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59º CBC
Na avaliação de Antônio Domingues de Figueiredo sobre
as palestras de di Prisco e Mobasher, o uso dos modelos
apresentados não se restringe a pesquisas acadêmicas e
aos trabalhos de laboratório, mas são diretamente aplicados
ao projeto de obras de arte especiais em concreto. “Já está
mais do que na hora de deixarmos os modelos de dimen-
sionamento propostos há décadas e passarmos a usar nas
obras do país esses novos modelos propostos”, concluiu.
Por sua vez, o Prof. Fernando Branco, em sua palestra
no IV Seminário “Pesquisas e Obras em Concreto Autoaden-
sável”, ressaltou que, apesar de o uso de fibras no concreto
estrutural aumentar sua resistência à tração, ele diminui sua
trabalhabilidade, o que faz do concreto autoadensável uma
boa opção para ser reforçado com fibras, por garantir a esta-
bilidade das misturas, manter a trabalhabilidade e otimizar o
comportamento reológico do concreto. A aplicação do con-
creto autoadensável reforçado com fibras no projeto da pista
de patinação de gelo do Park Shopping Canoas foi apresen-
tada no IV Seminário pelo engenheiro Carlos Britez, da PhD
Engenharia. Britez mostrou o estudo de dosagem feito por
sua equipe para se conseguir uma taxa de incorporação de
ar de 4,5%, como recomenda a norma (ACI 201.2R-08) para
o caso de estruturas de concreto submetidas a gelo/degelo
(a pista de patinação consistia de uma laje de concreto com
uma serpentina incorporada no seu interior, razão do uso das
macrofibras de aço). “Houve uma dificuldade de se alcan-
çar a taxa de 4,5% devido ao uso de superplastificantes”,
explicou Britez, que também expôs como foi superado os
desafios de se obter um adensamento de 62 cm, uma tem-
peratura máxima de lançamento do concreto abaixo de 25ºC
e uma resistência à compressão aos 28 dias de 70MPa.
A afinidade mútua entre o concreto autoadensável e as fi-
bras foi também destacada pelo mestrando da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Eng. Augusto Gil, no IV
Seminário, que apresentou várias propostas de métodos de
dosagem do concreto autoadensável com fibras, de modo a
assegurar suas propriedades construtivas. Outras palestras
deste Seminário, que teve a coordenação do professor da
Unisinos e diretor de eventos do IBRACON, Prof. Bernardo
Tutikian, versaram sobre os custos envolvidos na aplicação do
concreto autoadensável na indústria de pré-fabricados (Eng.
Jadna Fuchter, da Votorantim Cimentos), a nova geração de
aditivos para concretos fluidos com traços convencionais (Quí-
mico Mateus de Souza Guerra, da GCP Applied Technologies)
e as pesquisas que vem sendo realizadas com o emprego de
resíduos de construção e demolição e com subprodutos in-
dustriais em concreto autoadensável, para tornar o CAA de
alto desempenho e com menor impacto ambiental (Prof. Paulo
César Correia Gomes, da Universidade Federal de Alagoas).
Por fim, durante o 59º CBC foi oferecido aos congressistas
um curso sobre especificação de projeto em concreto refor-
çado com fibras, promovido conjuntamente pelo IBRACON e
RILEM. Com carga horária de doze horas, o curso foi ministra-
do pelos professores Di Prisco, Mobasher e Thomaz Buttignol.
DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS
Coube também ao Prof. Fernando Branco abordar o tema
da durabilidade das estruturas de concreto em sua conferên-
cia plenária no 59º CBC. Segundo ele, o maior desafio atual
para os engenheiros civis é projetar estruturas com durabili-
dade. Em sua palestra, Fernando Branco, que é presidente
da IABSE (International Association for Bridge and Structu-
ral Engineering), mostrou os estudos e cuidados tomados
por sua equipe para o projeto e execução da Ponte Vasco
da Gama, sobre o Rio Tejo, em Lisboa, projetada para du-
rar 120 anos, com baixa manutenção. As normas de projeto
estipulam uma vida útil de 50 anos para as estruturas de con-
creto, por meio de medidas construtivas, como a relação água/
Prof. Barzin Mobasher lota auditório da Fundaparque nas
Conferências Plenárias do 59º CBC
Eng. Carlos Britez apresentando estudos de dosagem do concreto
para congressistas