CONCRETO & Construções | 69
Evolução dos aços para
protensão no Brasil
EUGENIO LUIZ CAUDURO – E
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DANIEL LOPES GARCIA – E
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S.A.
1. HISTÓRICO
I
nicialmente eram produzidos no Bra-
sil aços com resistência de 1.300
Mpa. Possuíam baixas característi-
cas elásticas, tensões residuais elevadas,
falta de retilinidade, baixa ductilidade e
outras características indesejáveis.
Os atuais aços para protensão têm
características especiais. Primeira-
mente, contam com uma composição
química e uma pureza (ausência de
compostos fragilizadores) que confe-
rem ao fio-máquina, que é o aço longo
de seção circular que resulta da lami-
nação, uma resistência à ruptura maior
que 1.000 Mpa. Essa pureza permite
que o fio máquina seja trefilado, pas-
sando por diversas fieiras que fazem
sua seção ser reduzida em até 85% e
sua resistência subir até 2.100 Mpa,
sem sofrer rompimentos.
Em sequência, esses aços podem
ser utilizados como fios unitários ou en-
rolados entre si formando cordoalhas,
sendo mais usuais as formadas por
dois, três ou sete fios. Para que ganhem
suas características finais, são submeti-
dos a tratamento termomecânico, que
consiste em estirá-los ao mesmo tem-
po em que são aquecidos. Esse pro-
cesso, também chamado de ‘envelhe-
cimento precoce’, minimiza os efeitos
da ‘relaxação’, que é a pequena perda
de tensão com o tempo, após o aço ter
sido tracionado e assim mantido para
sempre (protensão). Esse tratamento
também proporciona a trabalhabilidade
necessária aos aços de protensão: os
aços ao serem desenrolados dos rolos
ou bobinas permanecem retilíneos, po-
dendo ser colocados nas armaduras de
aço comum em pistas de protensão ou
nas formas de vigas ou lajes, assumin-
do os perfis e curvaturas especificadas
pelo projetista estrutural.
Em 1952, poucos anos depois de
ter sido construída a primeira ponte em
concreto protendido no Brasil, com fios
de aço de 5 mm importados da França,
a Cia Siderúrgica Belgo-Mineira (hoje
Arcelormittal) começou a primeira pro-
dução brasileira de fios, de 5 mm e 7
mm de diâmetro. Além das primeiras
firmas de protensão, pouco depois
surgiram as primeiras indústrias de pré-
-fabricação, fazendo vigotas e galpões
industriais. No fim dos anos 50, come-
çaram a ser fabricadas as cordoalhas
de 2, 3 e 7 fios, possibilitando a cons-
trução de grandes pontes e viadutos.
Até metade dos anos 60, eram apli-
cadas por ano apenas 2.500 toneladas
de aço para protensão no Brasil. Em
1973, com a construção da Ponte Rio-
-Niterói, alcançou-se um pico de 22.000
toneladas. De 1980 a 1995, eram
consumidos, em média, da ordem de
15.000 toneladas por ano no Brasil.
Em 1997, a pedido das empresas
de protensão, a Belgo-Mineira começou
a produção das cordoalhas engraxadas
e plastificadas no Brasil, trazendo essa
tecnologia e levando aos Estados Unidos
diversos engenheiros projetistas estrutu-
rais e de construtoras, para que pudes-
sem se familiarizar com a forma de uso
dessas cordoalhas, principalmente em
edifícios multipavimentos, residenciais e
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mantenedor
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Figura 1
Máquina de trefilar, onde a
seção do aço é reduzida ao
passar pelas fieiras
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Figura 2
Diversas fieiras, por onde o fio
máquina passa para ser reduzida
sua seção