Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 34

34 | CONCRETO & Construções
CARASEK: “O CONCRETO, DESDE QUE BEM
CONCEBIDO E ELABORADO, É UM MATERIAL DE
ALTA DURABILIDADE NA MAIORIA DOS AMBIENTES
NATURAIS E INDUSTRIAIS”
Ocorre que o concreto bloqueia
essa tendência natural. Como o
concreto propicia um ambiente
interno de alta alcalinidade, há um
alentador fenômeno na interface
com a superfície metálica, que é a
deposição natural de um filme de
óxidos de ferro de caráter protetor, a
película de passivação. Por barreira,
esse filme interfacial protege o aço
da corrosão, impedindo assim a
degradação metálica. A armadura
é, justamente, o ponto sensível
desse material compósito, porque
se essa proteção passiva for perdida
as leis da termodinâmica serão
implacáveis contra ela, provocando
corrosão. A perda do filme passivo
se dá, basicamente, caso o concreto
apresente redução da alcalinidade
interna, como nos processos de
carbonatação ou de lixiviação do
concreto, ou mesmo por efeito
dos ataques ácidos. Também, por
mecanismos muito particulares, os
cloretos são agentes muito agressivos,
que despassivam a armadura e
contribuem para a corrosão.
IBRACON
– C
omparativamente
a
outros materiais
estruturais
,
quais
são
as
vantagens
e
desvantagens
do
concreto
no
quesito
durabilidade
?
H
elena
C
arasek
– O concreto, desde
que bem concebido e elaborado, é
um material de alta durabilidade na
maioria dos ambientes naturais e
industriais. Mas a visão não pode ser
apenas do material e sim da estrutura
de concreto como um todo, e aí entra
a necessidade de um bom projeto
e dos detalhes construtivos para
prevenção dos problemas, como eu
comentei anteriormente. A grande
vantagem do material concreto é
que ele tem uma boa resistência à
água (desde que bem controlada a
sua porosidade e permeabilidade)
comparativamente a outros materiais
estruturais como os aços comuns e
a madeira. Além disso, o concreto
permite a produção de elementos
estruturais de formas e tamanhos
variados (capacidade de se moldar)
a um custo relativamente baixo
comparado com outros materiais
estruturais. Mas, para algumas
situações específicas, como,
por exemplo, ambientes de alta
agressividade química, com ácidos
fortes, amônia, etc., o concreto pode
não apresentar durabilidade adequada,
uma vez que o cimento é solúvel em
ácidos fortes. Contudo, cabe uma
ressalva de que nesses ambientes
químicos muito agressivos, também o
aço e a madeira sofrem enormemente,
de sorte que todos esses materiais
(incluindo o concreto) necessitam
de proteções especiais para que
alcancem a durabilidade desejada.
IBRACON
– Q
ual
é
o
ganho
advindo
da
comparação
entre
as
normas
prescritivas
e
as
normas
de
desempenho
quanto
ao
quesito
da
durabilidade
?
O
swaldo
C
ascudo
– As normas
prescritivas estabelecem requisitos
com base no uso consagrado
de materiais, produtos ou
procedimentos, por meio do
controle de parâmetros ou
propriedades básicas, de maneira
que o atendimento aos requisitos
dos usuários se dá de forma indireta.
Já a abordagem de desempenho
traduz requisitos dos usuários em
critérios e especificações, por meio
de parâmetros e propriedades
estritamente ligadas aos aspectos de
desempenho estabelecidos. Neste
caso, o atendimento aos requisitos
dos usuários se dá de forma direta.
Embora as normas prescritivas e de
desempenho sejam complementares
e não entrem em competição entre si,
é evidente que a abordagem baseada
no desempenho significa um avanço
considerável em comparação à
abordagem estritamente prescritiva.
Tratar a durabilidade baseada no
desempenho significa conhecer
razoavelmente bem as propriedades
de transporte de massa no concreto,
assim como os mecanismos de
degradação e envelhecimento. A
partir daí, é possível identificar bem
os parâmetros de desempenho,
os chamados indicadores de
durabilidade. Controlando bem
esses parâmetros diretamente
ligados à durabilidade, a chance
de especificar concretos duráveis é
muito maior do que controlar apenas
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