Revista Concreto & Construções - edição 83 - page 25

CONCRETO & Construções | 25
porque sabemos perfeitamente como
determinar e mitigar a RAA. Em
segundo lugar, porque os cimentos
hoje são fabricados com adições de
pozolanas ou escórias.
Com relação à normalização brasileira
da RAA, persiste uma dúvida. O
resultado do ensaio acelerado de certos
basaltos caracteriza-o como agregado
reativo. No entanto, não conhecemos
nenhuma obra que utilizou o basalto
que tenha apresentado reação álcali-
agregado. Essa questão precisa ser
ainda melhor estudada.
IBRACON
– É
possível
estimar
o
grau
de
incidência médio
da
RAA
em
obras
de
concreto
,
tendo
em
vista
a
proporção
de
jazidas
de
agregados
reativos
,
a
proporção
dos
tipos
de
cimentos mais
consumidos
e
a
umidade
relativa média
do
ar
no mundo
?
V
ladimir
A
ntonio
P
aulon
– Não. Uma
aluna que orientei fez uma pesquisa
de mestrado sobre as jazidas em São
Paulo e a RAA. Outro pesquisador
fez o mesmo no Paraná. Mas essas
pesquisas tem sempre escopo
regional. Por outro lado, existem vários
tipos de granitoides. Para ser reativo,
ele tem que ter o quartzo deformado.
Na região de São Paulo tem muito
granito com quartzo deformado.
Em Moxotó foi quartzo deformado.
Por sua vez, uma jazida pode ser
classificada como livre de quartzo
deformado, mas, com a continuidade
da escavação, pode aparecer alguma
porção com quartzo deformado.
O importante é tomarmos as medidas
preventivas. Na Promon institui que
todas as barragens de concreto
fossem construídas com concreto com
pozolanas, em quantidade suficiente
para eliminar a expansão pela reação
álcali-agregado.
IBRACON
– A
lém
da
RAA,
que
outras
linhas
de
pesquisa
você
perseguiu
na
U
niversidade
de
B
erkeley
?
V
ladimir
A
ntonio
P
aulon
– Na minha
pesquisa de doutorado, obtida em
1991, estudei a interface entre a pasta
de cimento e o agregado no concreto
por meio da microscopia eletrônica,
orientado pelo Prof. Paulo Monteiro.
No pós-doutorado, realizado em
2006 e 2007, voltei à Universidade de
Berkeley para estudar a reação álcali-
agregado no concreto das fundações
dos edifícios da região metropolitana
de Recife. Suspeitava que o problema
da fissuração, com aberturas
enormes em
alguns blocos
de fundação,
não fosse
causado apenas
pela RAA.
Verificamos,
com o Prof.
Paulo Monteiro,
que, além da
RAA, havia a
etringita tardia.
Verificando
a curva
adiabática dos
concretos usados nas fundações
dos edifícios em Recife, foi possível
constatar que, dependendo da
temperatura ambiente no momento
de lançamento do concreto, este
atingia temperaturas de até setenta
graus, condição para a formação da
etringita tardia. Com isso, a etringita,
composto expansivo formado durante
a hidratação do cimento, formava-se
também num momento posterior ao
da hidratação, provocando as fissuras
no concreto. A RAA e a etringita
tardia, combinadas ou não, explicam
a enorme variabilidade na abertura de
fissuras nos blocos de fundação das
edificações da região metropolitana
de Recife. Este trabalho está para
ser publicado.
IBRACON
– V
ocê
participa
regularmente
das
atividades
do
IBRACON. Q
ual
é
a
importância
do
I
nstituto
?
NA PROMON INSTITUI QUE TODAS AS BARRAGENS
DE CONCRETO FOSSEM CONSTRUÍDAS COM
CONCRETO COM POZOLANAS, EMQUANTIDADE
SUFICIENTE PARA ELIMINAR A EXPANSÃO PELA RAA
Bloco de fundação de edifício em Recife afetado por RAA,
onde se observa quadro fissuratório
CRÉDITO: SELMO KUPERMAN
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