Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 31

CONCRETO & Construções | 31
tem sido registrada em grandes
obras de barragens de concreto
e em elementos de fundações,
decorrente do uso de agregados
potencialmente reativos e de sua
interação negativa com o cimento.
O melhor caminho para o combate
dessas manifestações patológicas é
preventivo, lançando-se mão do bom
conhecimento atualmente existente
sobre o assunto.
IBRACON
– Q
ual
é
a
ordem
de
grandeza
e
o
período
de
tempo médio
com
os
quais
se
encontram
essas
manifestações
patológicas
em
obras
de
concreto
?
O
swaldo
C
ascudo
– As
manifestações patológicas em
estruturas de concreto são
diversas e de grande abrangência.
Problemas como a fissuração
por retração plástica do concreto
podem ocorrer algumas horas após
o adensamento e acabamento
do concreto, ou seja, dentro das
primeiras 24 horas do período
pós-concretagem, ao passo que há
registro de algumas manifestações
patológicas, como a reação
álcali-agregado, por exemplo,
que pode ocorrer desde poucos
anos até 30 anos após a entrada
da estrutura em serviço. Tudo
depende da cinética da degradação,
que envolve as características e
propriedades do concreto, assim
como a agressividade ambiental e as
questões climáticas e de intempéries.
IBRACON
– H
á
conhecimento
suficiente
sobre
como
evitar
problemas
patológicos
nas
estruturas
de
concreto
,
ou
seja
,
é
bem
conhecida
a
chamada
profilaxia
das
estruturas
de
concreto
H
elena
C
arasek
– Acredito que sim.
Em nível científico, o conhecimento
já está bem avançado. Para evitar
os problemas é necessário o pleno
entendimento dos mecanismos
de deterioração e creio que já
avançamos muito, nacional e
internacionalmente, nas pesquisas
neste campo. Claro que ainda há
muito o que se pesquisar para
preencher as lacunas existentes,
mas grande parte do conhecimento
gerado nas pesquisas já poderia ser
aplicado nas nossas construções.
Em relação à composição do
concreto, alguns aspectos básicos,
hoje consagrados para evitar a
deterioração do concreto, como
limitar a relação água/aglomerante
e utilizar adições minerais (como
o metacaulim e a sílica ativa), são
provenientes dos resultados das
pesquisas do passado.
Em termos aplicados, um bom
começo para se prevenir as
manifestações patológicas é seguir
as normas técnicas existentes, tais
como a ABNT NBR 6118 (projeto)
e a ABNT NBR 14931 (execução).
Na ABNT NBR 6118, a partir de
uma adoção correta da classe de
agressividade ambiental, define-se
a espessura do cobrimento mínima,
além da relação água/cimento
máxima, f
ck
para a elaboração do
concreto, abertura máxima de fissura
e quantidade de cimento por metro
cúbico. Esse é o primeiro passo para
elaborar estruturas duráveis. A norma
também indica, mas de forma bem
genérica e superficial, outras medidas
importantes como a realização
de proteções por revestimentos
e mesmo a drenagem das águas.
Este último é um dos aspectos ao
qual eu reputo grande importância,
mas que nem sempre é cuidado
pelos engenheiros e arquitetos. A
água é um dos principais agentes
deletérios das construções de forma
geral e, por essa razão, deve ser
evitada a sua acumulação sobre a
superfície das estruturas de concreto.
Essa preocupação deve se iniciar
na concepção e no projeto da
estrutura, nos detalhes arquitetônicos
adequados, proteções e caimentos,
por exemplo, além da realização de
uma boa impermeabilização. Esses
são aspectos básicos que não podem
ser negligenciados.
Além do que está previsto na ABNT
NBR 6118 quanto aos mecanismos
de deterioração, nós já temos normas
que abordam problemas específicos
como a reação álcali-agregado (ABNT
NBR 15577, partes 1 a 6), onde está
bem clara a forma de prevenção.
Creio que ainda precisamos avançar
em outras normas, como, por
exemplo, diretrizes específicas
sobre os ataques por sulfatos e a
HELENA: “EM TERMOS APLICADOS, UM BOM COMEÇO
PARA SE PREVENIR AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS
É SEGUIR AS NORMAS TÉCNICAS EXISTENTES, TAIS
COMO A ABNT NBR 6118 E 14931”
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