CONCRETO & Construções | 25
Clímax das apresentações e dis-
cussões sobre o concreto foram as
conferências plenárias, nas quais es-
pecialistas estrangeiros trouxeram o
estado da arte das pesquisas e cons-
truções em concreto. Donald Macphee,
professor de química da Universidade
de Aberdeen, na Escócia, e pesquisa-
dor do Nanocem, consórcio europeu
de pesquisadores direcionado para a
pesquisa sobre o cimento, expôs as
pesquisas cien-
tíficas que vêm
sendo
realiza-
das no Nanocem
para uma melhor
compreensão da
cinética de rea-
ção dos materiais
cimentíceos suplementares, como as
escórias de alto forno e as cinzas vo-
lantes. O autor concluiu que a mode-
lagem dos compósitos com base nas
reações de hidratação dos materiais
cimentíceos (materiais suplementares
e cimento) pode fornecer base teórica
e prática para substituição, em maiores
proporções, do clínquer por materiais
energeticamente menos nobres. Com
isso, além das vantagens em termos de
durabilidade das estruturas de concre-
to, ampliada pela ação física de colma-
tação dos poros, evitando a entrada de
agentes agressivos, e pela adequada
combinação química desses materiais,
aprisionando íons que poderiam parti-
cipar de reações deletérias, tem-se um
menor impacto ambiental na constru-
ção em concreto, com a redução das
emissões de CO
2
.
Hugo Corres Peiretti, professor de
estruturas de concreto da Universidade
Politécnica de Madrid (Espanha), vice-
-presidente da
fib
(Federação Internacio-
nal do Concreto) e fundador da empresa
de projetos Fhecor, abordou o tema da
engenharia para um mundo mais sus-
tentável da perspectiva dos projetos.
Segundo ele, a sustentabilidade é um
Autor de trabalho técnico-científico apresenta seu pôster
para congressistas numa das sessões
O
II Seminário sobre Obras Emblemáticas, ocorrido no 58º Congresso
Brasileiro do Concreto, foi um sucesso. Liderada pelo Prof. Paulo
Helene e pelo Dr. Carlos Britez, a primeira versão do evento, em
Natal, teve a participação de cerca de 80 congressistas. Neste ano,
em Belo Horizonte,esse número mais que dobrou, com a participação
aproximada de 200 congressistas e as ilustres presenças do Prof. Augusto
Carlos Vasconcelos, Eng. Bruno Contarini, Eng. José Luiz Varela, Eng.
Antonio Palmeira, Eng. Jefferson Dias de Souza Júnior, além de notáveis
pesquisadores, pós-graduandos, estudantes e professores.
Realizado na tarde do dia 14 de outubro, o II Seminário sobre Obras
Emblemáticas tratou de temas relacionados com desafios em projetos
diferenciados no cenário nacional. A palestra de abertura, apresentada
pelo Dr. Carlos Britez (PhD Engenharia), foi sobre a obra do Museu da
Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ), trazendo abordagens
distintas das engenhosidades empregadas na execução da laje
de subpressão, dos pilares inclinados e dos grandes paredões das
fachadas, em concreto aparente. Logo após, houve uma interessante
palestra do Eng. Roberto Amaral (CTMSP), abordando os desafios
nas concretagens dos prédios do Laboratório de Geração de Energia
Eletronuclear (LABGENE) do submarino atômico da Marinha do Brasil, com
uso exponencial de concreto do tipo autoadensável, inclusive tratando
de um elemento de sacrifício (protótipo em escala real), que será fruto
de pesquisas permanentes sobre o material concreto. Na sequência,
o Eng. Helcio Moraes (PERI do Brasil) explanou sobre os grandes
desafios relacionados aos sistemas especiais de fôrmas e escoramentos
nas concretagens da obra do Museu do Amanhã, inclusive sobre as
particularidades envolvidas nas concepções de projeto.
Após o coffee break houve uma excelente apresentação sobre os
desafios envolvidos na concretagem da cúpula do Teatro Digital. Foi
uma apresentação bem diferenciada, pois envolveu três palestrantes:
o arquiteto Samuel Kruchin (Kruchin Arquitetura) discerniu sobre
a concepção de projeto, inclusive sobre a inspiração da cúpula
relacionada com uma concha marinha; a projetista Neide Góes (NG
Engenharia) abordou as particularidades e desafios para materializar
o sonho do projeto arquitetônico, através de modelos físicos e de
dimensionamento, com auxílio de softwares baseados no método de
elementos finitos; e, finalmente, o Eng. Pedro Bilesky (PhD Engenharia)
tratou dos aspectos de dosagem e lançamento do concreto projetado
e suas especificidades para cumprir com os requisitos estéticos do
projeto, no que tange especialmente à superfície externa irregular e
rugosa da casca.
Para fechar com chave de ouro, a Engª Suely Bueno (JKMF)
apresentou diversos projetos especiais e abordou temas pouco
explorados, como considerações específicas de geometria,
estabilidade, vento, sismo e outras condicionantes para garantia, além
da segurança estrutural, de uma longínqua vida útil de projeto, com
muitos estudos de casos.
O público presente interagiu bastante no final, fazendo perguntas e
debatendo com os palestrantes. Foi um debate sadio, profícuo
e esclarecedor.
Relato de CARLOS BRITEZ
I I S e m i n á r i o s o b r e O b r a s E m b l e m á t i c a s