54 | CONCRETO & Construções | Ed. 86 | Abr – Jun • 2017
diferentes da emitida. A antena recep-
tora é a responsável pela determina-
ção do tempo de percurso da onda
e pela análise dos dados de retorno.
Dependendo do aparelho utilizado e
dos softwares de análise de dados,
podem-se gerar superfícies tridimen-
sionais oriundas da movimentação das
antenas sobre o elemento de concreto.
A visualização em tempo real é possível
dependendo do tipo de aparelho utiliza-
do. Além das limitações atribuídas à téc-
nica anteriormente descrita, a utilização
de concretos com idades baixas podem
afetar os resultados em função de suas
características de condução e, mais
uma vez, alerta-se para a importância
da interpretação dos resultados obtidos
e da experiência do executor do ensaio.
Na Figura 5 está apresentado um
mapa resultante do tratamento de da-
dos após a execução de um ensaio
com GPR, desenvolvido por Hasan e
Yazdani (2014).
As técnicas descritas anteriormen-
te tornam-se pouco ágeis para levan-
tamentos de grandes superfícies, pois
ainda são muito dependentes da mão
de obra e da análise dos resultados.
Comparando-se a pacometria e o GPR,
Hamasaki et al. (2003) concluem que:
a) A localização da posição das barras
por ambos os métodos é satisfató-
ria, com uma precisão de ±10 mm;
b) O diâmetro das barras é identificado
com uma variação de aproximada-
mente ±3 mm;
c) A camada de cobrimento também foi
obtida com uma precisão de ±10 mm,
mas, neste caso, o manuseio dos equi-
pamentos por mão de obra treinada há
mais tempo levou a menores erros;
d) O estudo intensivo de técnicos
especializados durante 1 semana,
na maioria dos casos, garante um
bom resultado.
3. METODOLOGIAS EM
DESENVOLVIMENTO
Ainda com o custo mais elevado que
as técnicas descritas anteriormente, ou-
tras duas metodologias se notabilizam
pela promissora maior agilidade no le-
vantamento das armaduras, apesar de
ainda serem pouco utilizadas comercial-
mente: a termografia e a radiografia.
O conceito da termografia é induzir o
elemento estrutural a um aquecimento,
pois o aço das barras altera o fluxo de
calor na região. Para isso, a metodologia
pode utilizar ar quente, radiação infraver-
melha ou outras fontes, mas que geram
alguma dificuldade em função das maio-
res ou menores dimensões das peças ou
áreas a serem analisadas. Após o aque-
cimento da superfície, uma câmera de
termovisão é utilizada para inspeção da
superfície, que são separadas em zonas
com temperaturas diferentes. Szymanik
et al. (2016) apresentaram um estudo em
que foi utilizada a termografia infraver-
melha para detecção de barras, com a
utilização de micro-ondas. Essa técnica
tem uma restrição relativa à profundidade
da locação das barras (além de 20 mm),
limitando sua aplicação àquelas locali-
zadas superficialmente no elemento de
concreto. Mostra-se uma técnica mais
eficiente para a determinação da posição
e direção das barras, mas ainda alta-
mente dependente da interpretação dos
resultados, que poderia ser facilitada por
meio de uma metodologia complementar
como, por exemplo, a pacometria.
Já a radiografia seria um método
muito eficiente, mas complicado de se
aplicar em função do perigo causado ao
operador. Novas técnicas estão sendo
desenvolvidas e testadas para melhorar
a eficiência do processo de detecção
de barras, seu diâmetro e cobrimento,
como os sistemas com raios-x ou raio-
-gama, ou ainda a radiografia nêutron,
que permite identificar detalhes e mate-
riais internos no elemento de concreto.
O fluxo de radiação, nesses casos, que
passa por um objeto seria atenuado de
acordo com o tipo de material e o di-
ferencial registrado, revelando detalhes
da composição do elemento estrutural.
Atualmente, estão ocorrendo reu-
niões da Comissão Técnica Setorial de
Construção Civil da Associação Brasi-
leira de Normas Técnicas (ABNT) para
discussão de documentos de norma-
lização, inclusive com a elaboração de
um projeto de norma de radiografia de
estruturas em concreto.
4. EXEMPLO DE APLICAÇÃO:
ACERTOS E LIMITAÇÕES
Um caso de sucesso foi obtido em
uma estrutura de concreto pré-fabricado
em que as vigas se apoiavam nos con-
soles dos pilares. Durante a instalação
das vigas, observou-se a formação de
fissuras na interface consolo-pilar, o que
levou a equipe de montagem a suspeitar
de anomalias no processo de fabricação
dos elementos. A armação especificada
em projeto deveria ser constituída por
um tirante e estribos verticais e horizon-
tais, sendo ela responsável por transmitir
toda essa reação da viga ao pilar. Nessa
obra existiam 4 tipos de consoles, de-
pendendo da interação com os pórticos.
Quando da existência de um console
apenas, num dos lados do pilar, a ar-
madura do tirante seria ancorada com
gancho, como indica a Figura 6.
A verificação da posição e diâmetro
das barras de aço do tirante por meio
da pacometria se mostrou complica-
da, tanto pela elevada concentração
de barras de aço, devida ao pequeno
espaçamento entre elas, como pela
profundidade em que se encontravam
os tirantes em relação à superfície da
estrutura. Além disso, como indicado