Revista Concreto & Construções - edição 84 - page 51

CONCRETO & Construções | 51
1990. Oito professores visitaram,
durante 40 dias, escolas europeias
e americanas de engenharia, para
conhecer os princípios, o conteúdo,
a carga horária e as perspectivas de
pesquisas nessas escolas de exce-
lência. Em seguida, foi criada uma
comissão de reestruturação dos cur-
sos de graduação da Poli-USP, cujos
trabalhos redundaram, em 1998,
numa nova estrutura curricular, com
redução da carga horária (32h para
28h semanais), para possibilitar aos
alunos fazerem estágios; na forma-
ção pedagógica dos seus professo-
res, com o oferecimento de cursos
de pedagogia para melhoria do de-
sempenho didático dos docentes; e
na estruturação do trabalho de for-
matura como momento para o aluno
acompanhar criticamente um projeto
ou obra de grande porte.
Dez anos depois, tiveram início
na Poli-USP as discussões para uma
transformação radical do ensino de
graduação, com a criação de uma
comissão de graduação, um website
para receber sugestões de mudanças
de alunos e ex-alunos e uma comissão
de notáveis, formada por presiden-
tes e diretores de grandes empresas,
governos e instituições, para indicar
suas necessidades atuais e futuras em
termos de competências almejadas
na contratação de engenheiros civis.
A comissão de graduação elaborou o
plano político-pedagógico, com base
nessas discussões e colaborações,
descrevendo 17 competências míni-
mas comuns para os cursos de enge-
nharia, sendo três básicas, seis profis-
sionais e oito técnicas, entre as quais
foram destacadas:
u
aplicar conhecimentos matemáti-
cos, científicos, tecnológicos e ins-
trumentais à engenharia;
u
projetar e conduzir experimentos e
interpretar resultados;
u
conceber, projetar e analisar siste-
mas, produtos e processos;
u
planejar, supervisionar, elaborar e
coordenar projetos e serviços de
engenharia;
u
identificar, formular e resolver pro-
blemas de engenharia;
u
desenvolver e/ou utilizar novas fer-
ramentas e técnicas;
u
supervisionar a operação e a manu-
tenção de sistemas;
u
avaliar criticamente a operação e a
manutenção de sistemas;
u
comunicar–se eficientemente nas
formas escrita, oral e gráfica;
u
atuar em equipes multidisciplinares;
u
compreender e aplicar a ética e res-
ponsabilidade profissionais;
u
avaliar o impacto das atividades
da engenharia no contexto social e
ambiental;
u
avaliar a viabilidade econômica de
projetos de engenharia;
u
assumir a postura de permanente
busca de atualização profissional.
Segundo o professor José Tadeu Bal-
bo, que participou da comissão de gradu-
ação e que fez o relato da reestruturação
curricular da Poli-USP no Seminário, sua
pedra angular foi dar maior flexibilidade
e mobilidade aos estudantes entre os
cursos de engenharia. A formação em
ciências básicas (matemática, ciências
naturais, ciência dos materiais e ciências
sociais) foi reduzida para cinco semestres
e a formação em ciências de engenharia
(gerenciamento de empreendimentos,
projeto, operação e manutenção), amplia-
da para oito semestres. Ao aluno é dada a
liberdade de escolha em nove disciplinas,
para qualquer uma oferecida pela USP.
A primeira disciplina para a habilitação
é cursada no primeiro semestre, sendo
que a habilitação
é
obtida no oitavo se-
mestre. A carga horária de 28h semanais
é reduzida para 24h no oitavo semestre.
O último ano, com carga horária de 20h
semanais, foi transformado emmódulo de
formatura, no qual existe a possibilidade
do aluno fazer seu trabalho de conclusão
e o estágio supervisionado na modali-
dade de habilitação de sua escolha, ou
iniciar o mestrado, cursando disciplinas
para obter créditos para realizar o exame
de qualificação.
MAIS ENGENHEIROS
BEM FORMADOS
As mudanças e propostas discuti-
das no Seminário para os cursos de en-
genharia no país miraram as posturas
éticas, pessoais e coletivas, bem como
as competências técnicas, comunicati-
vas e de relacionamento, imprescindí-
veis para que os engenheiros forma-
dos sejam habilitados a enfrentarem
os desafios do milênio com relação às
necessidades humanas por infraestru-
tura, habitação, mobilidade urbana, sa-
neamento básico, geração de energia,
sustentabilidade no setor construtivo,
Prof. José Balbo em sua palestra
sobre a reforma curricular na Poli-USP
no Seminário
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