CONCRETO & Construções | 73
0,075±0,015%, valor baixo e que não
torna necessária a aplicação de medidas
mitigadoras de forte intensidade no mo-
mento. O equivalente alcalino em Na
2
O
médio, calculado a partir do teor de álca-
lis totais das amostras, no entanto, é de
2,66±0,55%, valor notavelmente maior
do que o limite normativo de 0,6%.
D
eterminação
da
expansão
residual
em
corpos
de
prova
de
concreto
Verificou-se que a expansão residu-
al das amostras foi muito baixa, atingin-
do 0,1% após o período de um ano de
ensaio. O limite para expansão nesse
período é de 0,4%. Como os resulta-
dos encontrados são inferiores a 0,4%,
pode-se afirmar que a expansão resi-
dual das amostras se apresenta dentro
do limite admissível.
4. DISCUSSÃO
Os resultados obtidos permitem
verificar que o concreto das amostras
analisadas apresentou bom desempe-
nho quando submetido ao ensaio de
ultrassom, o que indica a ausência de
fissuração e falhas de concretagem no
interior dos testemunhos, bem como
compacidade boa a alta. De acordo
com o padrão indicado por Cánovas
[5], as amostras analisadas são classi-
ficadas como de qualidade alta à durá-
vel em relação à sua homogeneidade
e compacidade.
Quanto ao índice de vazios, proprie-
dade que também pode ser relaciona-
da à compacidade, o concreto apre-
sentou qualidade moderada a boa. Sua
absorção de água, no entanto, variou
de média a alta.
É valido mencionar que a norma
brasileira para projetos de estruturas de
concreto (ABNT NBR 6118) incorpo-
rou em 2003 critérios que consideram,
além da capacidade resistente da es-
trutura, sua durabilidade frente ao am-
biente, refletindo as mudanças na per-
cepção da comunidade técnica. Como
a Barragem de Pirapora foi inaugurada
na década de 50, a versão citada da
norma não estava em vigor na época
da construção e não foi considerada no
projeto. Ainda assim, esses conceitos
são de grande importância e devem ser
aplicados na análise da estrutura.
Verificou-se que a resistência à
compressão média das amostras foi
igual a 33,7±6,2 MPa, menor do que
os 40 MPa atualmente recomenda-
dos pela ABNT NBR 6118:2014 para
concreto exposto à Classe de Agres-
sividade Ambiental IV. Na ausência de
registros do módulo de elasticidade
do concreto especificado à época da
construção, foi realizada uma compara-
ção entre os resultados obtidos e valo-
res teóricos calculados de acordo com
a ABNT NBR 6118:2014. Constatou-se
que o módulo de elasticidade secante e
o módulo de elasticidade tangente do
concreto, ambos experimentais, foram
maiores do que os módulos teóricos,
mostrando-se próximos aos valores in-
dicados na Tabela 8.1 da norma para
concretos de classe C30 e C35 (E
ci
=
32±3 GPa e E
cs
= 29±3 GPa).
A resistência à tração obtida expe-
rimentalmente por compressão diame-
tral resultou no valor médio de 3,2±0,3
MPa, ou seja, 5% maior do que o va-
lor teórico calculado de acordo com a
ABNT NBR 6118:2014 [6], com base
na resistência à compressão obtida nos
ensaios previamente descritos. Como
a resistência à tração e o módulo de
elasticidade do concreto não foram re-
duzidos em relação a seus valores teó-
ricos, como poderia ocorrer em função
da ocorrência de RAA e DEF, pode-se
afirmar que as reações expansivas não
afetaram significativamente essas pro-
priedades do material.
É importante destacar que a rea-
lização dos ensaios de ultrassom nos
testemunhos é particularmente reco-
mendável por possibilitar a comprova-
ção de sua integridade antes da deter-
minação da resistência à compressão
axial. Como o valor dessa propriedade
foi utilizado para o cálculo dos valores
teóricos de resistência à tração e mó-
dulo de elasticidade, nota-se que um
comprometimento na avaliação da re-
sistência à compressão do concreto
afetaria a análise de todas as proprie-
dades mecânicas analisadas.
Através da análise petrográfica veri-
ficou-se que, além da RAA, o concreto
apresenta DEF. O baixo teor de álcalis
solúveis, porém, indica que há poucos
álcalis disponíveis para a continuida-
de da RAA no momento. De fato, as
amostras foram aprovadas na avaliação
da expansão residual, indicando que o
quadro patológico decorrente das re-
ações expansivas não deve evoluir de
forma significativa futuramente.
5. CONCLUSÕES
Conclui-se que a Barragem de Pira-
pora possui um quadro fissuratório sig-
nificativo, além de anomalias de menor
gravidade como disgregação e desgas-
te superficial do concreto, identificadas
na inspeção visual.
Conclui-se ainda que o concreto da
Barragem de Pirapora apresenta expan-
são por RAA e DEF, mas suas proprie-
dades mecânicas não se encontram
comprometidas, e que não é esperada
evolução significativa das reações ex-
pansivas, contanto que os álcalis totais
não sejam liberados para o meio.
Quanto às demais características
referentes à durabilidade do material
analisadas, verificou-se que o concreto,