Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 58

58 | CONCRETO & Construções
A Durabilidade das Estruturas
de Concreto como parâmetro
de Sustentabilidade
1. INTRODUÇÃO
D
esenvolvimento sustentá-
vel é aquele que atende às
necessidades do presente,
sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras atenderem às suas
próprias necessidades, segundo o Re-
latório da Comissão Brundland “Nosso
Futuro Comum, 1987” da Organização
das Nações Unidas.
Apesar de simples em sua essên-
cia, esse conceito vem exigindo mu-
danças sociais importantes, pois o
modelo de crescimento econômico
tradicional tem deixado de ser viável
(ou sustentável), passando a depender
de outros fatores, antes relegados a
um segundo plano.
Há alguns anos a preservação am-
biental passou a ser vista como funda-
mental para a continuidade do cres-
cimento econômico, possibilitando
a manutenção dos recursos naturais
indispensáveis à industrialização; mais
recentemente essa preocupação foi
estendida à preservação da própria hu-
manidade. Diversos países voltaram sua
atenção para essa necessidade e, em
1990, foi criado pela ISO (
International
Organization for Standardization
) o
Stra-
tegic Advisory Group on Environment
,
que possibilitou agregar representan-
tes das principais economias mundiais
para a discussão de temas estratégicos
sobre meio ambiente. Nessa linha, em
1993 deu-se início aos trabalhos de nor-
malização com a formação do ISO/TC
207 –
International Technical Committee
of Environmental Management
, com for-
te participação do Brasil.
O envolvimento da ISO nas ques-
tões da sustentabilidade transcen-
de os ideais e limites de governos e
possibilita soluções que agreguem di-
ferentes culturas e amenizem os efei-
tos de opiniões antagônicas, pois a
normalização é, em sua essência, um
veículo para a discussão de temas de
interesse da sociedade, possibilitando
a popularização do conhecimento e o
desenvolvimento com base técnica e
consenso social.
A barreira cultural é de tal forma ex-
pressiva que, somente dez anos após
o início dos trabalhos na área ambien-
tal, foi possível divulgar as iniciativas da
ISO para as questões relacionadas à
responsabilidade social. A publicação
da ISO 26000
Social Responsibility
,
em 2010, trazendo apenas diretrizes
gerais, mostra de forma velada as difi-
culdades enfrentadas nesse processo.
O tripé da sustentabilidade (cres-
cimento econômico, respeito ao meio
ambiente e responsabilidade social)
tem sido amplamente divulgado, mas
apenas o processo de aculturamento
da sociedade pode gerar o necessário
comprometimento, para que em todas
as esferas se pratiquem ações que
levem essa mesma sociedade, como
um todo, a uma melhor qualidade de
vida ao longo do tempo.
O tema deste artigo está inserido no
campo das construções, onde o con-
sumo de materiais e energia é ainda ex-
pressivo, assim como a geração de ga-
ses do efeito estufa e resíduos diversos.
Especialmente ao longo dos úl-
timos vinte anos, muitos estudos,
pesquisas e ações, tanto da iniciativa
privada como pública, têm gradativa-
mente minorado os valores específicos
(unitários) desses impactos, porém é
ainda pequeno o resultado final (total)
em função do aumento populacional e
do consequente anseio da população
por conforto (moradia, saneamento,
infraestrutura de transporte, etc).
Como o concreto é o material de
construção mais utilizado no mundo,
sua composição, aplicações, durabi-
lidade e possibilidades de reciclagem
têm sido objeto de muitas pesquisas,
dispondo-se atualmente de vasto ca-
bedal de informações.
u
normalização técnica
INÊS BATTAGIN
S
uperindentente
do
CB-18/ABNT
e
D
iretora
T
écnica
do
IBRACON
1...,48,49,50,51,52,53,54,55,56,57 59,60,61,62,63,64,65,66,67,68,...132
Powered by FlippingBook