No entanto, não é especificado o tem-
po de retorno. Pelo fato da EN 1990 –
Eurocode – Basis of structural design
(2002) requerer uma vida útil mínima
de projeto de 50 anos para as edifica-
ções habitacionais convencionais, tal
como a ABNT NBR 15575:2013, par-
te-se do pressuposto que as ações
variáveis características nela estabe-
lecidas empregam este mesmo perí-
odo de retorno. A nota do item 4.1.2
do Eurocode aborda as ações variá-
veis derivadas das ações ambientais,
evidenciando um período de retorno
de 50 anos para estas, com probabi-
lidade de 2% ao ano de serem ultra-
passadas, o que sugere esta mesma
presunção para as ações variáveis de
uso. A norma aborda vida útil de 100
anos para obras de infraestrutura,
onde não se aplicam as ações cor-
riqueiras de uso. Nesta lógica, a BS
6399-1 –
Loading for buildings – Part
1 – Code of practice for dead and im-
posed loads
(1996) apresenta valores
mínimos de ações variáveis a serem
admitidas nos projetos residenciais,
com critérios semelhantes do Euro-
code, mas não apresentando citação
referente ao período de retorno.
A norma indiana IS 456 –
Plain
and reinforced concrete
(2000) faz
referência, em termos de parâmetros
de durabilidade para os elementos de
concreto (cobrimento, relação água/
cimento e resistência à compressão)
a uma vida útil de 50 anos, tal como
indiretamente propõe a ABNT NBR
6118:2014, sendo, contudo, mais
conservadora do que esta. Para a de-
terminação das ações, a IS 456:2000
remete a IS 875 –
Code of practice for
design loads (other than earthquake)
for buildings and structures
(1987),
com uma proposta de classificação
u
Tabela 1 – Valores mínimos de algumas cargas verticais praticadas
na ABNT NBR 6120:1980
Local
Carga
(kN/m²)
Tipo
Descrição
Edifícios residenciais
Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro
1,5
Despensa, área de serviço e lavanderia
2
Escadas
Com acesso ao público
3
Sem acesso ao público
2,5
Terraços
Sem acesso ao público
2
Com acesso ao público
3
Inacessível a pessoas
0,5
1...,57,58,59,60,61,62,63,64,65,66 68,69,70,71,72,73,74,75,76,77,...132
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