CONCRETO & Construções | 35
aumento de sua taxa de incorporação.
O uso de microscopia tem revelado a
formação de aglomerados de fibras nas
diferentes escalas consideradas. Outro
problema é o alto custo das fibras de
vidro, carbono, metálicas e poliméricas,
que, para o pesquisador, pode ser con-
tornado com o uso de fibras naturais,
como as fibras de bambu, coco, ma-
deira, bagaço de cana e sisal, que tem
apresentando boas propriedades me-
cânicas nos testes realizados.
Recentemente as fibras têm sido
usadas no desenvolvimento de com-
pósitos cimentícios com altíssima re-
sistência à tensão (‘strain hardening
cementitius composites’, na denomi-
nação em inglês). Por suas excelentes
propriedades de flexibilidade, ductilida-
de, de controle da largura das fissuras e
de maior proteção das armaduras, es-
ses compósitos têm sido usados prin-
cipalmente como materiais de reparos,
em fissuras de barragens ou em juntas
de pontes, por exemplo.
Houben apresentou outros mate-
riais construtivos com enorme poten-
cial de aplicação no futuro por suas
propriedades e desempenho quanto à
durabilidade e sustentabilidade, enqua-
drados como compósitos cimentícios
engenheirados (ECC):
u
Concreto geopolímero: concre-
to que não usa cimento portland,
substituindo-o por aglomerantes
ricos em sílica e alumina, como cin-
zas volantes e metacaulim – este
tipo de material foi usado no Aero-
porto de Brisbane e na construção
do prédio do Instituto Global de
Mudança, na Austrália;
u
Microconcreto autolimpante: usan-
do em sua formulação partículas
de dióxido de titânio, que, além de
acelerar as reações de hidratação
do cimento, melhorar a resistên-
cia à compressão e a resistência à
abrasão, contribuem, por meio de
reações químicas com o gás carbô-
nico da atmosfera, na presença de
luz solar, para sua redução, ao mes-
mo tempo que, como produtos da
reação, fazem a limpeza da sujeira
e dos contaminantes depositados
sobre o concreto – o exemplo mais
famoso é a Igreja “Dives in Miseri-
cordia”, em Roma;
u
Concreto de pós-reativos: evolução
do concreto de alto desempenho,
este concreto possui uma dosagem
(agregados com dimensão máxima
de 3 mm, densidade de empaco-
tamento otimizada, baixa relação
água/materiais cimentícios) que
possibilita uma alta homogeneida-
de do compósito e, consequente-
mente, maior resistência mecânica
e maior durabilidade – foi usado no
Parque Oceanográfico de Valência,
na Espanha, na ponte estaiada so-
bre o Rio Elbe, na República Tche-
ca, e no Estádio Jean Bouin, na
França, entre outros locais;
u
Concreto autocicatrizante: concreto
que, usando variadas metodologias
(como bactérias encapsuladas na
matriz cimentícia que, na presença
de água, se multiplicam e produzem
minerais, que promovem a cicatriza-
ção das fissuras), consegue reparar
as fissuras ocorridas em seu interior
(fissuras menores do que 0,2 mm)
e, com isso, previne o ingressos de
agentes agressivos e água, e im-
pede o vazamento em estruturas
como túneis e tanques de armaze-
namento (testes são realizados para
medir a queda no fluxo de água
através das estruturas de retenção
de concreto).
O pesquisador concluiu sua apre-
sentação expondo os motivos para a
baixa aplicação atual dos compósitos
cimentícios engenheirados: altos cus-
tos, ausência de normas e pouca expe-
riência para seu uso, altos riscos envol-
vidos e baixa disponibilidade.
u
Figura 1
Relação Carga x Deflexão