Revista Concreto & Construções - edição 84 - page 54

54 | CONCRETO & Construções
u
normalização técnica
Normas brasileiras sobre BIM
1. INTRODUÇÃO
A
indústria da construção ci-
vil é pouco eficiente, con-
sumindo e desperdiçando
muitos recursos materiais e humanos.
Outro aspecto intrínseco aos pro-
cessos e atividades realizados na
construção civil é a necessidade de
lidar com um volume gigantesco de
dados, e o envolvimento de muitas
pessoas e organizações que pos-
suem motivações diversas, limitações
e capacitações diferentes, de realizar
inúmeros processos e dezenas de
trocas de informações durante a rea-
lização de qualquer empreendimento,
mesmo os mais simples.
O pesquisador alemão Thomas
Bock, líder da área de construções e
robótica da Universidade Técnica de
Munique, publicou no ano passado
um artigo [1] no qual afirma que os
métodos convencionais da constru-
ção civil já teriam alcançado seus limi-
tes de produtividade e que, portanto,
nesse quesito, importantíssimo, a in-
dústria estaria estagnada já há alguns
anos. Como evidência, compara da-
dos de produtividade da mão de obra
de outras indústrias, com a constru-
ção civil. Os dados foram coletados
no Japão entre 1990 e 2010. Em 90,
os índices médios de produtividade
da indústria da construção era 3,714
yens/homem-hora (na média, uma
hora de trabalho de um homem, gera-
va 3,714 yens – de valor reconhecido
pela indústria – similar ao conceito de
VGV – Valor Geral de Venda usado no
Brasil); e nessa mesma unidade de
medida, o da indústria de manufatura
era de 3,531 e o da indústria como
um todo era de 3,449. Após 10 anos,
em 2010, a indústria de manufatura
evoluiu para 5,023, enquanto a indús-
tria como um todo alcançou 4,496 e
a construção civil reduziu para 2,817
yens/homem-hora.
Frente a esse diagnóstico a ques-
tão que se coloca mais uma vez é
aquela já enunciada por Barros e
Cardoso (2011) [2]: como fazer para
“[...] produzir mais, com a qualidade
requerida, em menos tempo, com
menores custos, ao longo do ciclo de
vida de um objeto construído, e de
forma sustentável [...]”
na indústria da
construção civil?
Qualquer resposta passa, inexora-
velmente, pela necessidade da inova-
ção e mudanças.
O
Building Information Modeling
(BIM)
ou Modelagem da Informação
da Construção é um conjunto de tec-
nologias, processos e políticas que
permite que várias partes interessa-
das possam, de maneira colaborativa,
projetar, construir e operar uma edifi-
cação ou instalação [3] (BIMDICTIO-
NARY, 2016).
Segundo Bilal Succar [4],
“a adoção
BIM atualmente é a expressão de ino-
vação para a indústria da construção
civil”
, a tal ponto que, em alguns países,
como Reino Unido, Cingapura e Chile,
o BIM foi definido como uma estratégia
nacional. A razão é que seus benefícios
são inúmeros e alcançam toda a cadeia
da Construção. Entretanto, BIM não é
um conceito fácil de ser corretamente
entendido, e esse é um dos principais
entraves que explicam porque tem de-
morado tanto o crescimento da sua
adoção em alguns mercados.
No Brasil, por uma iniciativa do Mi-
nistério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC) em 2009,
foi criada a Comissão de Estudo Es-
pecial de Modelagem de Informação
da Construção, ABNT/CEE-134, que
foi incumbida de desenvolver normas
técnicas sobre BIM. Três atividades
foram definidas como os temas ini-
ciais de trabalho da Comissão:
u
tradução da norma ISO 12006-2;
u
desenvolvimento de um sistema
de classificação para a Constru-
ção e;
u
desenvolvimento de diretrizes para
criação de componentes BIM.
Já no ano seguinte foi publicada a
norma ABNT NBR ISO 12006-2:2010
Construção de edificação — Orga-
nização de informação da constru-
ção - Parte 2: Estrutura para classi-
ficação de informação, que define
diretrizes e uma estruturação para a
concepção de sistemas de classifica-
ção das informações da Construção,
permitindo o desenvolvimento de sis-
temas de classificação compatíveis
internacionalmente.
Para a segunda ação, toman-
do essa Norma como referência, e
WILTON SILVA CATELANI – C
oordenador
C
omissão
de
E
studo
E
special
de
M
odelagem
de
I
nformação
da
C
onstrução
,
da
A
ssociação
B
rasileira
de
N
ormas
T
écnicas
(ABNT/CEE-134)
EDUARDO TOLEDO SANTOS – P
rofessor
E
scola
P
olitécnica
da
U
niversidade
de
S
ão
P
aulo
(EPUSP)
1...,44,45,46,47,48,49,50,51,52,53 55,56,57,58,59,60,61,62,63,64,...100
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