Revista Concreto & Construções - edição 81 - page 17

CONCRETO & Construções | 17
O PROJETO EXPERIMENTAL DE UMA PISTA DE CONCRETO
CONTINUAMENTE ARMADO, EXECUTADO EM JANEIRO NO CAMPUS
DA USP, É FRUTO DE DOIS ANOS DE ENTENDIMENTO COM VÁRIOS
ENTES DA INDÚSTRIA E DA CONSTRUÇÃO CIVIL
com a obra; viajávamos para o interior
paulista com frequência e pude ver
as máquinas operando, os cortes em
solos e rochas, as pontes, o asfalto
completando o cenário. Isso tudo me
encantava e gostava de brincar com
carrinhos simulando esse tipo de obra.
Foi aí que nasceu o gosto pela área.
Já as experiências em empresas
de projeto e obras rodoviárias me
proporcionaram o entendimento
prático do arranjo espacial das tarefas,
a busca por jazidas de solos, pedras
e areias, as usinas misturadoras, o
transporte e aplicação dos materiais.
Também me permitiram o entendimento
de que esses projetos e obras eram
multidisciplinares.
Por sua vez, a fundação de uma
empresa com colegas foi uma busca
por trabalhar em projetos e ensaios
de laboratório de uma maneira
mais integrada, com finalidades de
proporcionar aos clientes estudos mais
aprofundados e realizados com uma
visão além da normalização requerida.
Por fim, a escolha da carreira
acadêmica se deu quando me ficou
claro que somente em ambiente de
pesquisa é que se poderia de fato, com
o esforço reflexivo e intelectual, buscar
a construção de novos paradigmas
para os problemas de engenharia de
Transportes que me ocupavam.
IBRACON
– A
propósito
:
quais
foram
as
principais
lições
aprendidas
pelo
pesquisador
das
experiências
adquiridas
nessas
empresas
? Q
uais
projetos
foram mais marcantes
nesta
sua
fase
de
engenheiro
de
projetos
para
sua
carreira
profissional
? E
m
sua
visão
como
academia
e mercado
podem
e
devem
estreitar
relacionamentos
para o
estabelecimento
do
escopo
dos
projetos
de
pesquisa
?
J
osé
T
adeu
B
albo
– Essas experiências
na iniciativa privada me ajudam
até hoje como educador de jovens
engenheirandos. Uma das principais
lições aprendidas foi que a aplicação
cega de normas copiadas ou traduzidas
de especificações estrangeiras não
era lícita: era preciso desenvolver mais
conhecimento, coisa que naqueles
ambientes não se tinha como
atividades-fim. Por outro lado, projetos
como a restauração de trechos da BR-
153 (SP) e da BR-101 (MG) foram de
fato “escolas de aprendizado”. O mais
marcante foi coordenar o projeto de
restauração e reconstrução da Avenida
dos Bandeirantes, em São Paulo, bem
como atuar como consultor da obra,
devido às enormes complexidades de
drenagem e de tráfego, em uma época
que o rodoanel metropolitano ainda era
apenas discurso. Propusemos diversas
soluções de reconstrução, como uso
de pavimentos de concreto simples no
trecho mais inclinado, onde as trilhas de
rodas em revestimentos asfálticos eram
recorrentes, bem como outras soluções
em pavimentação semirrígida.
Quanto à atuação em parceria entre a
indústria e a academia, sou plenamente
favorável e entusiasta desse tipo
de iniciativa, assunto sobre o qual
tive excelentes lições do engenheiro
Francisco Sanz-Esteban, antigo
presidente da Associação Brasileira de
Cimento Portland (ABCP). O projeto
experimental de uma pista de concreto
continuamente armado, executado em
janeiro desse ano no campus da USP,
é fruto de dois anos de entendimento
com vários entes da indústria e da
construção civil (veja nesta edição
artigo sobre o assunto). A pesquisa
de infraestrutura de Transportes,
como é típica em minha carreira
conduzir, requer a experimentação
em verdadeira grandeza. Para isso
temos que pavimentar e instrumentar
pista em aeroporto, porto, rodovia ou
via urbana. Fiz isso inúmeras vezes,
inclusive de início com financiamento
de agência de fomento, coisa que
hoje está muito difícil, por inúmeras
razões, e não há como não convidar
e trazer o setor produtivo para o
nosso lado. Há na academia quem
não considere isso lícito, mas garanto
que sempre mantivemos em nosso
grupo total independência científica
e intelectual, o que, por vezes, não
agrada também. Há que conciliar
as partes para entendimentos das
metas e tarefas de cada setor e
estabelecimento das parcerias.
IBRACON
– V
ocê
se
dedicou
aos
temas
dos
pavimentos
rígidos
e
semirrígidos
desde
o
início
de
suas
pesquisas
científicas
. O
que
são
os
pavimentos
rígidos
e
os
pavimentos
semirrígidos
?
P
or
que
o
estudo
científico
desses
1...,7,8,9,10,11,12,13,14,15,16 18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,...116
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