CONCRETO & Construções | 71
do detalhamento do projeto de fôrmas.
O repasse e solução de eventuais alte-
rações, inerentes ao processo de proje-
to, demandavam um trabalho eficiente
de coordenação, de modo a garantir a
solução prévia de problemas de interfa-
ce antes do início da construção.
A consistência e atualização dos
documentos, ainda que elaboradas
com auxílio de ferramentas CAD para-
métricas, que permitem a automação
da representação gráfica e quantifica-
ção dos materiais, requerem grande
esforço sendo comum a ocorrência de
divergência entre as informações conti-
das nos documentos.
O processo BIM provoca profundas
mudanças em relação à forma com que
os projetos são desenvolvidos, uma vez
que deixam de ser representados por
desenhos 2D e passam a ser simulados
por meio de modelos virtuais.
Seu uso fomenta um novo fluxo de
trabalho multidisciplinar, integrado e co-
laborativo, promovendo a interatividade
entre as diversas especialidades atuan-
tes no processo de projeto.
Nesse contexto, o modelo estrutu-
ral BIM é mantido em uma base co-
mum e compartilhada, desenvolven-
do-se progressivamente ao longo das
etapas de projeto, conforme represen-
tado na figura 4.
Essa abordagem colaborativa fa-
vorece a identificação, bem como a
prevenção, de possíveis problemas
de interface desde as etapas iniciais
do projeto, auxiliando a mitigar erros,
omissões, retrabalhos, e contribuindo
para redução dos ciclos de aprovação
1
e duração dos projetos.
O primeiro aspecto está relaciona-
do aos benefícios proporcionados pela
representação tridimensional. A visua-
lização 3D reduz consideravelmente o
esforço cognitivo necessário à percep-
ção dos objetivos e necessidades do
empreendedor. Facilita a transmissão
das intenções e premissas ao projetista
estrutural, assim como às empresas res-
ponsáveis pelas demais especialidades.
O intercâmbio de dados entre ferra-
mentas de autoria BIM usadas por dis-
tintas especialidades reduz o esforço
inicial necessário à entrada de dados.
Um elemento estrutural, definido ini-
cialmente em um projeto arquitetônico,
pode ser reconhecido automaticamen-
te pelas ferramentas BIM utilizadas pelo
projetista estrutural, assim como por
demais especialidades.
Esse conceito também se aplica ao
intercâmbio entre ferramentas de auto-
ria BIM e ferramentas de análise estru-
tural. Cada elemento estrutural contém,
além de definições geométricas e de
materiais, elementos analíticos asso-
ciados que podem ser exportados aos
aplicativos de análise estrutural.
Apesar de compartilhar informações
com o modelo estrutural BIM e possibi-
litar sua atualização, como, por exemplo,
a exportação das armaduras, o modelo
de análise deve ser mantido externamen-
te à base compartilhada, devido à res-
ponsabilidade técnica e civil associada.
Após a modelagem dos elementos
estruturais, armaduras e demais com-
ponentes, desenhos e quantitativos de
materiais passam a ser subprodutos do
modelo, gerados a partir de uma base
de dados coordenada. Eventuais altera-
ções no modelo são reproduzidas nos
documentos associados, garantindo a
consistência e atualização das informa-
ções contidas no projeto estrutural.
Na figura 5 apresenta-se um exem-
plo de Projeto de Detalhamento de Ar-
maduras (PDA), elaborado com suporte
de uma ferramenta de autoria BIM.
Diferentemente do processo tradi-
cional, no qual a representação gráfica
2D possibilitava o uso de simplifica-
ções, simbolismo e omissões de algu-
mas informações consideradas implíci-
tas (FERREIRA; SANTOS, 2007), como
no caso de barras corridas ou com
comprimento variável, no contexto BIM
cada componente deve ser modelado
de forma explícita.
2.1 O BIM no setor de obras
de edificações
Embora os benefícios proporcio-
nados pela representação 3D serem
u
Figura 4
Processo de projeto estrutural no contexto BIM
Fonte:
Elaborado pelo autor
1
F
oram
omitidas
as
atividades
de
análise
e
aprovação
do
projeto
estrutural
pelo
contratante
que
ocorrem
ao
longo
processo
de
projeto
com
base
no modelo
BIM.