70 | CONCRETO & Construções
2.1 Métodos para avaliação
e análise
Founier e Bérubé [1] indicam que a
investigação detalhada de RAA em estru-
turas deve abranger inspeção visual de-
talhada, petrografia, ensaios mecânicos,
ensaios de expansão de testemunhos,
medições de álcalis e investigações es-
truturais. As atividades realizadas foram
estruturadas de forma semelhante, como
demonstrado pelos itens a seguir.
I
nspeção
visual
A inspeção visual realizada na Bar-
ragem de Pirapora compreendeu o ma-
peamento das anomalias apresenta-
das pelas estruturas de concreto, bem
como a classificação de suas caracte-
rísticas e sua quantificação.
Para esse fim, as estruturas foram
acessadas através de técnicas de al-
pinismo industrial por profissionais que
coletaram, entre outras informações, o
tipo, as dimensões, a localização pre-
cisa e a criticidade de cada anomalia
segundo um padrão pré-estabelecido.
Os dados obtidos foram registrados em
planilhas e desenhos.
C
aracterização
das
propriedades
do
concreto
Antes da realização dos ensaios la-
boratoriais, os testemunhos de concre-
to tiveram sua homogeneidade e com-
pacidade avaliadas por meio do ensaio
de ultrassom, seguindo as prescrições
das normas ABNT NBR 8802:2013
(Concreto endurecido — Determina-
ção da velocidade de propagação de
onda ultrassônica) e ASTM C597-09
(
Standard Test Method for Pulse Veloci-
ty Through Concrete
).
As amostras foram ensaiadas atra-
vés do método direto, utilizando a fre
quência de 54 Hz. O ensaio consiste, de
forma simplificada, na emissão de ondas
ultrassônicas por um circuito gerador-re-
ceptor, que as transmite para as amos-
tras através de um transdutor emissor
e as recebe através de um transdutor
receptor. O tempo necessário para que
as ondas atravessem um comprimen-
to conhecido do material é registrado
pelo equipamento, que calcula sua ve-
locidade de propagação. A velocidade
das ondas é relacionada à qualidade do
concreto quanto à sua compacidade e
homogeneidade e é fortemente reduzi-
da pela presença de vazios e fissuras no
interior das amostras.
Adeterminação da absorção de água,
do índice de vazios e da massa específica
do concreto foi realizada conforme a nor-
ma ABNT NBR 9778:2009 (Argamassa
e concreto endurecidos - Determinação
da absorção de água, índice de vazios e
massa específica). Os resultados foram
analisados pelos parâmetros do CEB 92
[2] e indicam a qualidade do concreto
em relação a essas propriedades, que
influenciam sua durabilidade.
Como apontado por Mehta e Mon-
teiro [3], a expansão e a fissuração do
concreto em decorrência de reações
expansivas podem levar à perda de re-
sistência e do módulo de deformação.
Estudos reportam perda de 40% a 80%
da resistência à tração do concreto [1].
Langdon e Marzouk [4] afirmam
ainda que o tipo de agregado (alta-
mente ou moderadamente reativo),
assim como o tipo de concreto (re-
sistência normal ou alta resistência),
são parâmetros que influenciam for-
temente a redução das propriedades
mecânicas do material. Dessa forma,
a resistência à compressão axial, o
módulo de elasticidade e a resistên-
cia à tração do concreto foram avalia-
dos após a extração de testemunhos
das estruturas.
A
nálise
petrográfica
,
microscopia
estereoscópica
e ótica
,
e microscopia
eletrônica
de
varredura
(MEV)
Para a identificação das reações
expansivas no concreto, é fundamen-
tal a realização da análise petrográfi-
ca do concreto combinada a técnicas
como MEV. Através delas, é possível
verificar não só a reatividade potencial
dos agregados, mas a presença de
eventuais produtos das reações, entre
outros itens. Os ensaios, guiados pe-
las normas ABNT NBR 15577-3:2008
(Agregados – Reatividade álcali-agre-
gado. Parte 3: Análise petrográfica para
verificação de potencialidade reativa
de agregados em presença de álcalis
do concreto) e ASTM C856-83:1983
(
Standard Practice for Petrografic
Examination of Hardened Concrete
), fo-
ram realizados pela ABCP (Associação
Brasileira de Cimento Portland).
D
eterminação
dos
teores
de
álcalis
Através desse ensaio, obtêm-se os
teores de álcalis solúveis e totais, bem
como o equivalente alcalino em Na
2
O.
Dado que a RAA consome os álcalis
do concreto ao se desenvolver, o valor
do equivalente alcalino pode ser utili-
zado para avaliar o progresso da rea-
ção: quanto menos álcalis restantes no
material, menor a degradação adicional
potencialmente provocada pela RAA ao
longo do tempo.
D
eterminação
da
expansão
residual
em
corpos
de
prova
de
concreto
O ensaio, realizado ao longo de
um ano, acelera em laboratório a