Revista Concreto & Construções - edição 85 - page 16

16 | CONCRETO & Construções
A
ntonio
P
edreira
de
F
reitas
– A
vida inteira tive a característica de
ser ‘fuçador’, de buscar coisas
novas. Achava muito difícil a forma
tradicional de construir e não me
conformava de não poder existir
algo mais simples. Comecei a
procurar novidades em viagens
fora do país e em bibliografias
adquiridas. Achei muito interessante
as formas de executar prédios com
painéis de concreto, em viagens
à Colômbia e Venezuela em 1976.
Constatei, aliás, que a Venezuela,
era o único país onde o transporte
de painéis era feito por ferrovia,
apesar de ter o petróleo.
Me encantei com os painéis e
consegui alguns amigos que toparam
a empreitada de montar no Brasil
aquilo que tínhamos visto lá fora.
IBRACON
– H
avia
outros
sistemas
industrializáveis
igualmente
viáveis
?
N
o
contexto
da
construção
civil
brasileira
,
no
qual
a
mão
de
obra
é
abundante
e
o
sistema
do
concreto
convencional
predominante
,
por
que
trazer
para
o
país
um
sistema
industrializado
?
A
ntonio
P
edreira
de
F
reitas
– Foi
‘amor à primeira vista’ pelo sistema
de painel portante. Chegamos a ver
o sistema de Parede de Concreto
moldado
in loco
com fôrmas
metálicas, tão na moda hoje em dia,
mas o sistema de painel portante
era muito mais racional porque
pré-moldava tudo o que o sistema
de parede de
concreto fazia
com fôrma no
local.
Mesmo tendo
muita mão de
obra no país
na época, esta
não gerava
construção com
produtividade
e, no meu
entendimento,
com mais
produtividade
poderiam ser construídas muito
mais moradias para um mercado
carente de habitação. O objetivo
não era reduzir a mão de obra, mas
sim fazer com que esta construísse
cada vez mais.
Ao longo da minha vida, estudamos
e implantamos outros sistemas,
como o de pré-viga e pré-laje, lajes
de forro, produtos em argamassa
armada, uma gama de produtos
desenvolvidos nas indústrias em
que participei, primeiro a Cisa e
depois a Tangram. Em função dessa
gama de produtos pré-moldados
que desenvolvemos, os amigos
me chamavam carinhosamente
de “Professor Pardal” (em alusão
ao desenho animado – um galo
antropomorfo que inventava coisas
– criado por Carl Barks para Walt
Disney Company).
IBRACON
– O
sistema
de
P
ainéis
P
ortantes
P
-M
oldados
(PPPM)
foi
trazido
da
A
lemanha
.
Q
uais
problemas
tiveram
que
ser
enfrentados
,
como
eles
foram
resolvidos
e
quanto
tempo
isso
levou
para
que
o
sistema
estivesse
bem
adaptado
ao
clima
e
ao
contexto
construtivo
brasileiro
?
A
ntonio
P
edreira
de
F
reitas
– O
sistema de painel portante se
originou na Alemanha, mas foi
trazido para cá através do modelo
da Colômbia, que já o tinha
“tropicalizado”. Mesmo assim,
as dificuldades para implantar
o sistema no nosso país foram
muitas. Difícil de enumerar.
Tinha a ausência de norma
nacional. Isto foi resolvido com um
grande amigo, o grande engenheiro
de estruturas, professor Augusto
Carlos de Vasconcelos. Ele estudou
os projetos colombianos e fez
toda a memória de cálculo para
O GRANDE ENGENHEIRO DE ESTRUTURAS, AUGUSTO CARLOS
DE VASCONCELOS, ESTUDOU OS PROJETOS COLOMBIANOS E
FEZ TODA A MEMÓRIA DE CÁLCULO PARA VALIDAR E
DIMENSIONAR OS PRÉDIOS QUE SERIAM FEITOS AQUI
Painéis Portantes Pré-Moldados estocados para serem
usados na obra
ARQUIVO DA PEDREIRA ENGENHARIA
1...,6,7,8,9,10,11,12,13,14,15 17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,...100
Powered by FlippingBook