22 | CONCRETO & Construções
[NOS ENSAIOS DE ITAIPU] FOI
CONSTATADA A REAÇÃO ÁLCALI-SILICATO,
AO INVÉS DA REAÇÃO ÁLCALI-SÍLICA,
UMA NOVIDADE NO BRASIL
“
“
Havia outros problemas. Os pilares
eram moldados com duas fôrmas –
uma externa e outra, interna, redonda,
deixando espaço para drenagem da
água de chuva. No projeto original,
era colocada a fôrma interna de ferro,
que era puxada imediatamente após a
moldagem, causando irregularidades
na peça. Substitui a fôrma interna
de ferro por um tubo de PVC, que
permanecia na peça.
A vibração das fôrmas durante a
moldagem era feita com molas, o que
marcava as peças em seu movimento
dentro das fôrmas metálicas. Esse
sistema de vibração foi trocado para
que as peças não ficassem mal
acabadas.
A impermeabilização era feita com
cinco camadas de PVA, que facilitava
a oxidação das armaduras das peças.
Passou a ser feita com uma mistura
de resina acrílica com cimento.
As peças de 2,5 cm de espessuras
eram colocadas em pallets e
transportadas até a obra, gerando
no transporte muitas quebras,
problema que foi solucionado com a
modificação dos pallets e um manual
para recuperação das peças.
Na especificação original era proibido
o uso de aditivos, um consumo
mínimo de 650 kg de cimento por
metro cúbico de argamassa e relação
água/cimento máxima de 0,55. Mudei
para consumo máximo de 650 kg de
cimento por metro cúbico e máxima
relação água/cimento de 0,45, fácil de
ser obtida com o uso de aditivos.
Em Feira de Santana, não havia água
para a construção das peças. O
poço aberto acabou servindo como
cisterna, enchida com caminhões-
pipa. Havia ainda o problema com
a qualidade das areias da região.
Mesmo sem ter materiais adequados
e água suficiente, a fábrica de
Feira de Santana foi colocada em
funcionamento.
Minha vida nessa época consistia
em viajar no domingo, ir durante a
semana até os locais de implantação
das escolas, e, na sexta-feira, dar
aula na Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). Comecei a dar
aula na Unicamp, em 1972. De 75 a
76 fui professor na Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo, ano
em que voltei para a Unicamp, onde
me aposentei compulsoriamente.
Apesar de minha vida agitada como
consultor, o sagrado para mim era a
sexta-feira, por causa das aulas.
IBRACON
– S
ua
dissertação
de
mestrado
foi
sobre
a
reação
álcali
-
agregado
em
concreto
,
sendo
o
título
de mestre
obtido
em
1982. P
or
que
a
RAA
mereceu
sua
atenção
como
tema
acadêmico
naquele momento
?
V
ladimir
A
ntonio
P
aulon
– Meu
primeiro contato com a reação
álcali-agregado foi na construção da
barragem de Salto Osório. Uma parte
da jazida de agregados da região
apresentou amígdalas, preenchidos
com outro material. Verificamos que
eram agregados reativos. Como
houve necessidade de usá-los para
o fechamento das adufas, foram
tomados os cuidados preventivos
necessários para que o concreto
não apresentasse a reação álcali-
agregado, como o uso de um cimento
com baixo teor de álcalis.
Os primeiros estudos sobre RAA
no Brasil foram feitos quando da
construção da barragem de Jupiá.
Sob orientação do Roy Carlson,
foram efetuados ensaios de RAA
sob coordenação do Heraldo de
Souza Gitahy.
Em 1976, após não ter sido
constatada RAA nos ensaios
realizados no Brasil para a construção
de Itaipu, fui enviado para a
Universidade de Berkeley, para
acompanhar os ensaios realizados lá.
Neles foi constatada a reação
Vista da barragem de Salto Osório (Paraná)
CRÉDITO: TRACTEBEL