CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017 | 51
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encontros e notícias |
CURSOS
inspeçã e manutenção
Ensaios não destrutivos para
identificação de armaduras em
elementos de concreto armado
CLAUDIUS S. BARBOSA – P
rofessor
e
consultor
E
scola
P
olitécnica
da
USP
PETRUS GORGÔNIO B. DA NÓBREGA – P
rofessor
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1. INTRODUÇÃO
C
om o desenvolvimento da
economia e o crescimento
das cidades, aumentando
vertiginosamente o valor do metro qua-
drado nos grandes centros, cada vez
mais se observa na construção civil a
utilização de edificações existentes– e
que foram projetadas para uma utiliza-
ção específica– adaptadas a uma nova
função. Essa alteração muitas vezes vai
além da simples alteração da disposi-
ção do ambiente e, comumente, ocorre
a adoção de ações acima dos valores
previstos em projeto em alguma área
ou, quando se torna mais relevante, em
toda a edificação.
Em edifícios recém-construídos,
principalmente aqueles em que os de-
senhos de forma e de armação estão
em arquivos digitais, a equipe técnica
pode ter dados suficientes para a rea-
lização de uma nova análise estrutural.
Em edifícios mais antigos, muitas vezes
o projeto estrutural não está dispo-
nibilizado no todo ou em parte, e até
existe a possibilidade de alguns dese-
nhos estarem ilegíveis, dificultando o
conhecimento de informações neces-
sárias a esta fase de procedimentos.
Por outro lado, caso as informações
sobre o detalhamento das armaduras
estejam facilmente disponíveis, pode
haver o interesse (ou dúvida) de algu-
mas das partes envolvidas no processo
para ratificar a qualidade da execução
da estrutura e, dessa maneira, invaria-
velmente, mostra-se necessária a con-
ferência da posição, diâmetro e cobri-
mento das barras de aço. Ainda, para
a extração de testemunhos de concre-
to, técnica essencial para determinar a
resistência à compressão do concreto
em uma estrutura já construída, faz-se
necessário o conhecimento da posição
e arranjo das barras de aço a fim de
evitar conflito com a armadura durante
essa extração.
Um exemplo importante que pode
ser citado é o do edifício que abrigava
a Companhia Sul América de Seguros,
projetado em 1922, localizado na Rua
Quitanda, na cidade do Rio de Janeiro
e vencedor de prêmio pela execução
do
retrofit
no ano de 2012. O edifício foi
modernizado e hoje abriga escritórios
de empresas nacionais e estrangeiras.
Outros exemplos desse tipo de reade-
quação podem ser encontrados em
grandes cidades brasileiras, como o
Edifício 740 Anastácio e a Subestação
Riachuelo – Red Bull Station, ambos
em São Paulo.
2. TÉCNICAS E EQUIPAMENTOS
COMUMENTE EMPREGADOS
Intuitivamente, a maneira mais di-
reta de se obter informação sobre as
barras da armadura de um elemento
estrutural qualquer é por meio da retira-
da da camada superficial do concreto,
deixando-as à mostra.
Essa tarefa, embora simples, de-
manda muita energia dos executo-
res, cuidados para não causar danos
à estrutura e, por fim, a necessida-
de posterior de recuperação para
garantir o desempenho estrutural e
sua durabilidade.
Tal técnica, bastante utilizada ao
longo dos anos – e ainda hoje, em ca-
sos específicos – é conhecida como
“escarificação”. Na Figura 1 está ilus-
trado um pilar de concreto armado que
sofreu a remoção do seu cobrimento
para identificação das barras.
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Figura 1
Pilar com a camada de
cobrimento removida para
identificação das barras de aço