Revista Concreto & Construções - edição 83 - page 69

CONCRETO & Construções | 69
1. INTRODUÇÃO
A
ocorrência de reações ex-
pansivas no concreto da Bar-
ragem de Pirapora foi diag-
nosticada na década de 1990, após a
ampliação da divulgação desse fenôme-
no no meio técnico. Os sintomas visuais
dessas reações concentram-se princi-
palmente nos vertedouros, nos contra-
fortes e na região das vigas munhão. A
preocupante possibilidade de o avanço
do quadro patológico prejudicar o fun-
cionamento das comportas norteou o
desenvolvimento de um amplo estudo.
O presente artigo expõe a caracteri-
zação do concreto da barragem e as rea-
ções expansivas que o afetam, decorren-
tes da reação álcali-agregado (RAA) e do
aporte de sulfatos. A divulgação de técni-
cas efetivamente aplicadas em casos de
estruturas reais, bem como dos resulta-
dos obtidos e de sua interpretação, é de
grande valia na determinação do curso
de ação em situações semelhantes. Des-
sa forma, objetiva-se não só apresentar
o trabalho desenvolvido, mas também
expor como alguns dos ensaios ampla-
mente estudados academicamente po-
dem ser utilizados por profissionais da
área de Engenharia Civil que diagnosti-
cam estruturas com reações expansivas.
2. INVESTIGAÇÃO DA REAÇÃO
ÁLCALI-AGREGADO NA
BARRAGEM DE PIRAPORA
A Barragem de Pirapora, localizada
em Pirapora de Bom Jesus, em São
Paulo, foi construída em 1956, visando
reter as vazões do Rio Juqueri e apro-
veitá-las para a geração de energia para
a Usina Henry Borden, em Cubatão, em
São Paulo. Trata-se de uma barragem
de gravidade executada em concreto
armado, constituída por contrafortes e
por uma parede de base larga, à qual se
integra um vertedouro com dois vãos. A
barragem possui cerca de 85 m de ex-
tensão na crista e 25 m de altura. A Fi-
gura 1 ilustra a Barragem de Pirapora.
A investigação do quadro patológi-
co da Barragem de Pirapora, iniciada
em 2013, foi estruturada em 11 etapas:
1. Coleta e análise dos dados de
projeto, construção, operação e
instrumentação;
2. Inspeção visual, cadastramento de
anomalias nas estruturas e execu-
ção de ensaios não destrutivos;
3. Ensaios dinâmicos para determina-
ção das propriedades mecânicas
das estruturas;
4. Modelos matemáticos e calibração
com os resultados experimentais;
5. Avaliação da segurança estrutural;
6. Caracterização dos parâmetros da
RAA e dos materiais constituintes;
7. Elaboração de modelo matemático
tridimensional e simulação do com-
portamento da barragem;
8. Avaliação das alternativas para
mitigação;
9. Simulação por meio dos modelos
matemáticos calibrados das possí-
veis intervenções nas estruturas;
10.Projeto básico para execução da
solução adotada;
11.Elaboração de projeto de monitora-
mento de longo prazo.
O presente artigo aborda as etapas
2 e 6.
u
inspeção e manutenção
Avaliação de RAA na
barragem de Pirapora
MARCELA B.S. SOLLERO – S
upervisora
O
peracional
• LILIAN Q.G. BAIMA – G
erente
O
peracional
• HELOISA BOLORINO – D
iretora
CONCREMAT E
ngenharia
e
T
ecnologia
S.A.
u
Figura 1
Lado jusante (a) e lado montante (b) da barragem de Pirapora
b
a
1...,59,60,61,62,63,64,65,66,67,68 70,71,72,73,74,75,76,77,78,79,...100
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