Revista Concreto & Construções - edição 82 - page 89

CONCRETO & Construções | 89
Os macacos aplicam pressão nessa
região, enquanto as deformações são
lidas para cada pressão aplicada. Com
esses pontos, a curva de tensão por
deformação pode ser traçada e, a par-
tir dela, o módulo de elasticidade pode
ser obtido. Um exemplo de aplicação
do teste é apresentado na Figura 1, em
que se notam os macacos superior e
inferior, as conexões com mangueira, a
bomba externa e os pontos de leitura
de deformação da alvenaria entre os
dois macacos.
Macacos planos foram adaptados
para estruturas de alvenaria na déca-
da de 80 na Europa, conforme traba-
lho de Rossi (1982). Noland; Atkinson;
Schuller (1990) afirmam que a partir de
1985 pesquisas se iniciaram também
nos Estados Unidos, indicando os dois
centros principais de aplicação da téc-
nica: Europa e Estados Unidos.
Após estudos que apresentaram a
eficiência da técnica para avaliações
estruturais, essa passou a ser larga-
mente utilizada. Rossi (1990) afirma
que, em menos de 10 anos de adapta-
ção da técnica, a mesma já tinha sido
utilizada na avaliação de mais de 50
monumentos históricos. Em 1990 hou-
ve um importante reconhecimento dos
macacos planos, surgindo as primeiras
recomendações sobre o tema: as RI-
LEM Lum D.2-90 (
“In-situ stress based
on the flat jack”
) e Lum D.3-90 (
“In-situ
strength and elasticity test based on the
flat jack”
), as quais foram posteriormen-
te atualizadas para RILEM MDT.4-04 e
MDT.5-04. Depois disso foram desen-
volvidas normas americanas, as ASTM
C1196-91 (
“Standard test method for
in-situ compressive stress within solid
unit masonry estimated using flat-jack
measurements”
) e C1197-91 (
“Stan-
dard test method for in-situ measure-
ment masonry deformability properties
using the flat jack method”
), ambas atu-
alizadas em 2009.
Para a realização dos testes, um
rasgo na junta de argamassa deve ser
feito para permitir a inserção do ma-
caco plano. Apesar desse dano na
estrutura, grande parte dos autores
considera a técnica como sendo não
destrutiva. A justificativa é que o dano
causado é pequeno e temporário, po-
dendo ser facilmente reparado após
a finalização do teste, mantendo-se a
integridade da estrutura.
Alvenarias modernas, na grande
maioria compostas por blocos vaza-
dos, também podem necessitar de
avaliação estrutural. Nesses casos,
macacos planos podem ser aplicados
devido às vantagens como: obtenção
de propriedades de maneira não des-
trutiva, testes realizados
in situ
sem a
necessidade de remoção de amostras,
teste de curta duração e confiabilidade
nos resultados. Entretanto, os equipa-
mentos tradicionais não permitem tal
aplicação devido a limitações geométri-
cas e de capacidade de pressão.
O macaco plano tradicional apre-
senta limitação geométrica na aplica-
ção de blocos vazados, pois, devido
ao seu desenho, atuaria também nas
regiões vazadas, o que faria com que
suas chapas se expandissem nessas
regiões, rompendo o equipamento sem
a necessária transmissão de pressão
ao corpo de prova. A Figura 2 apresen-
ta o macaco plano tradicional e indica
as regiões vazadas de um bloco de
concreto. A limitação de pressão ocor-
re porque o equipamento convencional
tem capacidade máxima de pressão
em torno de 7 MPa e, para alvenarias
modernas, a resistência das paredes
pode ser muito maior.
2. DESENVOLVIMENTO DE
UM NOVO MACACO PLANO
Conforme comentado, o equipa-
mento tradicional impossibilita a apli-
cação da técnica de macacos planos
em alvenarias de blocos vazados. Para
possibilitar a aplicação dessa técnica,
portanto, foi necessário desenvolver um
novo macaco. Nesse desenvolvimento,
buscou-se solucionar os problemas de
dimensões e formato das chapas de
transmissão de carga e de capacidade
de pressão.
Para impedir que o macaco aplicas-
se pressão nas áreas vazadas do blo-
co, projetou-se um equipamento com
formato e dimensões tais que aplicasse
u
Figura 2
Indicação do macaco plano tradicional e das áreas vazadas do bloco
de concreto
1...,79,80,81,82,83,84,85,86,87,88 90,91,92,93,94,95,96,97,98,99,...100
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