Revista Concreto & Construções - edição 82 - page 73

CONCRETO & Construções | 73
A Figura 16 detalha a ocorrência
de corrosão e fissura por elemento
de concreto armado inspecionado. É
possível observar que a maior parte
das fissuras foi observada nas lajes,
que são elementos com maior super-
fície exposta aos efeitos nocivos do
ambiente no qual o empreendimento
está situado. As inspeções de campo
permitiram inferir que este quadro de
fissuração pode ser atribuído a movi-
mentações não previstas na estrutura
da coberta.
A corrosão de armaduras de lajes
foi outro problema com um grau de
gravidade considerável, sendo fruto
de trechos com cobrimento de con-
creto muito pequeno. Os valores dos
cobrimentos observados nas inspe-
ções realizadas foi inferior a 2,5cm, de
acordo com a NBR 6118:2014, para
classe de agressividade ambiental III,
deve ter 3,5cm para lajes e 4,0cm
para vigas e pilares, o que se constitui
num parâmetro que torna o elemento
estrutural vulnerável aos ataque dos
agentes agressivos contidos no meio
ambiente. Problema similar é referido
por Kinoshita (2008) no estudo das
anomalias encontradas no estádio Pa-
caembu, em São Paulo, associado às
falhas executivas e de manutenção, o
que provavelmente aconteceu com o
estádio Geraldão.
O fato da laje do pavimento inter-
mediário ser como uma espécie de
caixão vazio também colaborou para
criar ambientes propícios ao surgimen-
to de corrosão, ocultando por algum
tempo os problemas existentes, como
possíveis vazamentos. Some-se a isso
a dificuldade de realizar operações ro-
tineiras de manutenção (por exemplo,
das tubulações hidrossanitárias), que
a solução estrutural adotada impunha
ao empreendimento.
Segundo Sitter (1984), na conheci-
da lei de Sitter, os custos de correção
de um problema em uma estrutura de
concreto armado crescem segundo
uma progressão geométrica de razão
cinco. Ou seja, quanto mais cedo se
começa prevenir os processos de de-
gradação ou reabilitar a estrutura, maior
será sua vida útil e mais econômica
será seu processo de reabilitação.
Em se tratando da recuperação do
ginásio em estudo, pode-se aplicar a
Lei de Sitter, estimando quais seriam
os reais gastos caso se tivesse leva-
do em consideração as manutenções
preventivas e possíveis correções,
tanto na fase de projeto quanto de
execução, baseados no custo atual
(Figura 17).
Por fim, a Lei de Sitter mostrou
que, caso as manutenções preven-
tivas não fossem desprezadas pelos
governantes e os gestores do giná-
sio de esportes, os custos seriam
cinco vezes menores com relação
u
Figura 15
Percentuais das manifestações
patológicas encontradas no ginásio
58%
36%
6%
Fissuras
Oxidação das armaduras
Outros
u
Figura 16
Percentuais das manifestações
patológicas por estrutura
do ginásio
Oxidação das armaduras
em lajes
Fissuras em lajes
Fissuras em pilares
Outros
Oxidação das armaduras
em vigas
Oxidação das armaduras
em pilares
6%
30%
28%
25%
6%
5%
u
Figura 17
Lei de Sitter aplicada ao Geraldão
1...,63,64,65,66,67,68,69,70,71,72 74,75,76,77,78,79,80,81,82,83,...100
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