CONCRETO & Construções | 71
necessidade de verificar em detalhe a
qualidade da concretagem (Kormann
et
al.
, 2009).
Para a realização do ensaio, tubos
de acesso dispostos em arranjo circular,
paralelos entre si, devem ser instalados
próximo à periferia da estaca. Geralmen-
te são fixados na armadura longitudinal,
podendo ser constituídos de material
plástico ou metálico. Os tubos metálicos
são preferenciais aos plásticos devido
à sua melhor aderência ao concreto,
também por sofrer menor influência no
processo de cura do concreto (o mate-
rial plástico pode deformar com o calor
e eventualmente dificultar a passagem
das sondas). Os tubos, particularmente
os de PVC, devem ser preenchidos com
água por ocasião da concretagem com
o intuito de minimizar a ações de efeitos
térmicos. O funcionamento das sondas
emissoras e receptoras de ultrassom
também requer a presença de água no
interior dos tubos. O número total de
tubos de acesso depende tipicamente
do diâmetro da estaca (geralmente, um
tubo para cada 25-35 cm de diâmetro
da estaca ensaiada).
Uma sonda transmissora e uma
sonda receptora são posicionadas
no fundo de dois tubos. Em uma son-
da transmissora, pulsos elétricos são
convertidos em ondas ultrassônicas,
as quais são captadas por uma sonda
receptora e convertidas novamente em
sinais elétricos. As medições da trans-
missão de sinal dos pulsos elétricos são
armazenadas em uma unidade de con-
trole e aquisição de dados na superfície
(Antoniutti Neto
et al.
, 2004), denomi-
nada
Cross Hole Analyzer (CHA)
, con-
forme PDI (2004).
Os registros são realizados a cada
5,0 cm aproximadamente, como as
sondas sendo levantadas para a parte
superior da estaca. Os cabos ligados
às sondas são puxados, manual ou
mecanicamente, através de roldanas
codificadoras calibradas, que podem
determinar com precisão a profundi-
dade da sonda durante o ensaio. As
leituras coletadas a partir de um tubo
em relação a outro são chamadas de
“perfil”. São coletados perfis de todas
as combinações de tubos possíveis. O
método de ensaio é descrito em norma
americana ASTM D6760 (2016). A Fi-
gura 1 apresenta um esquema do fun-
cionamento do ensaio CSL, conforme
Kormann
et al.
(2009).
A sensibilidade da medição das on-
das é alta, sendo possível detectar o
tempo de trajeto de pulsos sônicos emi-
tidos a até 3,0 m de distância entre um
tubo de acesso e outro (i.e., velocidade
da onda no concreto), o que permite a
realização deste ensaio, por exemplo,
em estruturas de parede diafragma.
É possível ainda a realização de en-
saios em estacas de pequeno diâme-
tro, que se denomina
single-hole sonic
logging
(SSL). Nesse caso, faz-se uso
de apenas um tubo previamente ins-
talado no interior da fundação, o qual
recebe a sonda transmissora e a son-
da receptora, uma sobre a outra, se-
paradas por uma distância conhecida
e constante. Neste caso é preferencial
o uso de tubos de acesso de plástico,
devido à velocidade de propagação de
onda ser mais rápida no aço que no
concreto. Esse procedimento permite
que o concreto no entorno seja exami-
nado em todas as direções.
A interpretação dos resultados do
ensaio CSL exige experiência e com-
preensão das capacidades e limita-
ções do método. Velocidades de onda
(i.e., convertidas em energia, através
da integração do sinal ao longo de um
determinado tempo e distância entre
tubos de acesso) inferiores ao valor
esperado indicam a suspeita de um
concreto de resistência insuficiente, ou
da presença vazios.
Conforme Hajali & Abishdid (2014),
concretos homogêneos de boa qua-
lidade apresentam velocidade de
onda ultrassônica em torno de 3600 a
4000 m/s, podendo oferecer valores
u
Figura 1
Esquema do funcionamento do ensaio CSL (Kormann
et al.
, 2009)