Revista Concreto & Construções - edição 79 - page 29

CONCRETO & Construções | 29
CARASEK: “A ABNT NBR 6118 DIVIDE OS
MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO EM TRÊS TIPOS:
RELATIVOS AO CONCRETO, À ARMADURA E À
ESTRUTURA PROPRIAMENTE DITA”
anos como docente da UFG,
instituição que apreendi a respeitar e
a defender. Recentemente, progredi
para a classe de Professor Titular.
Foi uma honra ter na minha banca
os professores titulares Paulo Helene
(USP), Geraldo Isaia (UFSM), Almir
Sales (UFSCar) e Antônio Baleeiro
(UFG), para me avaliar.
IBRACON
– P
or
quais
mudanças
de
compreensão
científica
e
técnica
passou
o
conceito
de
durabilidade
nos
últimos
anos
?
O
swaldo
C
ascudo
– O conceito
de durabilidade evoluiu muito nos
últimos anos. Passou de mera
constatação daquilo que “vence” ao
tempo, para algo que mantém seus
aspectos funcionais e propriedades
fundamentais ao longo do tempo.
Deixou de ser um conceito qualitativo,
algo que se conquista ao acaso ou
por métodos empíricos, para algo
palpável e mensurável, por meio da
inserção do conceito de vida útil. A
durabilidade pode ser inserida no
projeto, por meio do conceito de
vida útil de projeto, que sinaliza uma
expectativa de durabilidade, a ser
conquistada com a boa execução,
com a definição correta e conforme
dos materiais e componentes de
construção, e com um adequado uso
e operação, que contemple as ações
de manutenção preventiva e, quando
necessária, corretiva. A durabilidade,
portanto, deixou de ter um significado
abstrato, evoluindo para algo real,
fruto de ações absolutamente
sistêmicas. No campo das estruturas
de concreto, a compreensão científica
dos materiais e o aprofundamento
nos mecanismos físico-químicos
e eletroquímicos dos fenômenos
patológicos e de degradação
e envelhecimento estrutural,
propiciaram um avanço extraordinário,
que mudou a abordagem de
durabilidade. Inicialmente calcada
em avaliações sintomatológicas de
fenômenos, caminha agora para uma
abordagem baseada no desempenho.
Esta nova abordagem permite, com
boa margem de segurança, por meio
dos parâmetros de desempenho e
dos modelos de previsão de vida útil,
conceber uma estrutura de concreto
para “vencer” certa durabilidade.
IBRACON
– Q
uais
são
os mecanismos
principais
de
envelhecimento
das
estruturas
de
concreto
?
H
elena
C
arasek
– Existem várias
formas de classificar os mecanismos
de envelhecimento das estruturas
de concreto, como, por exemplo,
em função dos processos de
deterioração: físico-mecânicos,
químicos, biológicos e eletroquímicos
(das armaduras). Eu acho, no entanto,
interessante, a forma como a ABNT
NBR 6118 divide os mecanismos de
deterioração, em 3 tipos: mecanismos
preponderantes de deterioração
relativos ao concreto; mecanismos
preponderantes de deterioração
relativos à armadura; e mecanismos
de deterioração da estrutura
propriamente dita.
Inseridos nos mecanismos
de envelhecimento relativos
especificamente ao concreto estão
os processos químicos, tais como:
a lixiviação, os ataques por sulfatos
(externos e internos), os ataques
ácidos e alcalinos, troca iônica, bem
como a reação álcali-agregado. Já
os mecanismos de deterioração
das armaduras dizem respeito ao
problema da corrosão das barras de
aço inseridas no concreto (armado
e protendido), onde os processos
podem ser iniciados por carbonatação
e por ação de cloretos. Por fim,
os mecanismos de deterioração
da estrutura propriamente dita são
aqueles relacionados às ações
mecânicas, movimentações de
origem térmica, impactos, ações
cíclicas, retração, fluência e relaxação,
bem como as diversas ações que
atuam sobre a estrutura.
IBRACON
– Q
uais
são
as
manifestações
patológicas mais
comuns
em
estruturas
de
concreto
?
O
swaldo
C
ascudo
– As manifestações
patológicas em estruturas de
concreto são oriundas do projeto
ruim e da especificação inadequada
do concreto, evidentemente
potencializadas pelos mais altos níveis
de agressividade ambiental. Há na
1...,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28 30,31,32,33,34,35,36,37,38,39,...132
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