CONCRETO & Construções | 23
2
GERSHENFELD, N. FAB; T
he
coming
revolution
on
your
desktop
- F
rom
personal
computers
to
personal
fabrication
. C
ambridge
-MA, B
asic
B
ooks
, 2005.
de controle numérico computadorizado
(CNC) para fabricação.
Gershenfeld
2
(2005), por sua vez,
em seu icônico livro
“FAB; The coming
revolution on your desktop – From per-
sonal computers to personal fabrica-
tion”
pondera que, graças à convergên-
cia da computação e fabricação, hoje
é possível converter bits em átomos,
imprimindo objetos a partir de suas
imagens ou modelagem virtual.
Neste artigo aborda-se a fabricação
digital aplicada à tecnologia do concreto
e suas perspectivas de desenvolvimen-
to, tomando-se como base os recentes
avanços e desenvolvimentos que vêm
ocorrendo em escala planetária.
2. O ESTADO DA ARTE DA
FABRICAÇÃO DIGITAL
Um dos primeiros projetos a ser
concebido e realizado digitalmente foi a
grande escultura em formato de peixe
projetada por Frank Gehry em Barce-
lona, no ano de 1992 (figura 1). Nessa
época o arquiteto já testava os limites
das ferramentas digitais na concepção
de seus projetos, mas ainda existiam
muitas barreiras na transposição de mo-
delos digitais para o canteiro de obras.
A solução apareceu com a adoção
de um software poderoso, o CATIA, ini-
cialmente desenvolvido pela Dassault
Aviation para a construção do caça Mi-
rage. Como ferramenta de modelagem
baseada na curva de Bézier, o CATIA
oferecia uma capacidade de análise de
superfícies que não existia em outros
softwares, além de permitir a planifica-
ção de superfícies curvas com precisão.
Para a fabricação da escultura de Gehry,
um consultor permaneceu na fábrica em
que foi produzida a estrutura metálica,
onde desenvolvia desenhos de fabrica-
ção a partir do modelo tridimensional
digital, que saiam de seu computador
diretamente para a linha de produção.
Embora o uso intensivo das ferra-
mentas digitais para a concepção de
projetos seja relativamente recente, ao
contrario do que indica o senso comum,
as ferramentas de fabricaço digital pos-
suem mais de 50 anos de existencia.
Em paralelo a disseminaço dos
computadores pessoais a partir do
comeco da decada de 1980, as tec-
nologias de fabricaço digital passaram
a ter um alcance ainda maior, com o
advento de sistemas de prototipagem
rápida, como a estereolitografia (SLA),
as cortadoras a laser e outros equipa-
mentos de comando numerico, que
passaram por um processo exponen-
cial de miniaturizaço e incremento de
seu potencial produtivo.
Esse salto culminou, ao final dos
anos 2000, com o aparecimento de
maquinas CNC cuja operaço, di-
mensões e custos eram muito mais
acessiveis, e passiveis de serem cha-
madas de equipamentos de fabricaço
pessoal (GERSHENFELD, 2005).
Analogamente à evoluço no uni-
verso dos computadores, que em 1950
ocupavam andares inteiros em edificios
e hoje são carregados no bolso, pode-
-se dizer que as maquinas de comando
numerico que pesavam toneladas e se
serviam de enormes
“mainframes”
, atu-
almente podem funcionar sobre a mesa
de um escritorio, conectadas a um
computador pessoal como, por exem-
plo, uma impressora 3D.
2.1 Processos de fabricação
A fabricação ou manufatura digital
é o termo genérico que engloba pro-
cessos distintos de manufatura que
possuem o fato em comum de faze-
rem uso de equipamentos e máquinas
de Comando Numérico Computadori-
zado (CNC).
Em linhas gerais, os processos de
fabricação digital podem ser classifica-
dos como sendo aditivos, subtrativos
ou conformativos.
Na manufatura aditiva, ou impres-
são 3D, o material de base é deposita-
do por extrusão (filamentos termoplás-
ticos ou materiais de base cimentícia),
processado por sinterização a laser ou
impresso por meio de aglutinantes apli-
cados sobre material em pó, camada
sobre camada, sucessivamente, for-
mando assim o objeto final.
Os processos subtrativos ocorrem
quando a conformação final do objeto
é obtida pelo desbaste e retirada do
material de base, como nos processos
tradicionais de usinagem. Fresadoras,
cortadoras a laser, jato d’água e plas-
ma são alguns dos equipamentos mais
utilizados nesse tipo de processo.
Já nos processos conformativos o
material de base não sofre desbaste, adi-
ção ou transformação de estado físico,
mas sua forma é alterada diretamente
pela deformação mecânica do material,
utilizando-se para tanto uma calandra ou
braços robóticos, por exemplo.
Em quaisquer dos processos de
manufatura digital, sejam eles aditivos,
subtrativos ou conformativos, a logica e
sempre a mesma: um modelo virtual e
gerado por computador (
CAD-Computer
Aided Design
ou Desenho Assistido por
Computador) e nele sao introduzidos os
parametros pertinentes a sua fabricaço
(
CAM-Computer Aided Manufacturing
ou
Manufatura Assistida por Computador).
Apos essa etapa o programa gera uma