CONCRETO & Construções | 75
entanto, mesmo após a interdição da ponte
ao tráfego de veículos, as flechas continua-
ram a evoluir rapidamente, indicando insta-
bilidade da estrutura. Para cessar o avanço
da deformação, os balanços da obra foram
carregados com cascalho, aliviando, assim,
o momento fletor no meio do vão central e
estabilizando a OAE enquanto carregada
apenas com o seu peso próprio.
A substituição total da ponte era uma
das alternativas possíveis, no entanto foi
descartada por ser a de maior custo direto
e de implicar em danos ambientais que se-
riam desnecessários no caso da opção pelo
reforço da estrutura.
3.2 Intervenção emergencial
Após a estabilização da OAE, iniciaram-
-se os trabalhos de reforço, que foram divi-
didos em duas grandes etapas. A primeira
delas consistiu em protender as vigas prin-
cipais da ponte com cordoalhas instaladas
na face inferior da mesma, o que possibilitou
uma avaliação mais detalhada da resposta
da estrutura à aplicação dos esforços (Figu-
ra 6). Constatada a estabilização da estru-
tura, passou-se para a segunda etapa, que
consistiu no reforço da obra pela instalação
de cordoalhas nas laterais da viga, tanto in-
ternas quanto externas.
O objetivo do
po s i c i on ame n t o
retilíneo das cor-
doalhas da face
inferior da viga foi
a introdução de
um esforço axial
naquela região e
consequente mo-
mento fletor con-
trário ao causado
pelo peso próprio
da OAE. Já as cor-
doalhas instaladas
nas laterais das
vigas seguiram uma trajetória poligonal,
com maiores excentricidades no meio
do vão, onde os momentos fletores são
maiores, e com menores nas seções onde
os momentos fletores são menores. Essa
trajetória poligonal é conseguida por meio
de desviadores instalados no trajeto das
cordoalhas (Figura 7). Esses desviadores
são fabricados especificamente para cada
tipo de obra, pelos motivos já menciona-
dos item 2.2 deste trabalho. Ainda na Fi-
gura 7 pode ser observado que, ao longo
da trajetória das cordoalhas, a viga princi-
pal foi apicoada. Esse procedimento tem
por finalidade melhorar a aderência entre
o concreto existente na viga e o concreto
novo, que servirá de proteção das cordo-
alhas contra a corrosão, garantindo dura-
bilidade ao reforço executado.
Souza e Ripper (1998) alertam para a
necessidade de garantia da eficiência da
ancoragem, uma vez que os cabos não
são aderentes, e uma falha nas ancoragens
implica falha no cabo em sua totalidade.
No caso de cabos aderentes, não há esse
risco. A Figura 8 apresenta um detalhe de
uma das ancoragens utilizadas nas cordoa-
lhas instaladas na lateral de uma das vigas.
Nela são observadas seis barras que fixam
a ancoragem à estrutura e os seis peque-
nos blocos de aço que recebem os esfor-
ços das cordoalhas.
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Figura 6
Cordoalhas na face inferior de uma das vigas principais
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Figura 7
Vista lateral de uma das vigas principais com as
cordoalhas em traçado poligonal
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Figura 8
Detalhe de uma das ancoragens utilizadas