Revista Concreto & Construções - edição 78 - page 72

72 | CONCRETO & Construções
Reabilitação de ponte
com protensão externa
ROGÉRIO CALAZANS VERLY – E
ngenheiro
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EDIMARQUES PEREIRA MAGALHÃES
FERNANDO FERNANDES FONTES
GALILEU SILVA SANTOS
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acional
de
I
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de
T
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(DNIT)
1. INTRODUÇÃO
A
s pontes são elementos fun-
damentais da infraestrutura de
transportes de um país, não só
da infraestrutura rodoviária, mas também da
ferroviária. A interdição desses elementos
ou a imposição de restrições de carga ge-
ram transtornos aos usuários da via. Esses
inconvenientes não se limitam a atrasos em
compromissos pessoais e a desvios neces-
sários em caso de interdição ou limitações ao
tráfego, vão muito além. Toneladas de carga
dos mais diversos gêneros são transporta-
das diariamente pelas rodovias e ferrovias, e
dependendo do tipo de carga, o atraso pode
implicar inclusive na sua perda total. Segun-
do Barone e Frangopol (2014), os custos
associados a falhas da estrutura podem ser
diretos ou indiretos. Os diretos são associa-
dos ao custo de recuperação do elemento
ou da estrutura como um todo ou mesmo
de sua substituição. Os custos indiretos são
mais difíceis de serem mensurados, uma vez
que não se limitam a aspectos econômicos,
devendo ser levados em consideração segu-
rança dos usuários e danos ambientais.
Almeida (2003) explica que ao longo de
sua vida útil, as estruturas envelhecem, per-
dendo gradativamente suas capacidades
intrínsecas de responder às solicitações.
Uma obra de arte especial (OAE) deve su-
portar as ações permanentes e as cargas
móveis, de veículos e pedestres, as quais
vêm aumentando com o passar dos anos.
Adicionalmente, fatores ambientais e manu-
tenção deficiente fazem com que os mate-
riais da estrutura sofram deterioração e con-
sequente redução da capacidade global da
estrutura em responder adequadamente às
ações sobre ela.
Algumas técnicas de reforço são corri-
queiramente usadas para sanar deficiências
de estruturas, fazendo com que as mesmas
tenham sua capacidade de suporte aumen-
tada ou retomada ao estado original. Souza
e Ripper (1998) elencam algumas técnicas
de reforço que podem ser usadas para cor-
rigir falhas de projeto e execução, aumentar
ou até regenerar a capacidade portante da
estrutura, diminuída por acidentes, desgas-
te ou deterioração. Dentre essas técnicas,
podem-se citar a complementação das ar-
maduras, adição de chapas e perfis metáli-
cos ou a utilização de materiais compósitos,
como as mantas de polímero reforçadas
com fibras de carbono.
Pelas técnicas apresentadas, no entan-
to, os novos elementos resistentes serão
solicitados apenas com a imposição de
deformações adicionais na estrutura. Para
isso, são necessárias operações de nive-
lamento antes da execução dos trabalhos
de reforço, por macaqueamento ou outros
meios, que nem sempre são viáveis técni-
ca ou economicamente. Segundo Cánovas
(1988), a vantagem da protensão externa
reside nesse ponto, uma vez que não há a
necessidade de deformações adicionais do
conjunto para que sejam geradas as forças
que irão assegurar o equilíbrio e a resistên-
cia da estrutura.
O objetivo deste trabalho é apresentar
os serviços emergenciais de recuperação e
reforço da Ponte sobre o Rio Uberabinha,
localizada no km 629,8 da BR-365/MG, que
teve sua estrutura comprometida após a
ruína dos cabos de protensão de uma das
vigas-caixão que compõe a superestrutura
da obra.
2. PROTENSÃO EXTERNA
2.1 Histórico
A ideia de introduzir esforços prévios no
concreto não é recente. Em histórico apre-
sentado por Leonhardt (1983) são relatadas
tentativas de pré-tensionar o concreto ainda
em 1886. Desde então foram várias tentati-
vas, acompanhadas de registros de paten-
tes, que não foram bem sucedidas essen-
cialmente por causa de fenômenos ainda
não bem entendidos, tais como a fluência
u
inspeção e manutenção
1...,62,63,64,65,66,67,68,69,70,71 73,74,75,76,77,78,79,80,81,82,...120
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