36 | CONCRETO & Construções
OSWALDO: “A ABNT NBR 6118 AINDA CONTROLA
DURABILIDADE DE FORMA INDIRETA, PORQUE
ESTAMOS ATRASADOS NA NORMALIZAÇÃO DE
ENSAIOS DE DURABILIDADE”
“
“
para a difusão do conhecimento e,
dessa forma, fundamental para o
avanço em termos de formação e de
qualificação profissional. Estimulado
pela importante e pioneira publicação
do Paulo Helene, trouxe em meu livro
uma contribuição no aprofundamento
conceitual da corrosão, além de
uma vasta parte concernente às
técnicas de avaliação e diagnóstico
da corrosão do aço no concreto.
Muito me orgulha essa publicação,
pois mesmo sendo um livro esgotado,
ele ainda é muito veiculado, sem
falar que recebo constantemente
demandas para a sua atualização e
reedição. A produção de um livro de
bom conteúdo envolve uma grande
energia. No modelo de avaliação
curricular ao nível da pós-graduação
no Brasil, esse tipo de publicação
é, infelizmente, pouco considerado.
É uma pena, pois os livros técnicos
atingem tanto os ambientes
acadêmicos quanto os profissionais,
com penetração que vai além das
fronteiras nacionais. É democrática
sua ação! Verdadeiramente, os
livros cumprem um importante papel
social. Só para compartilhar um fato,
em recente participação minha em
um evento em Portugal, ao final da
apresentação, veio me cumprimentar
um congressista de Moçambique.
Ele se aproximou de mim, com muita
deferência, dizendo que me conhecia
há anos, por intermédio do livro de
corrosão e pelas muitas horas de
leitura e estudo. Por fim, agradeceu-
me pelo livro e pela oportunidade
de apreender e de evoluir no tema.
Senti naquele momento uma grande
emoção, que me fez ter certeza que
valeu à pena o esforço.
IBRACON
– Q
ual
tem
sido
a
contribuição
de
vocês
quanto
à
normalização
no
país
nesse
campo
da
durabilidade
e
ensaios
?
O
swaldo
C
ascudo
– Particularmente,
no campo da durabilidade de
estruturas de concreto, participei
ativamente das reuniões de uma
comissão de estudo do CB 1 (Comitê
Brasileiro de Mineração e Metalurgia)
da ABNT, no final dos anos 80,
durante o meu período de mestrado.
Na época, por indicação do Prof.
Paulo Helene, eu representava
a Escola Politécnica da USP na
comissão de normalização abrigada
nesse comitê, que foi a primeira
comissão a estudar e a se preocupar
com a normalização sobre corrosão
de armaduras em estruturas de
concreto. Essas reuniões ocorriam
na sede da ABRACO – Associação
Brasileira de Corrosão, no Rio de
Janeiro. Em meados dos anos
90, particularmente nos anos de
1995 e 1996, participei em São
Paulo de reuniões para a revisão
da ABNT NBR 6118, a principal
norma de estrutura de concreto do
país. Depois de muitos anos de sua
revisão anterior (em 1978/1980),
essa norma teve uma grande revisão
nos anos 90, tendo sido editada
com significativas mudanças em
2003. A partir daí ela passou a
ter um capítulo exclusivo sobre
durabilidade, tendo introduzido as
classes de agressividade ambiental
(CAA I, II, III e IV) para subsidiar o
projeto de estruturas de concreto
durável. Foi um grande marco para
a engenharia nacional, mas agora
precisamos evoluir mais na questão
da durabilidade, introduzindo
na normalização brasileira os
indicadores de durabilidade e, se
possível, modelos de previsão de
vida útil, de forma a tratar a questão
da durabilidade de forma mais
efetiva e calcada no desempenho.
Temos que normalizar, também, os
ensaios acelerados de carbonatação
do concreto e ensaios para
determinação de parâmetros de
transporte de cloretos.
IBRACON
– P
ara
aonde
devem
caminhar
as
pesquisas
para
haver
avanços
na
prevenção
de
problemas
patológicos
precoces
?
H
elena
C
arasek
– São vários temas
de pesquisa ainda necessários. Para
citar um deles, creio que poderemos
avançar na prevenção de problemas
patológicos por meio de pesquisas
que visem o desenvolvimento de
modelos de previsão de vida útil. A
ideia é a modelagem dos mecanismos
de deterioração das estruturas
de concreto (como, por exemplo,
a corrosão das armaduras, por
carbonatação e/ou cloretos, ou a