CONCRETO & Construções | Ed. 93 | Jan – Mar • 2019 | 79
Em termos da construção civil, as
entradas e saídas podem ser de dife-
rentes naturezas (Figura 1):
u
Natureza mais física: no caso das
entradas, têm-se a mão de obra,
os materiais e equipamentos, que
geram os resultados físicos carac-
terizados pela própria edificação;
u
Natureza mais financeira: no caso
das entradas, tem-se o dinheiro
necessário para a aquisição dos re-
cursos físicos que se transformam
na edificação e que, por sua vez,
quando comercializada, também
gera recursos financeiros;
u
Natureza mais social: a entrada se-
ria o esforço da sociedade em gerar
os recursos a serem utilizados na
construção, que, por sua vez, retor-
na benefícios à sociedade (como,
por exemplo, habitações, hospitais,
estradas etc.).
Assim, no caso da produtividade de
mão de obra em construção com foco
mais físico, as entradas seriam as horas
trabalhadas e, as saídas, os produtos
de construção.
O indicador utilizado para mensurar
a produtividade da mão de obra é de-
nominado razão unitária de produção
(RUP) e relaciona o esforço humano,
avaliado em Homens x hora (Hh), com
a quantidade de serviço (QS) realizado.
Matematicamente, tem-se:
1
De acordo com Souza (2006),
uma vez que se pretenda padronizar a
avaliação da RUP, há que se padroni-
zar quatro aspectos:
u
A definição de quais operários es-
tão inseridos na avaliação: podem-
-se contemplar apenas os oficiais,
a mão de obra direta (oficiais e aju-
dantes que atuam diretamente no
serviço em análise) ou a mão de
obra global da equipe (quando o
esforço de apoio é acrescido ao da
mão de obra direta);
u
A quantificação das horas de tra-
balho: pode-se avaliar apenas o
tempo produtivo (no qual o operá-
rio está executando o serviço, não
considerando pausas nem desloca-
mentos), ou pode-se avaliar o tem-
po disponível (tempo total em que o
operário está presente no canteiro
e se consideram incluídas pausas e
deslocamentos);
u
A quantificação das saídas resultan-
tes do serviço realizado: pode-se
utilizar a quantidade líquida, bruta,
ou equivalente, por exemplo;
u
O período de tempo ao qual se re-
fere a RUP: o período de medição
pode ser diário, acumulado, cíclico
(por exemplo, ciclo de execução do
pavimento) ou utilizar um período
determinado.
É importante salientar que, caso
essas padronizações não sejam feitas,
pode-se ter erros de comparações de
produtividade, principalmente quando
os resultados forem de fontes distintas.
Souza (2006) afirma, ainda, que a
RUP pode ter variações de valor para
um dado serviço, mesmo fazendo-se
a mensuração padronizada. Tal varia-
ção pode ser explicada pelo Modelo
dos Fatores.
O Modelo dos Fatores estuda as
causas das variações da produtividade
e seu peso relativo em relação aos va-
lores de RUP. Tais variações ocorrem
devido à presença e intensidade de fa-
tores identificáveis.
Tais fatores podem ser classifica-
dos em:
u
Fatores ligados ao conteúdo: rela-
cionados a componentes físicos do
trabalho, especificações exigidas e
detalhes de projeto, entre outros;
u
Fatores ligados ao contexto: relacio-
nados ao ambiente de trabalho e a
como ele é organizado e gerenciado;
u
Anormalidades: fatores que não são
considerados presentes nas condi-
ções normais de trabalho, podendo
ser exemplificados como uma chu-
va torrencial, quebra da grua, etc.
De acordo com Souza (2001), os
fatores podem, ainda, ser quantitati-
vos, avaliados por mensurações (como
a seção dos pilares, por exemplo), ou
qualitativos, quando se faz avaliação da
presença ou não do fator (como o uso
de grua ou não, por exemplo).
Para prever a produtividade, utili-
zando o Modelo dos Fatores, Souza
(2001) afirma ser necessário entender a
variação dos seus valores conhecendo
os fatores e a intensidade da influência
que induzem.
Deste modo, pretende-se, no pre-
sente artigo, avaliar se a região onde
uma dada obra está localizada é um
fator impactante na determinação da
RUP, aplicando a Metodologia do
u
Figura 1
O processo de produção de obras (Souza, 2006)