Revista Concreto & Construções - edição 84 - page 70

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necessidades específicas dos agentes
envolvidos na indústria da arquitetura,
engenharia e construção (AEC).
Este artigo explora o uso do BIM
aplicado ao domínio de estruturas de
concreto, apresentando os impactos
que sua abordagem provoca no pro-
cesso de projeto tradicional. Algumas
considerações específicas aos seg-
mentos obras de edificações e infraes-
truturas são expostas, bem como os
benefícios promovidos ao longo de sua
cadeia produtiva.
2. A INFLUÊNCIA DO
PROCESSO BIM NOS
PROJETOS ESTRUTURAIS
No processo de projeto tradicional,
fundamentado na representação gráfica
bidimensional, o fluxo de informação en-
tre os diversos agentes envolvidos é rea-
lizado por meio de documentos planifica-
dos, exigindo, segundo Ferreira e Santos
(2007), um recorrente esforço mental
para recomposição do espaço tridimen-
sional a partir da representação 2D.
Essas informações, advindas das
distintas especialidades envolvidas,
bem como internas da empresa res-
ponsável pelo projeto estrutural, pre-
cisavam ser recriadas diversas vezes
ao longo do processo, em função da
interpretação dos desenhos ou uso de
distintos softwares específicos.
A figura 2 representa um fluxo de
trabalho tipicamente adotado no de-
senvolvimento de projetos estruturais.
A primeira etapa destina-se a concep-
ção e definição dos requisitos do em-
preendimento. Embora recomendável,
em muitos casos ainda não há a defini-
ção da empresa que será responsável
pelo projeto estrutural.
O processo de projeto estrutural
inicia-se efetivamente com o recebi-
mento dos documentos de referência
contendo definições e premissas, que
serão usados como base à proposição
da tipologia estrutural adequada ao
empreendimento.
A terceira etapa destina-se ao cál-
culo, análise e dimensionamento dos
elementos estruturais. Por meio de di-
ferentes níveis de abstração que repre-
sentam a estrutura física real idealizada
(MARTHA, 2010), procede-se a discre-
tização, cálculo e comprovação das hi-
póteses, simplificações e demais consi-
derações previstas no modelo analítico,
possibilitando o dimensionamento da
armadura necessária.
Ao término dessa etapa, as in-
formações geradas pelo engenheiro
calculista, usualmente com apoio de
softwares de análise estrutural, são
repassadas ao responsável pelo deta-
lhamento dos desenhos de modo qua-
se artesanal, não sendo comum o in-
tercâmbio de dados em formato digital
devido as distintas ferramentas usadas
por esses agentes.
Parte considerável do tempo con-
sumido no processo tradicional reser-
va-se documentação do projeto, onde
o espaço tridimensional, idealizado
pelo projetista estrutural, é novamente
planificado na elaboração de desenhos
de fôrmas e armadura.
Em geral, a interação com as de-
mais especialidades ocorre ao término
u
Figura 2
Processo tradicional de projeto estrutural
Fonte:
Elaborado pelo autor
u
Figura 3
Interação entre agentes da indústria AEC no processo tradicional e
no contexto BIM
Fonte:
Elaborada pelo autor
Fonte:
Pries (2010) apud Goes (2011)
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