Revista Concreto & Construções - edição 83 - page 24

24 | CONCRETO & Construções
e
da
extensão
das
consequências
estruturais
advindas
dela
?
V
ladimir
A
ntonio
P
aulon
– A química
da reação álcali-agregado não é
completamente conhecida. Suas
consequências, sim! A grande
lacuna no conhecimento é não
ser possível determinar o estágio
no qual se encontra a expansão
e quando ela terminará. Se
conhecêssemos a fundo a reação,
talvez, conseguiríamos determinar o
estágio atual da expansão e quando
ela terminaria.
Por outro lado, conhecemos
perfeitamente como evitar a RAA e
como detectar se um concreto tem
ou não RAA. Do ponto de vista da
engenharia, o importante é saber
como evitar. Basta adicionar uma certa
quantidade de escória ou de pozolana,
materiais que inibem a reação. Para
saber a quantidade necessária para
inibir a expansão
é preciso fazer
testes!
Sabemos
também como
lidar com uma
obra com
RAA. Prestei
consultoria para
um problema
no Aeroporto
de Palmas.
Suas pistas de
asfalto foram
empurradas
pelo concreto usado nos pátios de
estacionamento dos aviões, ficando
onduladas. Constatei que a reação
álcali-agregado, além de fissurar
todo o concreto, fez ele se expandir,
empurrando as pistas, inviabilizando-
as. Não sendo possível parar a
reação, a solução prescrita foi deixar
o concreto do estacionamento
continuar a se expandir livremente.
O problema no aeroporto era com
a restrição. Sugeri fazer várias
juntas no piso de concreto, após
consultar o projetista. Com as
juntas realizadas, o funcionamento
do aeroporto foi retomado. Visitei
novamente o aeroporto há um ano
e verifiquei que a sujeira bloqueava
as juntas realizadas, não deixando o
concreto expandir livremente. Sugeri,
então, a limpeza das juntas e tudo
voltou ao normal, porém a expansão
ainda continua.
Em pontes com RAA, a solução
adotada tem sido o reforço dos
pilares. Em fundações, também! O
cuidado a ser tomado nesses casos
é que o concreto usado no reforço
não seja feito com material reativo ou
seja feito com inibidores para evitar a
expansão pela reação álcali-agregado.
Não conheço casos nos quais havia
RAA e ela deixou de existir. Veja o
caso da barragem de Peti, construída
em 1946. Nela o concreto está
sujeito à reação ácali-agregado. Mas,
continua funcionando normalmente,
por causa das várias medidas
corretivas adotadas.
A RAA causa uma pequena
perda de resistência, mas uma
queda pronunciada no módulo de
elasticidade. Isto foi visto no estudo do
concreto da barragem de Ilha Solteira,
com vários teores de pozolonas.
O concreto afetado com RAA teve
sua resistência quase não alterada,
mas seu módulo de elasticidade
caiu drasticamente em relação ao
do concreto de referência. Por que a
resistência não cai? É um fato ainda
não bem explicado. Para mim, a
melhor hipótese é a de que os poros
e fissuras do concreto vão sendo
preenchidos pelo gel da RAA, que se
torna vítreo, com resistência maior do
que a do ar.
Por que não estou preocupado
com o que podemos encontrar em
termos de danos causados pela RAA
em estruturas? Em primeiro lugar,
A QUÍMICA DA REAÇÃO
ÁLCALI-AGREGADO NÃO É
COMPLETAMENTE CONHECIDA.
SUAS CONSEQUÊNCIAS, SIM!
Testemunho de concreto onde se observa gel porcelânico
esbranquiçado. Microscopia estereoscópica. Aumento 12x
CRÉDITO: ACERVO DA ABCP; GEÓLOGA ANA LÍVIA SILVEIRA
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