Revista Concreto & Construções - edição 81 - page 9

CONCRETO & Construções | 9
u
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PERGUNTAS TÉCNICAS
Q
ual
a
especificação
e
o
controle
apro
-
priados
para
o
concreto
aplicado
a
fun
-
dações
,
considerando
lançamento
de
grande
altura
em
meio
fluido
(
polímero
ou
bentonita
),
ou
ainda
a
concretagem
contra
o
solo
,
mais
especificamente
no
caso
de
estacas
escavadas
de
grande
diâmetro
,
com
fluido
estabilizante
,
ou
estacas
hélice
-
contínua
monitoradas
?
CLOVIS SALIONI JUNIOR
D
iretor
P
residente
da
ABEF
Segundo a norma atual de fundações
ABNT NBR 6122, o concreto deve ter
consumo mínimo de 400kg por m
3
e
f
ck
20MPa. Como essa especifica-
ção contém em si uma incoerência
técnica grave é preciso atualizar.
Por um lado essa especificação é
muito antiga, da época que não se
falava de sustentabilidade do plane-
ta, se empregava agregados naturais
(areia grossa lavada de rio e seixo ro-
lado) e não existia aditivos e adições.
Por outro lado é muito ruim espe-
cificar o que não se pode medir, e
até hoje não existe no Brasil nem no
mundo, um método para medir con-
sumo de cimento no recebimento do
concreto fresco.
Portanto o ideal é especificar pro-
priedades mensuráveis e deixar por
conta do produtor do concreto quais
os materiais e em que quantidade
serão utilizados.
Considerações sobre tensões de
compressão no concreto de estacas:
u
me parece que as normas reco-
mendam que 80% dos esforços
verticais sejam resistidos pelo
atrito lateral e apenas 20% pelo
fuste comprimido. Muito difícil
que o fuste suporte tensões atu-
antes superiores a 6MPa. Fiz um
estudo de uma estaca tipo hélice
de 22m de profundidade e as ten-
sões no concreto, máximas, não
chegaram nem a 3MPa;
u
nas paredes diafragma o limitador
em geral é o tamanho dos equipa-
mentos que fazem que as espes-
suras mínimas sejam da ordem de
30cm (Clam Shell) e 60cm (Hidro-
fresa) até1,40m, creio eu. A resis-
tência à compressão do concreto
em peças fletidas (paredes dia-
fragma), em geral, tem pequena
importância frente à disposição e
taxa de armadura;
u
em sapatas e tubulões as tensões
no concreto ficam limitadas pelas
tensões resistentes do solo, ou
seja, algo sempre inferior a 2MPa,
em geral. Óbvio que no topo, no
encontro sapata-pilar ou encontro
sapata-bloco de fundação, onde
pode haver momentos e até tra-
ção, pode ser necessário tensões
mais elevadas no concreto(?);
Resumindo pode-se dizer, que nos
casos gerais, fck= 20MPa é mais que
suficiente para a maioria dos casos
de fundações (estacas) moldadas
com concreto no local.
Considerações sobre procedimento
executivo:
u
necessita-se de um concreto
fluido, auto adensável, coeso,
uniforme que se altere o mínimo
possível durante o lançamento;
u
para conseguir isso, simplisti-
camente falando, é preciso de
uns 450kg de finos por m
3
, ou
seja material de Dmax inferior a
0,150mm que pode ser cimento
(mas seria contra a sustentabi-
lidade do planeta) ou areia fina,
argila, silte, pó calcário, escória
moída,
fly ash
, metacaulim, silica
ativa, cal hidratada, certos aditi-
vos espessadores, etc.;
u
claro que se for realizado um estu-
do adequado de dosagem é possí-
vel melhorar ainda mais o concreto
usando conceitos de granulometria
contínua, densificação da massa, e
outros que reduziriam ainnda mais
a carência de finos.
Portanto porque usar cimento se é
possível usar outros materiais que
não poluem a atmosfera ou já a po-
luíram anteriormente durante a fabri-
cação (resíduos industriais) e hoje
seriam considerados entulhos polui-
dores também?
Concluindo a idéia é usar da ordem
de 200kg de cimento e o restante ou-
tros materiais finos.
Hoje, com o advento da norma de
concreto autoadensável ABNT NBR
15823, há total possibilidade de es-
pecificar as propriedades mensuráveis
de um concreto fresco destinado a es-
tacas e paredes diafragma (concreta-
gem submersa em presença de lama).
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