Revista Concreto & Construções - edição 88 - page 57

CONCRETO & Construções | Ed. 88 | Out – Dez • 2017 | 57
aos sistemas construtivos em ferro, aço
e madeira.
As teorias sobre as estruturas de
concreto armado, no entanto, ainda
lidavam com problemas advindos da
monoliticidade e hiperestaticidade,
não resolvidos na abordagem em-
pírica de Hennebique. Os primei-
ros estudos teóricos relativos ao
concreto armado, elaborados pelo
engenheiro Paul Christophe (1870-
1957), em 1902, não contemplavam
uma solução que resolvesse mate-
maticamente as novas incógnitas
que surgiram nas equações univer-
sais da estática, em função da mo-
noliticidade. Sobre a natureza da
hiperestaticidade dessas estruturas,
e enfatizando a diferença com as
estruturas metálicas, o engenheiro e
professor alemão Willi Gehler (1876-
1953), afirmou em 1913:
Nas estruturas de concreto ar-
mado, [...] as partes individuais re-
sistentes aos carregamentos, os pi-
lares, vigas e lajes, são produzidas
monoliticamente, vindas de um mol-
de [...]. Neste tipo de construção,
isso significa que as juntas entre os
componentes são minimizadas, re-
sultando em uma rígida e estatica-
mente indeterminada conexão entre
tais partes
11
.
Consequentemente, novas pes-
quisas precisariam surgir, de modo
que as formulações teóricas para o
concreto armado se emancipassem
das formulações relativas às estru-
turas metálicas.
Tal como o pórtico treliçado (Fi-
gura 7) e a teoria a ele associada
caracterizaram as construções me-
tálicas durante a fase de estabeleci-
mento (1850-1875) e a fase clássica
(1875-1900) da teoria estrutural, o
pórtico rígido (Figura 8), proveniente
do concreto armado monolítico de
Hennebique, se transformou no tipo
padrão de estrutura portante duran-
te a fase classificada como de acu-
mulação (1900-1925), em que as
teorias estruturais clássicas foram
então adaptadas ao concreto ar-
mado
12
, sendo posteriormente apri-
moradas em um contínuo processo
de pesquisa, que permanece até os
dias atuais.
O problema relativo às formulações
teóricas, proveniente da abstração
da estrutura e de sua desassociação
u
Figura 7
Palácio das Máquinas. Exposição Universal, Paris 1889
Fonte:
(Wikimedia Commons)
11
GEHLER, W
illi
, 1913,
p
. 3
apud
KURRER, K
arl
E
ugen
.
T
he
history
of
the
theory
of
sructures
: F
rom
arch
analysis
to
computational mechanics
. B
erlin
: E
rnst
& S
ohn
,
2008,
p
. 530.
12
KURRER, K
arl
E
ugen
.
T
he
history
of
the
theory
of
structures
: F
rom
arch
analysis
to
computational mechanics
. B
erlin
: E
rnst
& S
ohn
, 2008,
p
. 530-531.
u
Figura 8
Musée de Travaux Publiques, Paris,1939. Auguste Perret
Fonte:
(Creative Commons)
1...,47,48,49,50,51,52,53,54,55,56 58,59,60,61,62,63,64,65,66,67,...116
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