Revista Concreto & Construções - edição 85 - page 72

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inferiores ou superiores a estes. O mó-
dulo de elasticidade do concreto (E)
apresenta-se entre 28 e 40 GPa e seu
coeficiente de Poisson (μ) entre 0,1 e 0,2.
O ensaio CSL não é limitado pela
profundidade do fuste e pode detectar
múltiplos defeitos, porém apresenta limi-
tações quanto à porção da seção trans-
versal que pode examinar, pois apenas
a qualidade do concreto na região en-
tre os tubos pode ser avaliada. Deve-se
notar que a contribuição do concreto da
porção central da estaca à resistência a
momentos etores é pouco significativa,
quando comparada à contribuição do
concreto da parte externa. O concreto
que forma o vínculo entre a armadura e
o solo é importante, tanto do ponto de
vista geotécnico como estrutural.
Durante a instalação da armadura
ou concretagem, as distâncias entre
os tubos paralelos podem variar, e
dessa forma, faz-se uso da média de
pontos consecutivos de leituras para
avaliar a integridade de um trecho do
fuste da estaca.
A interpretação de um defeito atra-
vés do ensaio CSL é muitas vezes in-
tuitiva. No entanto, avaliar um atraso
no tempo de chegada de um sinal ou
uma diminuição da energia não deixa
de requerer algum julgamento de enge-
nharia. Dentre outros autores, Likins
et
al.
(2007) sugerem escalas combinadas
de redução de energia e tempo de che-
gada do sinal (Tabela 1), onde o con-
creto pode ser considerado de baixa a
alta qualidade, assim como ações que
devem ser realizadas dependendo da
qualidade do concreto inferida.
A objetividade da interpretação dos
resultados do ensaio CSL é uma das van-
tagens sobre outros métodos não destru-
tivos, como ensaio de integridade (PIT),
pois permite a localização e quantificação
da extensão das eventuais anomalias no
concreto (Kormann
et al.
, 2009).
3. ANÁLISE TOMOGRÁFICA
Uma vez detectado um ou mais de-
feitos na estaca, faz-se necessário re-
alizar uma avaliação de sua extensão.
Esse tipo de análise pode ser realizado
através da técnica computacional co-
nhecida como tomografia, a qual utiliza
as velocidades de onda medidas para
estimar a distribuição de velocidades
de onda ao longo de todo o fuste, per-
mitindo-se uma análise tridimensional.
O software Tomosonic (GeoTomo,
2003) pode ser empregado para esse
fim, fazendo uso dos dados obtidos no
ensaio CSL, os quais, por sua vez, são
coletados e processados com softwa-
res como o CHA-W (PDI, 2004).
Diversos fatores afetam a análise
tomográfica. Quanto mais dados são
disponíveis, a análise tende a apresen-
tar maior acurácia. A quantidade de
dados disponíveis é na prática limitada
pelo número e localização dos tubos de
acesso. Quanto mais tubos são avalia-
dos, tipicamente em estacas de grande
diâmetro, mais informações podem ser
naturalmente verificadas pela análise to-
mográfica. Por exemplo, 4 tubos possi-
bilitam 6 combinações, sendo somente
2 combinações cruzadas no interior do
fuste da estaca e 4 externas. Já 8 tubos
de acesso, instalados ao longo do fuste
de uma estaca, possibilitam 28 combi-
nações entre tubos, sendo 20 combina-
ções cruzadas no interior de seu fuste e
8 externas (Likins
et al.
, 2007).
A análise tomográfica mostra onde
se situa o dano e fornece qual a porcen-
tagem do fuste em seção transversal
que possui velocidade de onda reduzi-
da, gerando um resultado quantitativo.
No caso de defeitos locais, que afe-
tam apenas uma seção transversal da
estaca de concreto, o uso da tomogra-
fia é muito útil para visualizar e quantifi-
car a extensão e a localização exata da
anomalia. Tal informação pode auxiliar
na tomada de decisão quanto à execu-
ção de reforços para remediar a situa-
ção (Likins
et al.
, 2007).
4. CASOS DE OBRA
São apresentados os resultados de
ensaios
cross-hole
e análises tomográ-
ficas de três casos de obra. O primeiro
é relacionado às fundações do viaduto
Jacu-Pêssego em São Paulo (SP), o
segundo pertence às fundações do alto
forno de uma siderúrgica no Rio de Ja-
neiro (RJ) e o terceiro se refere às fun-
dações de um viaduto em Curitiba (PR).
4.1 Estacas do viaduto
Jacu–Pêssego em
São Paulo (SP)
Os ensaios CSL e as análises tomo-
gráficas em estacas foram empregados
u
Tabela 1 – Critérios de avaliação do concreto a partir do ensaio CSL
(adaptado de Likins et al., 2007)
Qualidade do concreto
Aumento do tempo de
chegada do sinal no receptor
Redução da energia
Boa
Entre 0 a 10%
Inferior a 6 db
Questionável
Entre 10 a 20%
Inferior a 9 db
Pobre (com falha)
Entre 20 a 30%
Entre 9 e 12 db
Pobre (com defeito)
Superior a 30%
Superior a 12 db
1...,62,63,64,65,66,67,68,69,70,71 73,74,75,76,77,78,79,80,81,82,...100
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