Revista Concreto & Construções - edição 78 - page 58

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elevada resistência à compressão e boa
aderência. Como é frequente a presen-
ça de forças laterais elevadas nas pa-
redes de alvenaria protendida, a resis-
tência ao cisalhamento é importante,
levando à necessidade de uma maior
aderência. Para alvenarias protendidas,
uma parcela da aderência é garantida
pela adesão argamassa/bloco, e outra
importante parcela pelo atrito, que é
elevado pela protensão.
Os cabos de protensão que são
utilizados usualmente na alvenaria pro-
tendida são usualmente barras de aço
com rosca em todo seu comprimento.
A utilização de cordoalhas é restrita,
devido à dificuldade de realização de
emendas nesses cabos, a não ser em
casos em que é possível a colocação
do cabo inteiro sem emendas. As bar-
ras devem estar previamente ancora-
das na fundação. Então, é interessante
que seja prevista uma emenda nesses
cabos para não dificultar a execução
da alvenaria. Considerando a proten-
são por barras rosqueadas as emen-
das são feitas com luvas metálicas
com dimensões inferiores aos vazios
dos blocos. A ancoragem das barras
é feita com placas e rosca. Atualmen-
te, é possível encontrar barras de aço
com tensão de escoamento entre 750
e 850 MPa e de ruptura entre 850 e
1050 MPa.
Para paredes altas, há necessidade
de contenção lateral dos cabos, para
não considerar a força de protensão
nos efeitos de flambagem da alvenaria.
Uma das formas de fazer isso é pren-
dendo os cabos em alguns pontos ao
longo do comprimento do elemento
protendido, através de grauteamento
localizado, garantindo o posiciona-
mento e a contenção lateral dos ca-
bos. Para a ancoragem das barras, é
utilizado um conjunto de placa e rosca.
Para ancoragem reta dentro da base
de concreto, o comprimento da barra
de ancoragem deve ser suficiente para
garantir as transmissões de tensão da
barra para o concreto.
As vantagens da alvenaria estrutural
protendida comparadas à alvenaria ar-
mada são semelhantes às observadas
na comparação entre o concreto pro-
tendido e o concreto armado. A alve-
naria protendida traz a possibilidade de
eliminação do grauteamento vertical,
operação que necessita de inspeção
rigorosa e com execução não muito
simples. Podem-se executar paredes
mais esbeltas, comparada à alvenaria
armada. É um sistema de rápida e fácil
execução, compensando o valor mais
elevado dos materiais.
3. PROCEDIMENTO E CRITÉRIOS
DE DIMENSIONAMENTO
Dimensionar um elemento proten-
dido significa definir previamente uma
força a ser aplicada no elemento para
eliminar as tensões de tração.
Os diagramas da Figura 1 caracte-
rizam uma situação de flexo-compres-
são para a qual a NBR 15961-1 (2011)
estabelece as condições que devem
ser atendidas, assim como os limites
de tensões a serem respeitados. O
dimensionamento da força de pro-
tensão deve ser realizado através da
verificação de tração nula em serviço.
A força é calculada considerando os
coeficientes de ponderação das ações
em serviço, com coeficiente de ponde-
ração de esforços igual a 0,9 para efei-
to favorável da força de protensão e
permanente, e 1,0 para esforços com
efeito desfavorável.
Para determinar a resistência da al-
venaria, ela deve ser considerada não
armada. Também deve ser verificada
antes e depois da ocorrência de perdas
de protensão, podendo-se reduzir em
20% o valor do coeficiente de pondera-
ção do material para verificação antes
das perdas.
As tensões normais devem ser ob-
tidas através da superposição das ten-
sões normais lineares devidas à força
normal e ao momento fletor. Para uma
força normal de cálculo (N
d
), um mo-
mento fletor de cálculo (M
d
), uma resis-
tência à compressão da alvenaria (f
d
),
um módulo resistente mínimo da se-
ção (Z) e um coeficiente redutor devido
à esbeltez (R), as tensões normais de
compressão devem satisfazer:
. .
d
d
d
N M f
A R K Z
+
£
[1]
Para verificação da ruptura, o mo-
mento máximo aplicado, M
d
, deve ser
menor que o momento último, M
u
, o
qual é calculado, em função da posi-
ção (x) da linha neutra, da tensão no-
minal (f
pd
) na barra de protensão, da
u
Figura 1
Diagramas de tensões de uma seção protendida
1...,48,49,50,51,52,53,54,55,56,57 59,60,61,62,63,64,65,66,67,68,...120
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