CONCRETO & Construções | 49
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or que a evasão nos cur-
sos de engenharia no Brasil
é tão alta? Por que os alu-
nos parecem desmotivados nas salas
de aula? Qual é o perfil atual do aluno
brasileiro dos cursos de engenharia? A
formação do engenheiro tem atendido
bem as demandas econômicas e so-
ciais? O ensino evoluiu com a mudança
de perfil dos alunos e com o extraor-
dinário desenvolvimento tecnológico
do século XX? A qualidade dos cursos
brasileiros de engenharia é boa? Existe
necessidade de se expandir a forma-
ção de engenheiros no país?
Essas e outras questões perme-
aram as discussões no I Seminário
IBRACON sobre o Ensino de Engenha-
ria Civil, ocorrido no dia 13 de outubro
como evento paralelo do 58º Congres-
so Brasileiro do Concreto, no Minas-
centro, em Belo Horizonte.
Segundo o Censo da Educação
Superior e o portal do Ministério da
Educação (e-MEC), existem atualmente
no país cerca de 4446 cursos de enge-
nharia em todas as modalidades (civil,
produção, mecânica, elétrica, química,
etc.), mais da metade deles em facul-
dades e universidades privadas. São
formados por ano em torno de 60 mil
engenheiros, número que poderia pra-
ticamente dobrar se a evasão nesses
cursos não fosse tão elevada – média
de quase 50%, segundo cálculo do
professor da Universidade Federal de
Juiz de Fora, Vanderli Fava de Oliveira.
Para o vice-presidente da Associa-
ção Brasileira de Educação de Enge-
nharia (Abenge), Marcos José Tozzi, um
dos palestrantes no Seminário, o cená-
rio clama por mudanças na formação
dos professores e alunos. Ele exempli-
ficou que os estudantes de engenharia
são bastante criativos, mas demasia-
damente arrogantes. Já os docentes
raramente possuem uma formação
pedagógica adequada, carecendo de
teorias sobre o processo de aprendiza-
gem professor-aluno, de métodos mais
eficazes de avaliação dos alunos e de
uma postura de humildade em sala
de aula. Para Tozzi, o ensino de enge-
nharia no país também precisa mudar
para uma abordagem do aprendizado
Seminário debate o que
deve mudar nos cursos, nos
professores e nos alunos
para formar mais e melhores
engenheiros civis
Prof. Marcos Tozzi em momento de sua palestra sobre ameaças e oportunidades no
ensino de engenharia no Seminário