Revista Concreto & Construções - edição 84 - page 60

60 | CONCRETO & Construções
u
normalização técnica
Novas normas brasileiras
para controle e aceitação
do concreto autoadensável
1. INTRODUÇÃO
O
concreto
autoadensável
(CAA) é considerado por
muitos autores como uma
das maiores inovações em tecnologia
do concreto dos últimos tempos. É um
concreto que apresenta a capacidade
de fluir livremente por seu peso próprio,
sem a utilização de adensamento me-
cânico, capaz de manter a sua homo-
geneidade durante todas as etapas de
execução, preencher completamente
as fôrmas e passar habilidosamente
por embutidos.
A utilização do CAA, tanto em can-
teiros de obras quanto na indústria de
pré-fabricados, apresenta diversas van-
tagens, tanto durante o processo de
execução quanto após a finalização das
peças. Desenvolvido inicialmente para
viabilizar a execução de concretagens
em locais de difícil acesso, que impossi-
bilitavam o uso de vibrador por imersão,
teve seu uso disseminado para outras
aplicações após constatada a economia
de tempo proporcionada Além disso, o
uso do CAA resulta em peças com me-
lhor acabamento superficial, permitindo
a concretagem de elementos estruturais
de seções reduzidas, com grande liber-
dade de formas e dimensões. Durante o
processo de execução, reduz a mão de
obra no canteiro e os ruídos causados
pelo processo, tornando o local de tra-
balho mais seguro e saudável aos traba-
lhadores e vizinhos [1].
O concreto autoadensável foi pro-
posto por Okamura em 1986 no Japão,
sendo que, o primeiro protótipo cons-
truído com o material foi concluído no
ano de 1988. No Brasil, sua aplicação
é amplamente difundida na indústria,
onde verifica-se um crescimento cons-
tante e hoje seu emprego é estimando
em 66,7% das empresas associadas à
ABCIC [2]. Em canteiro, destaca-se a
utilização do CAA em sistemas de pa-
redes de concreto moldadas no local,
além de diversas aplicações especiais.
O desenvolvimento normativo do
CAAnomundo temacompanhadoo seu
crescente uso. As normas mais antigas
datam de pouco mais de uma década
do seu lançamento, sendo que poucas
delas já passaram por alguma revisão.
Nos Estados Unidos, a
American So-
ciety for Testing and Materials (ASTM)
publicou sua primeira norma técnica
sobre o tema em 2005 e vem evoluin-
do constantemente, com a inclusão de
novos métodos de ensaio. No Japão,
berço do CAA, a
Japanese Standards
Association (JSA)
publicou sua primeira
norma em 2001, passando por diver-
sas revisões e inovações. Apesar de o
mercado europeu dispor de um guia
acessível e explicativo sobre o assun-
to, publicado em 2002 pela
European
Federation of Specialist Construction
Chemicals and Concrete Systems
(EFNARC)
, sua primeira norma foi publi-
cada apenas em 2010.
No Brasil, ABNT NBR 15823, com-
posta de seis partes, foi publicada em
2010 e está passando por sua primeira
revisão, que foi finalizada pela Comissão
de Estudos durante o 58° Congresso
Brasileiro de Concreto e, possivelmente,
entrará em consulta nacional no próximo
ano. A Norma aborda, além dos métodos
de ensaio para comprovação das pro-
priedades do CAA, os requisitos para seu
controle e recebimento no estado fresco,
considerando diferentes aplicações [3].
Na literatura técnica existem diver-
sos métodos que permitem avaliar as
quatro principais características que o
BERNARDO TUTIKIAN – P
rofessor
U
niversidade
do
R
io
dos
S
inos
(U
nisinos
)
RICARDO ALENCAR – G
erente
de
unidade
de
químicos
para
construção
E
rca
B
rasil
AUGUSTO GIL – A
nalista
de
projetos
CRISTYAN RISSARDI –
laboratorista
I
tt
P
erformance
INÊS LARANJEIRA DA SILVA BATTAGIN – S
uperintendente
do
C
omitê
B
rasileiro
de
C
imento
, C
oncreto
e
A
gregados
e
D
iretora
técnica
ABNT/CB-18 | IBRACON
1...,50,51,52,53,54,55,56,57,58,59 61,62,63,64,65,66,67,68,69,70,...100
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